Um dos bairros de Singapura, no sudeste asiático, tem ganhado contornos mais inclusivos – e diferente de outros tantos ao redor do mundo. Pioneiro, Yishun, localizado na região norte da capital, ganhou o título de “Bairro dos Idosos”, por promover o bem-estar e a inclusão de pessoas com mais de 65 anos de idade – e que representam cerca de 10% da população do local.  

A intenção de organizações públicas e privadas que trabalham em prol dessa causa é tornar o local um ambiente amigável para os seniores, com conforto e facilidades. Para isso, segundo o Ministério da Saúde daquele país, foram adotadas três abordagens principais: criação de centros de atividades, estabelecimento de centros de cuidados e construção de lares para os mais velhos. 

Esse conjunto de obras possibilitaria a participação e o engajamento em atividades e o envolvimento com outras pessoas. Também permitiria a maior oferta de apoio social e cuidados diários, incluindo estabelecimentos para aqueles que apresentarem demência de qualquer tipo e para garantir serviços básicos de enfermagem.

Capa do manual entregue a família e empresas com informações sobre como ajudar a construir uma comunidade amigável a quem tem demência; crédito: Forget Us Not/Divulgação

As inovações vão desde treinamentos especializados até adaptações em equipamentos. O hospital Khoo Teck Puat e a Fundação Lien, por exemplo, oferecem capacitação a milhares de pessoas – entre estudantes, funcionários de hospitais e de outras empresas e membros de instituições religiosas. O objetivo: fazer com que consigam identificar aqueles com demência e que estejam em apuros, e assim ajudá-los da melhor maneira possível. Foram distribuídos ainda guias sobre a doença para 58 mil famílias e empresas 

bairro yishun Trabalhadores passam por treinamento para identificar e oferecer assistência a pessoas com demência; crédito: Forget Us Not/Facebook

Além de desestigmatizar pessoas nessa condição, a iniciativa visa à construção de uma comunidade na qual a hospitalização possa ser evitada. E os pacientes possam ser cuidados dentro de casa, o que permitiria o aumento do bem-estar deles e a redução de custos para o sistema nacional de saúde do país. Por isso, o bairro também ficou conhecido como amigável a pessoas com demência. 

Bairro para idosos Ilustração do Admiralty Medical Centre, que permite aos moradores com doenças crônicas ter acesso ao sistema de saúde em Yishun; crédito: Khoo Teck Puat Hospital/Divulgação

As mudanças passam também pela infraestrutura pública. Para atender quem vai passear pelo bairro, Yishun adaptou os semáforos. Eles são capazes de ler um cartão especial entregue a quem tem mais de 65 anos de idade – e que faz com que o tempo de travessia na faixa de pedestres aumente por até 13 segundos. Há ainda a divisão da pista, para que a pessoa consiga ter uma área de descanso ao atravessar a rua, e a sinalização de que a área é uma Silver Zone (zona prateada), com concentração de pessoas com mais de 60 anos. 

Bairro para idosos Vias públicas têm sinalização para que motoristas identifiquem área com concentração de pessoas com mais de 60 anos de idade; crédito: Land Transport Authority/Governo de Singapura

Para Juliana Faria, da YRU Organizer – empresa de organização pessoal, que disponibiliza cursos de bem-estar para pessoas mais velhas –, o desafio da implementação desse tipo de iniciativa é informar e conscientizar a população em relação às mudanças sofridas pelo organismo no processo de envelhecimento: “Precisamos entender para conseguir depois ajudar”.   

Além do reconhecimento de ser o pioneiro em adaptação à população com mais de 55 anos de idade, Yishun também é um bairro conhecido por suas peculiaridades. Confira abaixo algumas delas.

Mudança de nome 

Nee Soon foi um empresário que ajudou no desenvolvimento do país – e que deu nome ao bairro. Yishun foi adotado após uma campanha para alterar palavras que viessem de dialetos por mandarim, que é uma das línguas oficiais, ao lado do inglês, do malaio e do tamil.  

Vida no campo 

Yishun era um local rico na cultura de vegetais e frutas e na criação de porcos. Mais tarde, destacou-se na pesca de peixes tropicais e no plantio de orquídeas.  

Diferencial colorido 

Para se destacar dos demais bairros, os moradores construíam casas pequenas e jardins enormes. Assim, o local se distinguiria por ser florido e vivo.  

Péssima reputação 

O bairro é famoso no noticiário devido à grande quantidade de crimes e tragédias, entre eles matança de gatos (mais de 50 casos nos anos de 2015 e 2016), homicídios entre casais, perseguições de carros e desmoronamentos. 

Conforto e arte 

Lares para pessoas mais velhas oferecem música, terapias artística e com animais de estimação, além de tênis de mesa, para garantir atividade esportiva.  

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