Nascido há dois anos a partir da ideia de dois grandes amigos que há duas décadas não se viam, o projeto 5070 trouxe a proposta de criar espaços presenciais para conversação e troca de experiências entre pessoas interessadas em dialogar, contar histórias e ampliar a percepção sobre a fase de vida em que se encontram: dos 50 aos 70 anos.
Depois de trabalhar por mais de 30 anos no mercado de Publicidade e Marketing gerenciando investimentos bilionários de grandes corporações, Mauro Sato, 61, decidiu ocupar sua aposentadoria com um propósito diferente: ajudar pessoas na busca pela prosperidade.
Ele então procurou o amigo e arquiteto José Roberto Bueno, 58, para compartilhar a ideia. Criador do Instituto Harmonia, Bueno possui grande experiência no desenvolvimento de vivências criativas no campo da formação de lideranças, da educação não-formal e da sustentabilidade. “Provoquei ele para um bate-papo, um almoço, para convencê-lo a se atualizar entrando no mundo da web, para tentar levar sua experiência para mais gente”, relembra.
Logo, a ideia foi ganhando forma. “Pensei, por que a gente não ouve as pessoas em vez de ficar arrogantemente achando que sexo ou doença são os grandes problemas e as preocupações dessa nossa faixa etária?”, disse Sato.
Em pouco tempo, os dois publicaram o site www.cincozerosetezero.com.br para divulgar o projeto e promover as rodas de conversa. E para fugir do lugar-comum, buscaram um diferencial: o afeto, que na opinião dos dois, é um dos mais poderosos ingredientes para o envelhecimento saudável. “As pessoas precisam de um espaço para falar, para serem ouvidas. Chega desse negócio de guru, que isso já tem bastante. Nada contra, mas seria uma poluição a mais apenas”, conta Sato.
Roda 5070 em Belo Horizonte. ©Nélio Rodrigues
Mãos à obra
A primeira roda de conversa aconteceu no dia 18 de março de 2017 em Belo Horizonte, capital mineira. No dia seguinte, os sócios viajaram para São Paulo, onde seria realizado o segundo encontro. De lá pra cá, 14 rodas presenciais já foram realizadas em cidades como Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Campinas (SP).
“As pessoas nos procuravam, e eu achava isso muito estranho”
Os sócios comemoram o sucesso do projeto, mesmo sem entender como foi possível, já que nunca desenvolveram nenhuma ação de publicidade. Eles contam que, pouco tempo após o lançamento do portal, mais de duzentas pessoas já haviam se inscrito para participar das rodas. “As pessoas nos procuravam, e eu achava isso muito estranho”, exclama Sato. “Como é que eu, profissional de marketing, que sempre acreditei em impulsionamento, no incentivo, na troca, de repente uma coisa que estava lá perdida na internet ganha tanta visibilidade? Isso vai contra tudo o que eu aprendi. Sinal de que a vida é mesmo surpreendente!”
As rodas acontecem sem nenhum prosseguimento, mas muitas das vezes seus integrantes formam grupos de interesse, parcerias de negócios ou amizades. Para participar das rodas de conversa, as pessoas pagam um valor que gira em torno de 50 a 70 reais, dinheiro usado para cobrir as despesas do evento, como aluguel do espaço, equipamentos usados em alguns casos, lanche, coquetel etc. “Não temos lucro, nem prejuízo; empatamos!”, contabiliza Sato.
Rodas tecnológicas
Há seis meses, aproximadamente, os sócios criaram o primeiro evento virtual. Apelidado de Zoom 5070, devido ao aplicativo de web conference de mesmo nome e utilizado para viabilizar a roda de conversa online, os encontros têm acontecido sempre na primeira segunda-feira do mês, com uma média de 30 participantes.
O próximo passo é a criação de rodas temáticas, conta Bueno. Até hoje, todos os encontros não tiveram um tema específico. A ideia é que experiências com gastronomia, vinho, arte e viagens possam ser compartilhadas entre pessoas com interesse em temas específicos.
“Fizemos, há duas semanas, uma roda que chamamos de ‘Roda 5070 Aiki’, de Aikido. Não foi uma aula de artes marciais, mas sim um encontro para compartilhar conceitos preciosos de uma filosofia marcial que ensina a lidar com os desafios da vida de modo elegante e efetivo”, explica Bueno, que é profundo conhecedor do Aikido e há mais de 30 anos viaja o Brasil e o mundo inspirando pessoas com suas histórias e experiências.
“Fizemos nessa faixa de 50/70 porque é a faixa que estamos, que a gente pode falar alguma coisa que estejamos vivendo de forma legítima e não projetada”
Embora com foco nas questões do público com idade entre 50 e 70 anos, qualquer pessoa de qualquer idade, sexo ou orientação sexual pode participar das rodas de conversa. “Fizemos nessa faixa de 50/70 porque é a faixa que estamos, que a gente pode falar alguma coisa que estejamos vivendo de forma legítima e não projetada”, acrescenta Sato. Ele conta que 95% dos participantes são mulheres e que homens nessa faixa etária são muito desconfiados.
Roda 5070 em Belo Horizonte. ©Nélio Rodrigues
Você pode sugerir uma Roda 5070 em sua cidade
Não existe uma periodicidade para a realização das rodas de conversa, que acontecem sob demanda. Os interessados devem fazer contato pelo site do projeto e propor uma roda em sua cidade. Em média, os sócios têm realizado dois encontros por mês.
No site, os interessados poderão ter acesso a fotos dos eventos realizados e vídeos com depoimentos dos participantes, que respondem a três perguntas: nome, idade e o que te importa hoje? As respostas são pura inspiração, garantem os amigos.
Para mais informações, acesse o site do 5070.
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