Vou ficar até quando me quiserem aqui. Quando eles não precisarem mais de mim eu saio. | Não sei o que poderia fazer fora daqui. Homem em casa parado só atrapalha a esposa e os filhos.
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Vou aguardar pelo próximo programa de incentivos. | Ainda tenho muitos compromissos e não posso perder o meu salário.
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Se eu sair perco meu seguro e o que vou ganhar não vai dar para assumir outro sozinho. | Ainda tenho muito a oferecer para a empresa. |
Sei de muita gente que saiu e se deu mal. Preciso pensar mais. | Acho que já estou preparado.
Já tenho um negócio engatilhado. |
Minha esposa quer que eu pare. Diz que quer aproveitar mais a vida comigo, que os filhos já cresceram e que está na hora de pensar em nós dois. | Minha saúde já não aguenta mais. Trabalho desde criança e o médico disse que se eu não parar para me cuidar, vou ficar cada vez pior. |
Quero pegar o dinheiro do acordo e sair da cidade. Já tenho um sitiozinho e é para lá que eu vou. | Meu sonho sempre foi morar no interior, perto da minha família e receber meus netos em casa. |
Eu gostaria de ficar, porque gosto muito daqui. A permanecer vou começar a perder dinheiro. | Não me vejo fora. Aqui tenho muitos amigos. Nunca trabalhei em nada diferente. |
Já fiz o que tinha que fazer aqui. Agora quero voltar a estudar, fazer uma segunda carreira. Agora vou escolher o que vai me realizar. | Vou ajudar um dos meus filhos. Já fizemos um plano. Ele está se formando agora e eu vou ser seu sócio no novo negócio. |
Vou tratar de pular fora. Aqui os mais velhos costumam ser muito desprezados. Os mais novos recebem todas as oportunidades e nós ficamos aqui sobrando. | As coisas mudaram muito por aqui. Com a antiga gestão a gente se sentia muito seguro. Agora a confiança acabou. A qualquer momento alguém pode ser cortado, principalmente os mais antigos, os de salário mais alto. |
Não se teria uma radiografia muito diferente disso, se tivéssemos uma amostra de 200 pessoas, de 2.000 ou de 20.000. Em todas as empresas em que trabalhei e ainda trabalho como consultora, desde 1983.
Além disso, aqui não foram mencionados os argumentos daqueles e daquelas que param de trabalhar para cuidar de seus pais e sogros idosos. São, principalmente, elas que param. E saem de seus postos numa situação gravíssima: muitas ainda não conquistaram seus direitos previdenciários e, uma vez fora não conseguirão conquistar meus benefícios de aposentadora.
E porque não? Uma vez fora do trabalho não conseguirão continuar recolhendo para sua aposentadoria futura. A grande maioria passará a viver da aposentadoria de seu velho pai e /ou mãe. Muitas também enfrentarão problemas com irmãos e seu trabalho de Cuidadora Familiar pouco será valorizado. O empobrecimento será gritante.
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Fico me perguntando: porque não se fala em Bolsa Cuidador (a) familiar? Por que o estado não poderá estender esse tipo de benefício para aqueles que se veem obrigados a trabalhar / cuidar, fazendo algo que:
- Assumem por absoluto dever filial, muitas vezes a total contragosto;
- Fazem o que não querem, sem terem sido sequer preparados para o que deverão enfrentar;
São pessoas, especialmente mulheres, que acabam por isolar-se do mundo à medida que o idoso comprometido só tende a piorar e, isso, quando se trata de somente um idoso altamente vulnerável. E quando são dois ou mais e tudo cai nos ombros de uma pessoa só, porque os irmãos não ajudam em nada?
Fico muito perturbada, quando ouço as discussões e propostas travadas nos meios oficiais. São totalmente desatreladas de políticas de atendimento mais consistentes com as necessidades de toda uma população que se avoluma: idosos de idade avançada, saúde deteriorada e seus familiares que deles cuidam e nem de longe são cuidados como bem deveriam! Pois é, aposentadoria não se esgota em cifras. E a questão humana e familiar, continuará sendo tratada como se não importasse?