Acredite: boa parte dos casos de demências pode ser evitado. E, para isso, não é necessária nenhuma mágica, mas a adoção de hábitos simples, que podem ajudar na prevenção do Alzheimer, inclusive.
Tem mais: “As ações de prevenção são muito semelhantes para muitas doenças”, segundo o presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), Carlos André Uehara. Ou seja, incorporar essas pequenas mudanças no dia a dia pode colaborar para reduzir a incidência de outros problemas de saúde também.
A seguir, os médicos Carlos André Uehara, da SBGG, e Kaue de Cezaro dos Santos, do Consulta Aqui, assim como a neuropsicóloga Gislaine Gil, do Trasmontano Saúde, esclarecem quais são os hábitos que vão te ajudar na prevenção do Alzheimer.
Hábitos para prevenir Alzheimer
Veja o que ajuda na prevenção do Alzheimer
1. Faça exercícios físicos
Quer reduzir as chances de apresentar declínio cognitivo e, de quebra, melhorar quadros de hipertensão, estresse e obesidade? Faça exercícios físicos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a prática de atividade também para quem já apresenta algum comprometimento cognitivo leve.
2. Alimente-se de forma saudável
Investir em refeições com frutas, verduras e legumes, além de gorduras boas, peixes e carnes magras, e reduzir o consumo de sal, açúcar e processados são formas de minimizar os riscos de ter Alzheimer. Atualmente, muitos especialistas têm defendido as dietas mediterrânea e dash.
O controle do peso e a ingestão de alimentos saudáveis ajudam a afastar a sombra da obesidade. Ela está ligada à síndrome pré-diabetes e metabólica. Anomalias na insulina levam a um quadro de aumento da inflamação e de altas concentrações de glicose no sangue, mecanismos que prejudicam a cognição.
3. Treine seu cérebro
“O treino cognitivo realizado com especialistas reduz o risco de Alzheimer ao longo do tempo”, afirma Gislaine Gil, neuropsicóloga do Transmontano Saúde. Ela explica que a memória que normalmente se altera no Alzheimer é a declarativa episódica. Ou seja, aquela em que é preciso “parar e pensar para ter uma informação, pois não é automática”.
Segundo a especialista, para obter resultados específicos, jogos ou palavras-cruzadas nem sempre são suficientes. “Um neuropsicólogo vai fazer com que a pessoa lembre nomes e conteúdo de um texto. É um treino específico.”
4. Fortaleça vínculos sociais
“Esse é um fator de prevenção e de melhora do desempenho cognitivo, independentemente da idade”, diz a neuropsicóloga, reforçando que os contatos sociais estimulam diversas regiões do cérebro. Para fortalecê-los, marque uma visita ao museu ou ao parque, telefone, combine um almoço ou mesmo envie mensagens. As interações não devem se limitar ao mundo virtual.
Crédito: Monkey Business Images/Shutterstock
Para Gislaine, vale também reconhecer o lado bom das demais pessoas e fazer mais elogios. “Hoje nossa comunicação tem sido pouco assertiva e as pessoas estão sempre olhando aquilo que não é bom. Isso é algo que acaba afastando as pessoas de nós.”
5. Trate a hipertensão
Pesquisadores nos EUA descobriram que pessoas com pressão arterial acima da média mostravam mais tecido cerebral morto causado por derrames. O estudo, feito com 1.288 pessoas, foi publicado na “Neurology”.
A recomendação de especialistas é tentar manter a pressão sob controle, com visitas a cardiologista e sem recorrer à automedicação. Controlar o peso e o estresse também contam pontos para combater a hipertensão.
6. Cuide da audição para prevenção do Alzheimer
Um estudo que envolveu cientistas de sete países, publicado na revista científica “Lancet”, destacou que evidências sugerem que problemas auditivos podem aumentar o risco de demência na velhice. Ou seja, o recomendado é fazer acompanhamento periódico – e procurar um especialista quando detectar sinais de perda de audição.
7. Controle o diabetes
Além de regular a quantidade de açúcar no sangue, a insulina protege os neurônios. O diabetes provoca resistência a esse hormônio, causando uma resposta inflamatória. Como consequência, os vasos perdem flexibilidade e ficam mais maleáveis, prejudicando a cognição.
Segundo especialistas, o ideal é manter a doença sob controle. Para isso, é preciso considerar consultas regulares ao médico e manter uma alimentação balanceada.
8. Cultive a espiritualidade
“Se a gente for para a linha de que provavelmente os quadros demenciais têm um componente vascular, a gente tem que pensar em prevenir derrames, pequenas isquemias no cérebro, doenças isquêmicas do coração”, diz o presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), Carlos André Uehara.
Nesse sentido, desenvolver a espiritualidade pode ajudar. Entre esses comportamentos estão a resiliência e a adoção de uma vida mais simples, sem tanto estresse.
“A meditação vem combinada à espiritualidade. Aqui no Ocidente está na moda o mindfulness. Isso faz com que a gente viaje pelo autoconhecimento. Tem que esvaziar a mente, atingir um ponto de calmaria.”
9. Pare de fumar
Esse é mais um consenso entre médicos de diversas especialidades: o tabagismo aumenta o risco de desenvolver diversas doenças, incluindo demências. O cigarro tem neurotoxinas e o hábito impacta negativamente a saúde cardiovascular. Como consequência, menos oxigênio vai para o cérebro.
10. Estude bastante para prevenção do Alzheimer
Desenvolver-se intelectualmente é uma forma “de ‘mascarar’ a progressão da doença”, segundo o neurologista Kaue de Cezaro dos Santos, do centro médico Consulta Aqui. Ele explica que, quando há vasto conhecimento, mesmo que se esqueça uma palavra, por exemplo, o cérebro usa um sinônimo, tornando o Alzheimer menos perceptível.
Santos exemplifica com o caso de uma pessoa que queira dizer “acenda o forno”. Se ela esquecer a palavra forno, “o cérebro rapidamente procura uma palavra sinônima e [ela] diz: ‘acenda o fogão’”.
Quando a bagagem cultural é pequena, essas alterações de memória são mais explícitas. “Uma vez esquecida a palavra, não temos como substituí-la, criando um espaço em branco e tornando a demência mais evidente.”
O neurologista recomenda a leitura de temas variados, o estudo de idiomas e o aprendizado de várias formas de fazer uma mesma ação. Essas, segundo ele, são ações mitigadoras para demências.
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