Via de regra, quando uma relação chega ao fim, cedo ou tarde, a maioria das pessoas encontra nova companhia e se casa mais uma vez. Mas, na contramão da massa, tem gente que prefere manter a condição de namoro, sem assumir casamento ou mesmo dividir casa e vida diariamente. No Dia dos Namorados, três casais contam por que preferem esse tipo de relação.
Fernanda, 57, e Claudio, 56, juntos há 6 anos: “Melhor não mexer em time que está ganhando
Fernanda Maria Ferreira Carvalho, 57 anos, e Claudio Aguirra Mochnacs, 56, por exemplo, estão juntos há seis anos e meio – ela residindo na zona norte e ele, na zona leste de São Paulo. A história dos dois, porém, tem um pé no passado: estudaram juntos no ginásio (hoje Ensino Fundamental II) e nunca mais se viram, até se esbarrarem em um encontro da turma antiga.
Professora, ela tem três filhos, e foi casada duas vezes – por 16 e 4 anos, respectivamente. Já ele é administrador de empresa sem filhos, foi casado por 16 anos, morou um ano com outra pessoa e viveu um relacionamento à distância por mais três anos.
Crédito: Arquivo Pessoal
Quando a relação engatou, Fernanda e Claudio enxergaram na condição de namorados a melhor opção para a convivência a dois. "Até conversamos sobre morarmos juntos, mas, por uma questão de logística do trabalho dele e pela minha liberdade, até o momento achamos que está bom assim", comenta a mulher.
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Atualmente, Fernanda divide a casa com o filho mais novo, de 28 anos, e dois cães, enquanto Claudio vive sozinho. Os dois se falam diariamente e todas as noites de sexta-feira ele se desloca para a casa da namorada, onde permanece até a manhã de segunda.
"Somos muito diferentes, cada um com suas características e manias. Ele é virginiano, superorganizado e excessivamente tranquilo. Eu sou aquariana, odeio rotina, amo liberdade e não tenho a organização dele. Não creio que juntos, em período integral, dê muito certo. Então, melhor não mexer em time que está ganhando", brinca.
Silvia, 65, e Edy, 69, namorados há 9 anos: treinos, competições e viagens juntos
Há nove anos, Silvia Fichmann se cadastrou em uma rede social por conta do trabalho. Na mesma época, uma prima de Edmundo Gualberto, o Edy, sugeriu que ele aderisse à plataforma para conhecer pessoas. O analista de suporte técnico, hoje com 69 anos, se interessou pela especialista em tecnologia educacional e uso de tecnologias para idosos, atualmente com 65 anos, que aparecia em bonita foto e decidiu enviar mensagem.
Começaram a conversar por chat, depois pelo celular e, como Silvia dava aulas perto da casa dele, marcaram para se conhecerem em um restaurante próximo. Na semana seguinte, um lanche a dois levou ao convite formal para o encontro de verdade, quando oficialmente o namoro começou.
Silvia foi casada durante três décadas e conheceu Edy três anos depois do divórcio. Ele, por sua vez, ficou viúvo dois anos antes, tendo outro relacionamento antes de encontrar a atual namorada. Apesar de ambos terem filhos (ela, quatro; ele, três – todos casados), vivem cada um em seu canto, a cerca de sete quilômetros de distância, em São Paulo.
Crédito: Arquivo Pessoal
Toda semana, encontram-se duas noites para treinarem tênis de mesa – Edy começou a praticar e tornou-se sócio do clube que frequentam por influência de Silvia. Os fins de semana a dois costumam ser na casa dela ou participando de campeonatos ou, ainda, viajando, prática que eles mantêm com certa frequência. "Quando não nos encontramos, conversamos à noite para falar sobre o nosso dia e as novidades", revela Silvia.
Dividir o mesmo teto em tempo integral, por enquanto, não está nos planos. "Morando sozinhos, acabamos adquirindo hábitos e costumes próprios e acabamos nos 'espalhando' pela casa, cada um do seu jeito Tendo casas separadas, esse 'jeito' não interfere no nosso dia a dia. Além disso, quando não estamos juntos, cada um faz as coisas à sua maneira, ou seja, na hora que quer e do jeito que quer, sem nenhuma outra preocupação", avalia a namorada.
Entretanto, eles não descartam viverem juntos em alguma fase da vida, mas acreditam que isso só deva acontecer quando for necessário, ou seja, quando um dos dois não tiver mais condições de ficar sozinho.
Regina, 55, e Sérgio, 58: namoro de 3 anos a 45 km de distância que começou num baile
Todo fim de semana, Regina Oliveira Jaeger, 55 anos, ou o namorado Sérgio Antônio Smaniotto, 58, percorre as quase cinco dezenas de quilômetros que separam os dois. Ela mora em Parobé e ele, em Riozinho, no interior do Rio Grande do Sul, e se revezam na logística para se encontrar, desde que começaram a se relacionar, três anos atrás.
Os dois se conheceram em um baile da terceira idade em Taquara, cidade localizada entre os municípios em que moram. No meio do salão, a conversa começou por amizade, mas logo enveredou para a troca de telefone. Depois de uma semana com várias ligações durante o dia, o novo encontro no mesmo baile acabou não saindo do patamar da amizade, cenário que mudou alguns dias depois.
Crédito: Arquivo Pessoal
"Eu não sabia se tinha um namorado ou amigo. Liguei para ele e o chamei para sair no fim de semana", lembra Regina. Daquele encontro em diante, o namoro engrenou.
Sérgio foi casado por 23 anos e tem uma filha. Regina tem três filhos e ficou viúva há sete anos. Ambos moram sozinhos e, por causa do trabalho que cada um mantém nas respectivas cidades e consome boa parte do tempo – ele é pintor e ela, dona de um ateliê de costuras –, preferem viver longe um do outro. "Estamos sempre juntos nos fins de semana e, no resto do tempo, passamos a maior parte trabalhando", observa Sérgio.
Nos dias úteis, dois telefonemas diários reduzem a saudade. Em fins de ano, costumam passar 15 dias na praia. "Fora essa data, é raro passarmos uma semana juntos", comenta Regina. Para ela, o grande benefício de relacionamentos como o deles é preservar a liberdade individual dentro de casa. "Posso receber minhas amigas sem ter que me preocupar com o marido", exemplifica. Mas nada que não possa ser mudado no futuro...