A longevidade está cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. Afinal, os 50+ já são mais de 55 milhões no Brasil. Contudo, para viver mais é preciso saúde física, mental e Longevidade Financeira. E, para isso, ter estímulos criativos e sociais é essencial na manutenção do bem-estar durante o envelhecimento.

Pessoas mais velhas continuarão trabalhando. Seguirão fazendo suas atividades em sociedade. Produzirão, estudarão e ensinarão. Assim como já fazem. Contudo, por uma questão cultura e pouco discutida, o preconceito etário ainda é forte. Por esse motivo, proporcionar estímulos criativos que influenciem na oralidade, criatividade, escrita e sociabilidade são formas de empoderar os 50+.

Filipe Colombini, psicólogo e diretor da Equipe AT, acredita que a oralidade e criatividade são necessários para manter e criar conexões cerebrais. A Equipe AT atua com acompanhamento terapêutico voltado para a população 50+ e Filipe reforça:

“Entendemos a extrema importância e necessidade da estimulação. Tanto uma estimulação cognitiva quanto social e pensando em atividade física e lazer.”

Estímulos criativos e a importância de se manter ativo

Filipe conta que é importante que existam estímulos criativos por várias vias sensoriais. Seja cognitiva, visuais, táteis. Pois através deles, é possível manter uma vida e mente ativa.

Para o psicólogo, esses estímulos criativos devem acontecer tanto na atividade cerebral quanto na física. Buscando, assim motivadores e valores pessoais.

“Essa busca mexe com a questão do engajamento, com a motivação. É uma forma de aprender coisas novas e de se sentir útil. Isso é um grande estimulador natural. Tanto cerebral quanto corporal.”

O impacto na saúde

Um ponto importante dos estímulos criativos é o impacto cognitivo.

“Além disso, pensando tanto em questões psicológicas quanto biológicas, isso é relevante para evitar perdas cognitivas, perdas de conexões neurais.”

A pandemia do Covid-19 exigiu que todos ficassem em isolamento. Para Filipe, o isolamento e apatia produzem uma perda de conexões, uma passividade entre os mais velhos. O que pode possibilitar diversas doenças, como por exemplo o Alzheimer e outras neurológicas que envolvem a questão da memória.

Atividades que estimulam criatividade, escrita, oralidade, sociabilidade, além da própria estimulação cerebral são formas de criar conexões e reconexões neurais. Impactam no fortalecimento da memória e evitam a perda cognitiva.

Se o brasileiro está vivendo mais, atuar por mais tempo no mercado de trabalho se tornará uma realidade. Logo, os profissionais acima dos 50 anos precisam manter a mente ativa para continuar fortalecendo e exercitando as suas capacidades mentais.
Um grupo de idosos estudando juntos. Imagem para ilustrar a matéria sobre estímulos criativos. Crédito: Milan Ilic Photographer/shutterstock

A importância da criação de hábitos

Filipe conta que a estimulação é uma forma de criar hábitos. Quando os estímulos criativos, sociais ou atividades são feitos em determinada frequência, impactam na motivação. O que faz com que as pessoas se exponham mais, façam mais coisas e, assim, comecem a ter ganhos naturais.

“Além de você criar essa rotina, ter essa estimulação, você acaba tendo contato com outras pessoas, possibilitando a socialização. Ou ressocialização, em casos de pessoas que estão em processo de isolamento.”

E para Filipe, mesmo que o contato com pessoas seja indispensável, usar mediadores eletrônicos é uma boa alternativa.

“A estimulação cognitiva tem ganhos primários, como a formação de hábitos, desse contato social, de se sentir útil na sociedade. Uma maneira de romper paradigmas de que o idoso não é mais útil ou que ele é uma carta fora do baralho.”

Criação de rotinas para as práticas de estímulos criativos

Uma rotina pode promover organização e criar objetivos a cumprir. O psicólogo conta que, desde pequenos, as crianças precisam lidar com a rotina. E esses pequenos hábitos mudam a vida da família toda.

Mas os mais velhos geralmente ficam a parte dessas situações sociais. Ir à escola, a um curso são costumem que passam a ser cada vez mais incomuns no processo de envelhecimento. 

Filipe enxerga cada vez mais instituições se aprimorando para absorver esse público. Esse processo de inclusão e no reconhecimento de que os 50+ são capazes de continuar ativos na sociedade é uma forma de combate ao etarismo.

“Até porque, você não necessariamente vai seguir a mesma área até se aposentar. Há outras áreas, outras possibilidades. Outras formas de estimulação sendo na sua área de atuação ou em outras que você pode criar, inventar e se estimular. Se expor, se arriscar.”

Os estímulos criativos na profissão a qualidade da saúde

Para Filipe, ser produtivo, ter estímulos criativos e buscar conhecimento são fatores necessários durante o processo de envelhecimento. Formas, inclusive, de contribuir para os conhecimentos profissionais.

“A curiosidade natural é de extrema importância e não precisa ser focada em um objeto, para ter uma carreira, ganhar mais dinheiro ou ser uma pessoa de sucesso. Isso é apenas uma consequência.”

Filipe ainda pontua que a capacidade de ensinar não está, necessariamente, relacionada com a idade. Mas sim com a própria capacidade de profissional mais velho.

“O idoso não somente ensina por ser idoso. Ensina porque ele tem habilidades e muitas delas refinadas durante anos.”

Uma mulher, com cerca de 60 anos, trabalhando em sua casa e tomando café. Imagem para ilustrar a matéria sobre estímulos criativos.
Crédito: GaudiLab/shutterstock

A visibilidade de pessoas 50+

Para o especialista, ter políticas públicas e visibilidade são formas de destacar e reconhecer as capacidades dos 50+. A inclusão digital, nesse processo, pode potencializar a representação positiva do grupo.

“Muitas vezes, essas pessoas, por conta do preconceito, são colocadas à margem. Mas elas querem estar no centro e têm total condição para isso. Por tudo que passaram pela vida, pelas habilidades e experiências. “

Um exemplo que Filipe cita é o ator Ary Fontoura. Ele representa a população acima de 50 anos nas redes sociais. Um homem criativo, útil, produzindo conteúdo e trabalhando. Afinal, ser influenciador também é uma profissão.

Filipe conta que é possível representar a vida de pessoas mais velhas positivamente de muitas formas. Usando as novas mídias sociais, chamando influencers com mais idade, criando reportagens positivas.

Além disso, para ele, é necessário que também haja a construção de políticas públicas para a criação de espaços e de emprego para os 50+. Ações de cidadania, trabalho e inclusão que estimule as próprias empresas a contratarem pessoas mais velhas.

“Todo mundo vai ficar idoso, mas parece que todos se esquivam desse tema. Então, discutir sobre o envelhecimento é um dos pontos importantes na sociedade. Aumentando, por exemplo, programas de mestrado e doutorado sobre envelhecimento para que se discuta mais o assunto. Que não seja um tabu, assim como a morte, assim como a sexualidade.”


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