Desde que o mundo é mundo, grupos, clãs, aldeias, comunidades e cidades brigam entre si pelos motivos mais diversos, desde a posse de terras, razões comerciais, brigas familiares e até mesmo por disputas esportivas ou geográfica, de quem possui as mais belas paisagens ou os melhores times de futebol.
Num país com dimensões continentais como o nosso, não poderia ser diferente. Separamos algumas das disputas mais conhecidas e fomos atrás dos motivos históricos. O resultado você pode ler abaixo.
Divirta-se!
Caxias do Sul e Bento Gonçalves (RS)
Reza a lenda que o primeiro prédio construído em Caxias do Sul teria feito sombra na cidade de Bento Gonçalves. Os moradores de Caxias do Sul juram que é verdade, os de Bento Gonçalves tratam como piada. A verdade é que a rixa entre as duas cidades começou no verão de 1975, durante a Festa Nacional do Vinho, em Bento Gonçalves. Para enfeitar a cidade, os organizadores espalharam bonecos pelas ruas para servirem de sinalização, mostrando o caminho até o pavilhão onde a festa acontecia.
Um grupo de caxienses teria arrancado o boneco do primeiro poste e colocado em frente ao Parque Cinquentenário, de Caxias do Sul, com uma placa no pescoço: “Fuzi de Bento”. A ideia era zombar do sotaque típico e mais carregado dos descendentes de italianos da cidade vizinha, mostrando como eles pronunciariam a frase “fugi de Bento Gonçalves”.
Um grupo de Bento Gonçalves foi até lá e buscou o boneco. No dia seguinte, o boneco apareceu novamente em Caxias do Sul, no mesmo lugar, com uma nova placa no pescoço: "Fuzi de novo".
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Gramado e Canela (RS)
Os fundadores de Gramado e Canela disputavam o poder local antes da fundação dos municípios. Com as emancipações e com o crescimento econômico, a rivalidade aumentou, e muitos carros tinham seus pneus perfurados quando frequentavam bailes nas cidades vizinhas.
Mas a mistura nesses mesmos bailes fez com que muitos canelenses se casassem com gramadenses, o que diminuiu o conflito. Nos anos 1970, a realização de eventos públicos era intercalada para contemplar uma cidade a cada ano. Nos últimos anos, no entanto, o calendário de eventos voltou a coincidir no Natal, na Páscoa e no inverno.
A disputa também é bastante acirrada nos ramos futebolístico e na folia dos blocos de carnaval.
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Uberaba e Uberlândia (MG)
A problemática da rivalidade chegou a atrapalhar uma das grandes lutas e reivindicações da região: a separação do Triângulo de Minas Gerais. Todos queriam se separar de Minas Gerais e constituir-se num Estado independente, mas onde seria a capital? Nas campanhas separatistas, oficialmente essa questão não era muito analisada, para evitar atritos entre as cidades triangulinas, sobretudo, entre Uberaba, que se apoiava em razões históricas, e Uberlândia, que se apoiava em questões futuras.
Entretanto, alguns políticos tentavam solucionar este problema, incluindo uma terceira cidade para ser a capital do Triângulo. Essa era a postura do ex-prefeito de Uberaba, Hugo Rodrigues da Cunha, que dizia que a capital poderia ficar em Barretos, área turística de Araxá.
A proposta do ex-prefeito não agradou de fato nem aos uberlandenses nem ao uberabenses. O sentimento bairrista era mais forte, o que reforçou ainda mais a rivalidade entre os dois municípios.
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Juazeiro e Petrolina (BA / PE)
“Todas duas eu acho uma coisa linda, eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina” (Geraldo Azevedo)
Infelizmente para os juazeirenses e felizmente para os petrolinenses, Petrolina (PE) tem um índice de desenvolvimento um pouquinho maior que o de Juazeiro (BA), mais ainda sim Juazeiro, considerada a 4ª maior cidade da Bahia, só fica atrás por pouco.
Um dos grandes contribuintes para o desenvolvimento econômico de Petrolina é o turismo Juazeirense, que vão para visitar e fazer compras no Shopping Regional de Petrolina. Grande porta de desenvolvimento para a cidade, o turismo no shopping aumenta a renda per capita da cidade, proporcionando uma maior movimentação financeira.
A cidade de Juazeiro também possui um shopping, mas de proporções bem menores e uma qualidade inferior, segundo seus frequentadores, que reclamam até da falta de ar condicionado. Até a galeria da cidade de Juazeiro é maior que o shopping, contando com 3 andares, terraço e varanda com vista para a orla da cidade.
As cidades também competem na infraestrutura de serviços e lazer oferecidas em suas orlas.
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Rio de Janeiro e São Paulo
Bexiga ou bola? Biscoito ou bolacha? Meu ou cara? Praia ou Marginal Tietê? E por aí vai a extensa lista de sinônimos que separam as duas maiores cidades do país.
A arrogância carioca tem origem no fato de ser uma cidade europeia e imperial, Capital do Império Português e, depois, Capital Federal, porto de entrada do continente, cidade brasileira mais conhecida no mundo, berço do samba, dona de uma geografia ímpar e de belíssimas praias. Durante os primeiros 400 anos do Brasil, ninguém olhou para São Paulo, cidade que se desenvolveu sozinha. Enquanto o paulista trabalhava árduo pelo seu progresso, o carioca se deleitava na atenção de ter todos os olhos do Império sobre si, de se sentir ditando a moda, as gírias, os costumes de todo o Brasil.
Daí nasceu a fama do carioca de vagabundo praieiro e do paulista branquelo trabalhador. O Rio tornou-se uma cidade diurna, enquanto São Paulo se especializou na noite. Em cima deste fato, o bon vivant Chiquinho Scarpa declarou: “a mulher paulista é linda à noite e um horror de dia; enquanto que a mulher carioca é linda de dia e um horror à noite”.
Há controvérsias...
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Minas Gerais e Espírito Santo
A discórdia começou no início do século passado, com a disputa pelo Contestado, uma área de cerca de 10 mil quilômetros quadrados localizada na divisa dos dois estados e rica em plantações de café. O imbróglio quase levou a uma luta armada, com epicentro em Mantena, na Região do Vale do Rio Doce, a 450 quilômetros da capital, e em Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo. As tropas de prontidão se estranharam, mas não chegaram às vias de fato. O episódio deixou marcas profundas em moradores e militares, que nunca se esqueceram dos anos de tensão e das confusões administrativas.
Hoje, passados mais de 100 anos, a disputa continua por outros motivos: os capixabas se gabam por terem belas praias, ao contrário dos mineiros. Já os mineiros se gabam por ter uma boa economia e zoam os capixabas por causa disso.
Os capixabas dizem que em Minas só tem caipiras, roças e mulher feia; os mineiros afirmam a mesma coisa sobre os capixabas e os chamam pejorativamente de nordestinos.
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Campo Grande e Cuiabá (MS / MT)
Seja na política, seja na geografia, as duas cidades travam verdadeiras batalhas. Brigam até mesmo para saber quem tem o Pantanal mais bonito. A briga começou quando o sul de Mato Grosso, por vontade política própria, separou-se do norte. Os sul-matogrossenses iniciaram um discurso de que seriam mais desenvolvidos do que a parte norte do Estado, pois fariam divisa com São Paulo.
O tempo passou e essa rivalidade foi crescendo. Em 2009, a disputa foi para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014. Campo Grande, embora mais populosa do que Cuiabá, pecou pela falta de infraestrutura e de recursos financeiros, e Cuiabá foi escolhida como subsede do mundial.
Na época da escolha da sede da UFMT, a luta foi duríssima! Essa guerra entre Cuiabá e Campo Grande atrasou e muito o andamento do projeto de uma Universidade Federal para cá. Constitucionalmente a sede deveria ser em Cuiabá, capital do Estado.
Campo Grande reivindicava a sede por ser, na visão deles, um polo mais desenvolvido, rico e próximo a São Paulo. Os dirigentes federais não queriam se meter na confusão. Finalmente, em 10 de dezembro de 1970, foi criada a UFMT, na cidade de Campo Grande, na Base Militar da Aeronáutica.
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