Plantar é terapêutico e traz uma penca de bons frutos para a mente e para o corpo. Quem atesta isso não são livros de autoajuda, mas pesquisadores da Universidade Texas A&M e da Universidade do Estado do Texas, que avaliaram 298 homens e mulheres acima dos 50 anos de idade. Clique aqui e leia a íntegra.
Para 96% dos que estavam sempre em contato com o jardim, as atividades diárias não são consideradas chatas ou monótonas. E mais: 71% afirmam sentirem-se cheios de energia no dia a dia, 74% acreditam ter alcançado muitos de seus objetivos de vida, e a maioria avalia a saúde como muito boa ou excelente.
Vaso com ervas e temperos; crédito: QSocial
Se, por um lado, os pesquisadores encontram evidências de que a jardinagem é uma ferramenta eficaz para seniores aumentarem a satisfação com a vida, sabe-se que o hobby exige paciência, planejamento, uma visão para o futuro e uma crença no que alguns ainda veem como um milagre: a germinação de sementes.
“Manter um jardim, uma horta ou até mesmo alguns vasinhos de plantas pela casa desperta um sentimento de responsabilidade”, afirma a professora aposentada Maria Lúcia Vieira Mello, 62, que há dois anos cultiva ervas e temperos. “Como é um ser vivo, a planta depende de vários fatores para crescer ou dar frutos.”
A herborista Silvia Jeha Bueno de Azevedo, no viveiro da Sabor da Fazenda; crédito: QSocial
Sim, e não são poucos. “É preciso dedicar atenção à terra, à água e também à luminosidade”, ensina a herborista Silvia Jeha Bueno de Azevedo, da Sabor da Fazenda, que dá cursos de como cultivar ervas e temperos. “Cada planta tem uma particularidade, por isso vale buscar informações para cuidar bem da espécie escolhida.”
“Nos jardins das nossas avós era obrigatória a presença de algumas ervinhas. Tinha boldo para dor de barriga; poejo para gripe; arruda para proteção; e cheiro verde para todos os pratos. Os tempos mudaram, hoje não temos muitos espaços nas nossas casas, mas isso não impede de cultivarmos os nossos temperos”, diz.
Segundo ela, todas as ervas se adaptam bem a um solo, porém existem algumas especificidades. “Solos arenosos são preferidos por alecrim, alfazema, manjerona, orégano, sálvia, segurelha e tomilho; já os ricos em matéria orgânica são indicados para erva-doce, hortelã, manjericão, menta e pimenta”, exemplifica.
Muda de capuchinha plantada por participante do curso na Sabor da Fazenda; crédito: QSocial
Para quem quiser plantar em vasos ou em jardineiras, algumas regras devem ser seguidas. “O recipiente de plantio deve ter pelo menos 20 cm de profundidade, para espécies que crescem até 50 cm de altura. Mesmo as que requerem vasos maiores, como alecrim e louro, podem ficar neles por seis meses antes do transplante.”
O importante, ressalta, é a insolação de pelo menos cinco horas e a proteção contra ventos frios e fortes. “Mesmo em locais onde a iluminação é deficiente, de três a quatro horas, pode-se colocar capuchinha, cebolinha, salsinha e tomilho, por exemplo, apesar de perderem em qualidade, ficando menos aromáticas”, explica.
Para plantar, o substrato mais indicado é uma mistura em partes iguais de terra orgânica, húmus e areia. “O fundo do vaso deve conter furos, de modo a evitar encharcamentos. Eles devem ser cobertos com uma pequena camada de pedra, depois uma de areia e só aí deve-se colocar a terra preparada e a muda”, ensina.
Ervas e temperos colhidos para preparar manteiga aromatizada, no curso da Sabor da Fazenda; crédito: QSocial