A cada 21 segundos um brasileiro comemora 50 anos de idade. Essa massa cresce cada vez mais e já atinge a marca de 55 milhões de pessoas. Entre os que têm mais de 60 anos, o total é de 35 milhões. Apenas para fins de comparação: o Brasil tem hoje mais pessoas acima dos 50 anos que adolescentes com 17 anos.

Esse cenário se refere à geração que nasceu logo após a Segunda Guerra Mundial, entre 1946 e 1964, conhecida como baby boomers, que já foi considerado o grupo populacional mais importante do país. Essa geração cresceu, superou as adversidades do tempo, investiu no conhecimento, criou uma nova cadeia de consumo e está mudando o mercado completamente. Assim os boomers chegam à terceira idade criando esse movimento conhecido como Economia Prateada (em referência aos cabelos grisalhos).

A geração prateada movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano no Brasil. No mundo, esse contingente é responsável por movimentar mais de US$ 15 trilhões, valor muito próximo ao PIB da China. O levantamento é parte do “Tsunami Latam – a região que mais envelhece no mundo”, da consultoria Data8.

Fonte: fiskez/shutterstock

O estudo aponta que essa geração na América Latina (AL) tem como principais características de comportamento a tradição dos seus valores e estruturas e são os pilares financeiros e emocionais de suas famílias. Certamente é um reflexo da cultura dos boomers, que sempre colocaram o vínculo empregatício com as empresas em um patamar de extrema importância na vida, tinham como meta a estabilidade profissional, o que lhes custava a construção de laços afetivos familiares de qualidade.

Outro aspecto interessante, é sobre a expectativa de vida dessa geração, inicialmente estimavam 50 anos. Mas o que o tempo nos mostra é que eles chegaram com facilidade aos 50 anos, cheios de saúde, disposição e ativos no mercado de trabalho. Curiosamente, 7 de cada 10 entrevistados se identificaram com a frase “Nunca pensei que chegaria tão bem na minha idade”. A cada 10 respondentes, 8 se sentem representados nesta afirmação: “Sempre fui financeiramente independente e agora não é diferente, eu administro minhas receitas e minhas despesas”.

Inevitavelmente, essa mudança na estrutura demográfica e o aumento da expectativa de vida foram influenciados pela tecnologia, as pesquisas e o avanço das soluções do setor de saúde, além da qualidade de vida que é bem diferente na atualidade.

Pesquisa mostra que 6 a cada 10 brasileiros ajudam filhos e netos financeiramente

Conforme o perfil traçado na pesquisa, dos 2504 entrevistados no Brasil, 15% estão empregados, 36% estão aposentados, 35% trabalham de forma autônoma, 4% estão desempregados, 9% são donas (os) de casa, 7% são empreendedores, 4% vivem de renda de aluguel e 1% são estudantes. A maioria são mulheres (53%) e os homens representam 47%. Desse total, a faixa etária de 50 a 54 corresponde a 30% dos entrevistados, os que tem entre 55 a 64 anos representam 44%, já aqueles que possuem entre 65 e 74, representam 25% da amostra. E ainda, pelo menos 6 de cada 10 brasileiros, ajudam financeiramente os filhos e os netos.

Não podemos fechar os olhos para o lado dramático da longevidade, que tem forte impacto nas políticas públicas pelo mundo, principalmente na saúde e previdência. Ultrapassar a barreira dos 50+ em plena atividade, consumindo e mantendo os compromissos financeiros em dia, é algo muito promissor. Por outro lado, sabemos que muitos trabalham porque a família depende da renda. É bastante comum ver os pais sustentando os filhos, comprometendo os seus recursos.

Planejamento financeiro é essencial

Nesse sentido, o planejamento financeiro é muito importante. Pois além dessa realidade econômica que é bastante presente nos lares brasileiros, a renda da Previdência Social pode não ser suficiente para se manter, afinal os gastos aumentam nessa fase da vida, as gerações se multiplicam, logo chegam os netos, ou algum problema de saúde. Ainda há o risco das adversidades do mercado, que vão desde a sazonalidade com aumento dos preços de alimentos e serviços básicos, quanto alterações na estrutura do mercado de trabalho. Infelizmente, no mundo do trabalho é muito comum a substituição de profissionais utilizando o critério de renovação das gerações ou redução de custos.

O mérito da Economia Prateada é confirmado pelos mais de R$ 2 tri que movimentam a economia. E nos próximos anos, tudo indica que essa massa vai dobrar de volume. É preciso que o mercado estimule o consumo consciente em paralelo com a necessidade de formação de poupança, criando produtos inovadores, simples e acessíveis para essa geração.

Sobre as gerações que virão, os filhos e netos dos prateados, cabe aos pais fortalecer esse conceito de vida saudável e consumo sustentável. Apesar de muitos já terem crescido no mundo digital, ainda vemos um comportamento muito liberal em relação ao futuro e o acúmulo de poupança. 

Vejo um potencial significativo nessa nova geração de consumidores, mas os desafios existem.

Por Luis Ricardo Martins, presidente do Conselho ABRAPP e Diretor Superintendente da MAG Fundo de Pensão.


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