Muitas vezes, a pele sensível é um dos primeiros sintomas do diabetes. A glicose em excesso rouba água do corpo, deixando-a mais seca e suscetível a coceiras e infecções por fungos e/ou bactérias.
“Até 70% dos diabéticos apresentam alguma anormalidade cutânea, que pode servir também como pista para o controle glicêmico”, afirma a dermatologista Adriane Reichert Faria, doutora em Ciências da Saúde e professora da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
“Algumas manifestações são consideradas marcadores cutâneos da doença; outras, condições inespecíficas que podem acometer mais pacientes diabéticos do que não diabéticos”, explica. Sintomas do diabetes são acantose nigricans (manchas), bullosis diabeticorum (bolhas), granuloma anular generalizado (nódulos) e necrobiose lipoídica (placas).
Pessoas com diabetes são mais suscetíveis a algumas infecções bacterianas e fúngicas, especialmente na microcirculação das extremidades inferiores, segundo a especialista. Isso acontece, em parte, pela capacidade reduzida de regeneração e pela hiperglicemia.
“A glicose elevada no sangue leva a uma transferência de água de dentro da célula para fora dela, levando à desidratação das células dos tecidos. A perda de glicose na urina também favorece a perda de maior quantidade de líquido na urina, o que leva ao desenvolvimento de desidratação intra e extracelular”, explica.
Além disso, “as manifestações neuropáticas [que afetam os nervos] decorrentes do diabetes, como a anidrose ou hipohidrose [ausência e redução do suor], podem levar ao intenso ressecamento da pele, com resultante fissura, o que pode funcionar como porta para doenças”.
Trata-se, portanto, de um círculo vicioso, com consequências severas. “As lesões acometem principalmente os pés e, muitas vezes, são extensas, profundas, com áreas de necrose e infecção, e que não evoluem bem com nenhum tratamento, culminando em amputações”, pontua Roberta Frota Villas-Boas, endocrinologista do Centro do Rim e Diabetes do Hospital 9 de Julho.
Cuidados com a pele de quem tem diabetes
Se antes do diagnóstico de diabetes a pessoa já tinha tendência a infecções de pele e mucosas, pode ter com mais frequência abscessos, candidíase, furúnculos etc. Por isso, orienta a especialista do Hospital 9 de Julho, deve estar sempre com a pele limpa, evitar manipular as lesões – espremer espinhas, por exemplo – e consultar um dermatologista se o quadro se agravar.
“A pele tem que ser mantida hidratada; os banhos muito quentes devem ser evitados e, se o paciente já apresentar uma perda de sensibilidade nos pés [por neuropatia diabética], deve evitar fazer escalda-pés, andar descalço e usar sapatos inadequados ou apertados”, pontua.
Além disso, complementa, “precisa examinar os pés todos os dias, após o banho, e consultar o médico se observar qualquer lesão, pois esta pode se agravar rapidamente”.
E, o mais importante, saber que o diabetes, quando controlado, pode não apresentar qualquer manifestação cutânea. Portanto, o melhor tratamento é controlar a glicemia.
“Diabetes é uma doença sistêmica, ou seja, compromete os vasos de todo nosso corpo. Se não cuidada, leva a lesões em diversos órgãos. A glicose vai se depositando na parede dos vasos, lesando-os e prejudicando a função local. Isto pode ocorrer nos vasos dos rins (causando insuficiência renal), nos olhos (podendo levar até à perda visual), no coração (levando a infarto) e nos membros inferiores (causando as úlceras típicas do pé diabético), entre outras alterações. Quanto pior o controle da glicemia, maior a chance de ocorrerem estas alterações, muitas vezes graves e fatais”, adverte a endocrinologista.
Quais os sintomas do diabetes?
Os principais sintomas do diabetes são fome e sede excessivas e vontade de urinar várias vezes ao dia.
Sintomas do diabetes tipo 1
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Fome frequente
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Sede constante
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Vontade de urinar diversas vezes ao dia
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Perda de peso
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Fraqueza
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Fadiga
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Mudanças de humor
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Náusea e vômito
Sintomas do diabetes tipo 2
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Fome frequente
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Sede constante
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Formigamento nos pés e nas mãos
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Vontade de urinar diversas vezes
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Infecções frequentes na bexiga e nos ris
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Infecções de pele
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Feridas que demoram para cicatrizar
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Visão embaçada
Fonte: Ministério da Saúde