Hoje, no Brasil, mais de 12 milhões de pessoas vivem com diabetes. A condição se desenvolve quando o corpo deixa de produzir ou sintetiza insulina (hormônio que regula o açúcar no sangue) de forma insuficiente. Para elas, assegurar que os níveis de glicose no sangue estejam sempre adequados é desafiador: a hipoglicemia é particularmente assustadora, já que pode levar à perda de consciência, convulsões e, em casos mais graves, óbito. 

Entre os pacientes diagnosticados com diabetes, a maioria não consegue domar devidamente os níveis de glicose porque não gosta das agulhadas nos dedos – aí, usa o glicosímetro menos do que deveria. A boa notícia é que existem tecnologias que medem a glicose de forma indolor e ainda trazem resultados mais completos sobre o sobe-e-desce do açúcar ao longo do dia. Aliás, este é o principal diferencial desses aparelhos, que mostram como andava a glicose, como está no momento e uma estimativa de como se comportará nas horas seguintes. 

“A maioria dos pacientes que usa glicosímetro já está habituada às picadas da insulina, mas as picadas para aferição pelo glicosímetro, apesar de os novos aparelhos necessitarem de menor quantidade de sangue, ainda são desconfortáveis e sua não utilização, principalmente nos que necessitam uso de insulina, correlaciona-se com pior controle metabólico”, afirma Aléxei Volaco, professor de endocrinologia da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e especialista em diabetes. 

“Esses sensores têm uma pequena diferença em relação aos valores colhidos nas picadas na ponta do dedo, mas não chegam a atrapalhar o monitoramento”, observa Roberta Frota Villas-Boas, endocrinologista do Centro do Rim e Diabetes do Hospital 9 de Julho, de São Paulo, ressaltando que “o sistema fornece a tendência da glicemia naquele momento – se está em queda, elevação ou estabilidade –, o que é bastante interessante para o controle”. Para ela, o “inconveniente é o custo, ainda bastante elevado e, portanto, inacessível à maioria das pessoas com diabetes”. 

A tecnologia desse tipo de glicosímetro permite entender melhor o comportamento dos níveis de glicose ao longo do dia. “Das mais óbvias, como alimentações e atividades físicas, mas também [sob o impacto de] estresse, tempo no trânsito, insônia, alguns medicamentos”, pontua o endocrinologista da PUCPR. “O sensor fornece ótimas informações para a prevenção de hipoglicemias e detecção de hipoglicemias assintomáticas ou durante a noite.” 

Glicosímetro: FreeStyle Libre 

glicosímetro

O FreeStyle Libre é composto de um sensor e um leitor. O sensor é redondo, tem o tamanho de uma moeda de R$ 1 e é aplicado de forma indolor na parte traseira superior do braço por até 14 dias. Este capta os níveis de glicose no sangue e mensura, a cada minuto, a glicose presente na corrente sanguínea. Para fazer o monitoramento, o paciente precisa apenas passar o leitor sob a superfície do sensor, sem necessidade de tirar a roupa, e a medida da glicose aparece na tela do aparelho. Custa R$ 360. glicosímetro

Recentemente, a fabricante, Abbott, lançou o LibreLinkUp, aplicativo que permite que o usuário compartilhe seus dados de glicose com familiares, médicos ou cuidadores, para ajudar no gerenciamento remoto de sua condição. 

Glicosímetro: MiniMed 640G 

glicosímetroJá a Medtronic oferece uma monitorização contínua, feita com o sensor Enlite, acoplada e comandando uma bomba de insulina. Com base nos valores de glicose enviados pelo sensor, o sistema MiniMed 640G consegue prever, com 30 minutos de antecedência, quando o nível de glicose do paciente estará próximo do limite mínimo e interromper automaticamente a administração de insulina, reiniciando quando a taxa volta a atingir um nível seguro, segundo a fabricante. Já a Medtronic oferece uma monitorização contínua, feita com o sensor Enlite, acoplada e comandando uma bomba de insulina. Com base nos valores de glicose enviados pelo sensor, o sistema MiniMed 640G consegue prever, com 30 minutos de antecedência, quando o nível de glicose do paciente estará próximo do limite mínimo e interromper automaticamente a administração de insulina, reiniciando quando a taxa volta a atingir um nível seguro, segundo a fabricante. 

Personalizável, o dispositivo possibilita ao paciente configurar múltiplos limites ao longo do dia, de acordo com suas necessidades individuais, em um menu simples. Possui alertas e alarmes customizáveis, além de proteção à prova d’água. Custa R$ 50 mil (bomba e o primeiro ano de tratamento: insulina, cateter e consumíveis). 

Muito além do glicosímetro 

glicosímetroO professor de endocrinologia da PUCPR ressalta que diabetes é uma condição complexa que, apesar dos inúmeros avanços tecnológicos em medicamentos e recursos de monitoramento, continua dependendo bastante das mudanças de estilo de vida. “Alimentação equilibrada e atividades físicas regulares são fundamentais para o seu bom controle e isto, infelizmente, não se vende na farmácia, exige entendimento e proatividade dos pacientes.” 

O uso do glicosímetro propriamente dito, afirma, não é uma intervenção terapêutica, mas uma ferramenta para monitorização e associada a processos de educação em diabetes que envolvem conhecimento, habilidade e atitudes da pessoa para promover melhor controle dessa condição de saúde. 

“O uso do glicosímetro tem maior evidência de benefícios em pacientes que já fazem uso de insulina, pois podem ter uma implicação mais direta em decisão de alimentação e na dose de insulina a ser aplicada. O seu uso em pessoas que não usam insulina também pode ter benefícios, mas com menor peso.”  

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