Você já ouviu ou leu diversas vezes que, para garantir um envelhecimento confortável, é preciso poupar e apostar em educação financeira. Mas se arrisca a responder algumas perguntas para avaliar seus conhecimentos? São apenas três, elaboradas por Annamaria Lusardi, da George Washington University School of Business, e Olivia S. Mitchell, da Wharton School da University of Pennsylvania, que têm sido utilizadas em mais de 20 países para medir conceitos financeiros básicos, mas fundamentais. Confira abaixo. 

Caso você tenha conseguido responder tudo corretamente – nem que tenha recorrido à calculadora para se certificar dos números –, parabéns. Boa parte das pessoas, não só no Brasil como no mundo, não responde corretamente a essas mesmas questões, mostra o estudo “O Novo Pacto Social: um modelo de aposentadoria no século 21”, realizada pelo Aegon Center for Longevity and Retirement, em colaboração com o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e o Transamerica Center for Retirement Studies. 

Foram entrevistados 14.400 trabalhadores e 1.600 aposentados em 15 países – Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Hungria, Índia, Japão, Holanda, Polônia, Espanha, Turquia, Reino Unido e EUA. Na pesquisa, que foi realizada online em janeiro e fevereiro deste ano e está disponível neste link, 30% das pessoas acertaram as três perguntas; 11% não responderam nenhuma corretamente.  

O país em que mais entrevistados tiveram as três respostas certas é a Alemanha (43%), seguida pelo Canadá (37%), pela França e pela Índia (ambas com 33%). Os que tiveram o menor índice foram Turquia (17%), Holanda (24%), Turquia e Polônia (ambas com 25%). No Brasil, 30% das pessoas acertaram todas as questões. 

“É preciso aumentar o preparo para o futuro, e isso passa por educação financeira” 

“O que se nota é uma semelhança entre todos os países, uma semelhança que não é positiva. É preciso aumentar o preparo para o futuro, e isso passa por educação financeira”, avalia Leandro Palmeira, diretor de pesquisa do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

As mudanças que estão acontecendo na longevidade, como o aumento da expectativa de sobrevida, “ainda não estão materializadas para que as pessoas mudem de comportamento”, segundo ele. Por isso, na avaliação do executivo, é tão importante levantar o debate e conscientizar a população. 

Educação financeira e memória inflacionária 

Na média global, 75% dos entrevistados responderam corretamente à questão sobre juros compostos, 63% sobre inflação e 45% sobre risco de ações. No Brasil, os índices foram 79%, 61% e 47%.  

E o que faz com que os brasileiros elevem a média em termos de conhecimento sobre juros compostos? “Não podemos subestimar o que passamos nos períodos hiperinflacionários. Esse tipo de deterioração monetária construiu uma capacidade de entendimento, mesmo que não acadêmico, de valor de troca”, sinaliza Leandro. 


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No país, as pessoas desenvolveram “mecanismos de sobrevivência” para lidar com os aumentos – por vezes, diários – nos preços dos produtos e serviços nas décadas de 1980 e 1990. “Essa memória inflacionária ainda está presente em quem viveu esse período.” Ou seja, mais velhos aqui podem levar uma relativa vantagem. 

Mas a situação está em vias de se inverter, segundo o presidente da DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista, no YouTube. As escolas brasileiras já estão incluindo educação financeira na grade curricular.  

Os mais velhos tendem a se beneficiar também com essa iniciativa. “Há pesquisas que mostram que pais de filhos que recebem educação financeira na escola se saem melhor do que os que não recebem”, sinaliza. 

Fontes de informação 

Na tarefa de poupar para a aposentadoria, os entrevistados dos 15 países têm recorrido a diversas fontes de informação e aconselhamento. Entre os mais citados estão consultor financeiro profissional (32%) e família e amigos (30%).  

A internet, no entanto, não fica muito atrás. No total, 46% usa ou indica um recurso digital para se planejar. Entram aí sites de finanças pessoais/ferramentas de planejamento de aposentadoria online (21%), site de provedor de plano de aposentadoria (21%) e site de provedor de serviços financeiros (18%). 

Nesse mar de informação online, é preciso estar atento para escolher as fontes com credibilidade. E, para isso, há alguns caminhos, como pedir indicação a conhecidos, verificar a reputação do site, checar o número de seguidores e usar buscadores para descobrir se o site ou portal é bem ou mal avaliado pelos internautas. Reinado recomenda também obras sobre finanças e terapia financeira. 

Educação financeira para a aposentadoria

No Brasil, os cidadãos têm a percepção de que estão bem preparados para a aposentadoria, segundo o estudo – ocupando a terceira posição, atrás de Índia e China. A realidade, no entanto, pode ser diferente. 

Prova disso é que dois em cada dez brasileiros (21%) afirmam que estão se planejando financeiramente para a aposentadoria, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha para a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), divulgada neste mês. Das 3.374 pessoas entrevistadas com mais de 16 anos em todo o Brasil, 10% contam com o dinheiro de aplicações financeiras, 6% com um plano de previdência privada, 4% com aluguéis de imóveis que possuem e 1% com economias guardadas. 


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Segundo Leandro, há três fatores que influenciam essa percepção de estar bem preparado para a aposentadoria: o financeiro, o demográfico e o cultural. O primeiro está diretamente relacionado ao sistema de seguridade social, que “é muito abrangente”. “As pessoas associam segurança financeira ao INSS”, diz ele. 

“Educação financeira não é moda. É uma necessidade” 

O segundo motivo tem a ver com o rápido envelhecimento da população, “que ainda não foi assimilado”. “O futuro parece muito distante”, relata. Há ainda o fator cultural. Brasileiros são confiantes e tendem a achar que está tudo bem. 

Mas sempre é tempo de começar o planejamento. Reinaldo ensina a definir sonhos e propósito, computando quanto custam e como fazer para realizá-los. A mudança de hábitos e os conhecimentos de matemática e investimentos podem ajudar a garantir um futuro mais confortável. “Educação financeira não é moda. É uma necessidade”, reforça Reinaldo.  

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