Envelhecer com saúde é o desejo e o grande desafio da maioria da população. Nesse contexto, a alimentação tem papel fundamental para alcançar esse objetivo. No entanto, um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH) revela que aproximadamente 70 milhões de pessoas sofrem com transtornos alimentares.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtorno alimentar é qualquer alteração do comportamento alimentar que pode ocasionar prejuízos à saúde de um indivíduo. Bulimia, anorexia, compulsão alimentar e desnutrição são alguns dos distúrbios alimentares mais comuns e suas causas podem estar ligadas tanto a fatores emocionais quanto a problemas no metabolismo do corpo.

Transtornos Alimentares e o envelhecimento 

Problemas de visão e audição, movimentos mais lentos e dificuldades na hora de se alimentar são alguns dos sinais comuns do envelhecimento. Contudo, a atenção a esses indícios deve ser redobrada, já que a sensibilidade e a fragilidade são maiores nessa fase da vida. Recusa do alimento, falta de apetite, dificuldades de mastigação ou vontade de comer a todo momento podem representar muito mais que incômodos banais e estar ligados a transtornos alimentares.

Os especialistas na área da saúde indicam diversas razões para o problema em pessoas maduras, entre elas o estresse, a solidão e a depressão. Com o envelhecimento, o ganho de peso, por exemplo, é comum para homens e mulheres após os 50 anos, mas as últimas pesquisas sobre o tema, indicam que esse aumento, em alguns casos, pode ser alarmante. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,9% dos brasileiros têm excesso de peso; destes, 13,2% estão na faixa acima dos 60 anos.


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Dentro desse grupo, 6,8% das pessoas sofrem com limitações para realizar suas atividades diárias. Entre os indivíduos que têm limitações, 84% precisam de ajuda para finalizar suas atividades, e dos que precisam de auxílio, 17,8% recebem cuidados remunerados, enquanto que 78,8% contam com a ajuda da família.

Segundo um estudo distribuído durante um congresso que ocorreu em Sevilha, na Espanha, 70% das mulheres europeias com mais de 65 anos se sentem descontentes com sua aparência física e estariam dispostas a fazer sacrifícios para melhorar.

Transtornos Alimentares mais comuns

Anorexia 

A anorexia é um distúrbio alimentar ocasionado pela preocupação excessiva com o peso corporal. Mesmo quando estão abaixo do seu peso considerado saudável para sua idade e altura, pessoas com anorexia se enxergam obesas. Sendo assim, elas exageram nos exercícios físicos, jejuam e chegam até a vomitar para não engordar, provocando, muitas vezes, problemas físicos graves.

Sintomas:

  • Perda exagerada e rápida de peso. Nos casos mais críticos, o índice de massa corporal pode ficar abaixo de 17;
  • Preocupação exagerada com o valor calórico das refeições;       
  • Exercícios físicos em excesso;
  • Imagem distorcida do próprio corpo;
  • Uso de diuréticos, laxantes e demais medicamentos para reduzir o apetite;
  • Interrupção do ciclo menstrual;
  • Ida ao banheiro logo após as refeições;
  • Desenvolvimento de Síndrome do Pânico, ansiedade e depressão.

Transtornos alimentares. Foto: Voyagerix/shutterstock

Bulimia

A Bulimia é caracterizada pela ingestão compulsiva de grandes quantidades de alimento, na maioria das vezes com alto teor calórico, seguida por um sentimento de arrependimento que levam a pessoa a provocar o próprio vômito para impedir o ganho de peso.

Sintomas:

  • Consumo exagerado de alimentos em um curto período de tempo, sem aumento de peso;
  • Vômitos provocados pela própria pessoa;
  • Uso de diuréticos e laxantes;
  • Dietas rigorosas intermediadas pela falta de controle na ingestão de alimentos;
  • Desenvolvimento de depressão, ansiedade e/ou automutilação.

Transtorno de Compulsão Alimentar

A compulsão alimentar é caracterizada pela perda de controle sobre o consumo de alimentos. Diferentemente da bulimia e da anorexia, os períodos de compulsão alimentar não são seguidos por atitudes compensatórias, como atividade física ou jejum. Geralmente, essas pessoas sofrem de obesidade ou sobrepeso.

 Sintomas: 

  • Ingestão excessiva de alimentos em um curto intervalo de tempo;
  • Comer mesmo quando não estão com fome e continuar comendo apesar de já estarem satisfeitos;
  • Sentimento de culpa por comer demais.

Desnutrição

A desnutrição é marcada pela baixa ingestão de calorias e nutrientes fundamentais para manter um bom funcionamento do organismo. Muitos casos de anorexia podem levar a quadros graves de desnutrição. Porém, grande parte dos casos de desnutrição são causados por fatores socioeconômicos.

Apesar da maioria das pessoas pensarem nas crianças quando o assunto é desnutrição, o problema também pode ser muito frequente em pessoas de mais idade. Embora haja poucos estudos sobre o tema no Brasil, a última Pesquisa de Orçamentos Familiais, publicada pelo IBGE em 2010, apontou que 9% das pessoas acima de 60 anos têm déficit de peso.

Sintomas:

  • Falta de energia e cansaço;
  • Emagrecimento acelerado;
  • Diarreia;
  • Fraqueza e desmaios;
  • Falta de concentração;
  • Depressão e irritabilidade.

Tratamento

O objetivo do tratamento dos transtornos alimentares é restaurar o comportamento alimentar ideal e reconstituir o peso considerado saudável para a idade e altura do indivíduo. Além disso, o tratamento requer uma equipe de profissionais como médicos, psicólogos e nutricionistas.

O Programa de Transtornos Alimentares (AMBULIM) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo realiza atendimento, via Sistema Único de Saúde, para pessoas com bulimia, anorexia e compulsão alimentar. Ao longo do tratamento, os familiares e amigos recebem orientações sobre as causas, consequências e maneiras de lidar com os pacientes.

 A solicitação de tratamento pelo AMBULIM está subordinada à existência de vagas. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (11) 2661-6976, enviar um e-mail para ambulim.ipq@hc.fm.usp.br ou acessar o site http://www.ambulim.org.br.

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