A possibilidade de trabalho remoto ou home office que se intensificou alguns anos atrás com a pandemia da Covid-19 trouxe uma série de benefícios, mas também alguns desafios quando o assunto é a saúde do coração.
Por um lado, reduziu especialmente o tempo e o estresse associado ao deslocamento de casa para o trabalho e possibilitou maior flexibilidade no dia a dia. Por outro, fez crescer a probabilidade do sedentarismo, fator com diversos impactos negativos no sistema cardiovascular. Mas, afinal, qual pesa mais e como encontrar o equilíbrio?
Benefícios do home office para o coração
A ausência da necessidade do deslocamento diário gera impactos positivos relevantes, em particular ao diminuir a exposição a fatores estressantes. O trânsito, por exemplo, não apenas consome tempo, mas também é uma fonte constante de estresse. Para muitos significa passar horas por dia no congestionamento dentro do carro ou do transporte público - e nesse caso boa parte do tempo em pé.
Ambas as situações podem levar, além do desgaste físico, ao aumento da liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que elevam a frequência cardíaca e a pressão arterial. O contato regular com esses estímulos favorece o desenvolvimento de hipertensão arterial crônica e aumento do risco de eventos cardiovasculares, como infartos e AVCs (acidente vascular cerebral).
Outro ponto: o deslocamento diário geralmente expõe as pessoas a altos níveis de poluição do ar, em particular em grandes centros urbanos. E diversos poluentes estão associados ao aumento da inflamação sistêmica, disfunção endotelial (lesão das células que revestem os vasos sanguíneos) e aumento da coagulação sanguínea – fatores que contribuem para aterosclerose precoce e outros problemas que envolvem o coração.
Aqui vale destacar ainda outras vantagens do trabalho remoto, entre elas a possibilidade de um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional e mais tempo para hábitos saudáveis, como a inclusão da prática regular de exercícios, uma alimentação saudável e até o sono de qualidade, atitudes que ajudam a proteger o órgão.
Crédito: simona pilolla 2/Shutterstock
O lado negativo: sedentarismo e riscos cardíacos
Um dos desafios do trabalho remoto é o aumento do risco de sedentarismo. A diminuição da atividade física diária, principalmente aquela imposta por deslocamentos, escadas, idas ao trabalho ou pausas ativas, pode ter impactos profundos na saúde cardiovascular.
Estudos recentes indicam que permanecer sentado por mais de 8 horas por dia — algo comum em home office — está associado, por exemplo, a um risco maior de infarto e AVC. Isso ocorre porque o comportamento sedentário prolongado tem efeitos diretos no metabolismo e no sistema vascular, independentemente da prática de atividade física ocasional em outros momentos do dia.
A falta de movimento afeta o corpo através de vários mecanismos e é capaz de provocar mudanças no funcionamento de todos os sistemas do organismo. Quando você não se move o suficiente, o sangue flui mais lentamente, o que pode resultar em problemas relacionados à circulação, como o surgimento de coágulos, varizes e tromboses.
Um estilo de vida sedentário eleva ainda, entre outros fatores, as chances de diabetes, obesidade, hipertensão, distúrbios hormonais e lipídicos (níveis altos de colesterol e triglicérides, por exemplo), além de provocar a redução das defesas do corpo e maior suscetibilidade a inflamações.
O isolamento social e a permanência prolongada em casa, comportamento estimulado pelo trabalho remoto, também podem atingir indiretamente a saúde do coração. Isso porque a diminuição das interações presenciais contribui para o surgimento ou agravamento de quadros de ansiedade, depressão e solidão, que, por sua vez, têm sido cada vez mais reconhecidos como fatores de risco para questões cardíacas.
Estudos demonstram que pessoas com sintomas depressivos ou socialmente isoladas apresentam maior tendência à inflamação crônica, à disfunção do sistema nervoso autônomo e ao aumento da atividade simpática, o que resulta em batimentos cardíacos acelerados, pressão alta e maior risco de arritmias. Além disso, estados emocionais negativos podem desencadear comportamentos prejudiciais como alimentação desregulada, abuso de substâncias e pior adesão a tratamentos médicos.
Como minimizar os riscos e potencializar os benefícios?
Para minimizar os riscos cardiovasculares associados ao home office e, ao mesmo tempo, potencializar seus benefícios, é essencial adotar estratégias práticas no dia a dia. Uma das mais eficazes é a inserção de movimentações ao longo do expediente, como pequenas pausas a cada 30 ou 60 minutos para se alongar, caminhar pela casa ou realizar movimentos leves.
Outro pilar importante está na organização da rotina e nos hábitos de vida, como manter a prática regular de exercícios e uma alimentação equilibrada, evitando o consumo frequente de ultraprocessados e priorizando alimentos naturais ricos em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis.
Também é essencial estabelecer horários bem definidos para o trabalho, o descanso e o lazer, respeitando pausas, evitando jornadas excessivas e garantindo um sono de qualidade — aspectos fundamentais não só para o bem-estar mental, mas para o bom funcionamento do coração. Assim, com ajustes simples e consistentes, é possível transformar o trabalho remoto em um aliado da saúde cardiovascular.
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