Durante o Marketing Network Brasil 2025, o médico Alexandre Kalache fez um alerta contundente: estamos ignorando a revolução da longevidade. O Brasil envelhece em ritmo acelerado, mas ainda sem estrutura, planejamento ou reconhecimento por parte da sociedade e do mercado.

Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade e referência global no tema, provocou os presentes a refletirem sobre o próprio futuro. “Imagine-se com 80 anos. Onde você vai viver? De que vai morrer? Vai ter dinheiro? Vai ser ativo?”, questionou. Segundo ele, a falta de respostas revela um problema coletivo. "Poucos têm respostas para essas perguntas — e esse é justamente o problema", completou.

Segundo Kalache, durante a palestra no Tivoli Ecoresort, na Bahia, oBrasil ganhou mais de três décadas de expectativa de vida desde os anos 1970. Contudo, a população envelhece mal, com desigualdade e sem planejamento.

Brasil envelhece rápido, pobre e despreparado

De acordo com o especialista, a revolução da longevidade no Brasil acontece de forma mais acelerada do que em países ricos. A França levou 120 anos para dobrar o número de idosos. O Brasil fará o mesmo em apenas 19. E com uma agravante: envelheceremos sem antes ter enriquecido.

Kalache chamou atenção para um efeito colateral grave: o surgimento das gerações “nem-nem” e “sem-sem”. Jovens que não estudam nem trabalham e pessoas maduras sem renda nem emprego. “O Brasil está formando duas gerações perdidas”, alertou.

Uma mulher idosa e negra dentro de um ônibus. Imagem para ilustrar a matéria sobre a revolução da longevidade. Crédito: AlessandroBiascioli/Shutterstock

A revolução da longevidade exige políticas e educação 

Com divulgação no Meio e Mensagem, Kalache defende um novo modelo de curso de vida. Segundo ele, o envelhecimento precisa ser enfrentado com políticas públicas integradas. Saúde, educação, participação social e segurança, tanto financeira quanto emocional, são os pilares dessa transformação.

A educação, para ele, é ferramenta essencial. O médico citou o exemplo da Coreia do Sul, que usou o investimento em ensino como alavanca para se tornar uma potência econômica. Para ele, é necessário combinar medicina com sociologia. Saúde pública com inclusão e representatividade. Ele ainda defende que “a publicidade também precisa de um banho de gerontologia", porém, menos de 0,4% dos estudantes de saúde escolhem geriatria e 10% das faculdades nem sequer oferecem a disciplina.

A comunicação ainda falha com a revolução da longevidade 

Para o especialista, a publicidade brasileira continua presa a estereótipos sobre a velhice como um reflexo do etarismo. “No Brasil, o idoso é sempre o outro. Não nos reconhecemos nesse lugar e, por isso, governos, empresas e até o marketing não cuidam da velhice como deveriam”, comenta.

Kalache propõe uma nova narrativa para o envelhecimento. Um olhar que abrace conceitos como a “gerontolescência”, fase que seria entre 55 e 85 anos, marcada por autonomia, prazer e dignidade.

Oportunidades e desafios da revolução da longevidade

Com mais de 68 milhões de brasileiros acima dos 60 anos até 2050, a revolução da longevidade cria novas demandas. Também abre oportunidades para quem estiver disposto a repensar o presente e o futuro. Mas o maior obstáculo ainda é o preconceito. E ele é mais cruel quando atinge mulheres, pessoas negras e pobres. A longevidade só será revolucionária se for também inclusiva.

A mensagem de Kalache foi direta aos profissionais de marketing e comunicação: é preciso reinventar a forma de falar e pensar sobre a velhice. Com estratégia, empatia e inteligência.


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