Os empresários Luis Antônio Gomes Conceição, 58 anos, e Priscila Gonçalves Ribeiro Guimarães, 50, acabam de desembarcar de um curso de idiomas em Sovizzo, na Itália. O servidor José Eduardo Mendonça Jr., 49 anos, ainda está estudando em Cannes, na França. O intercâmbio sênior está em alta: representa de 12% a 20% do faturamento das agências especializadas. E não para de crescer.
Na Fuja dos Brasileiros, que oferece destinos incomuns para pessoas que desejam aprender alemão, espanhol, francês, inglês e italiano – e, mais recentemente, árabe, japonês, mandarim e polonês –, “são cinquentões que desejam desbravar o mundo”, diz o sócio-diretor Daniel Amgarten. “Com a família já constituída, querem, muitas vezes, investir em ações que não conseguiram antes.”
Marcelo Melo, diretor da agência IE, acrescenta uma explicação para o aumento na procura. “O brasileiro tem percebido que, para se manter no mercado de trabalho, é necessário buscar qualificação no exterior”. Isso explica, segundo ele, o aumento de 35,6%, nos últimos dois anos, na procura por intercâmbio sênior. “Esse crescimento mostra que o público que está arrumando as malas amadureceu. Ou seja, fazer uma viagem internacional deixou de ser um sonho apenas dos mais jovens, mas também se tornou o desejo daqueles que querem viver uma imersão cultural e se especializar profissionalmente.”
“Para quem ainda está no mercado de trabalho, é uma excelente maneira de melhorar o currículo, aprimorar o idioma e fazer networking. Para quem não tem mais foco na carreira, é uma ótima opção de viagem, aliando aprendizado ou aprimoramento de um idioma com passeios, conhecendo pessoas do mundo todo”, avalia Luiza Vianna, gerente de produtos da CI Intercâmbio e Viagem.
Priscila foi pela primeira vez: “Sempre conversamos a respeito dessa experiência e conseguimos nos organizar para experimentá-la”. Em janeiro, ela e o marido, Luis, cursaram italiano na escola Comitato Linguistico. O intercâmbio sênior, diz, só tem vantagens, como “consciência e liberdade de escolha”, já que não há, necessariamente, vinculação com o trabalho. “E, mesmo com um pouco de insegurança, medo e vergonha, não tira a alegria de conhecer a língua, a cultura e as pessoas.”
Priscila (à esq.) e o grupo de alunos do Comitato Linguistico; crédito: Arquivo pessoal
Questão de gosto
Foi ao matricular-se no francês, em 2016, que José Eduardo passou a planejar detalhes do intercâmbio, “e a esposa [a também analista de sistemas Olívia Maria Viana Pinheiro Sampaio, 37] ficou totalmente animada”. “Já tinha vindo para cá quatro vezes e me incomodava suplicar para o povo entender inglês. Viajei pelo Vale do Loire e me encantei pelas cidadezinhas, mas sofri para me comunicar. Por isso escolhi a França. Seria um novo mundo de cultura e história a ser desbravado.”
Optaram por Cannes por ter praia “e pouco brasileiro, seja estudando ou trabalhando”. Estão no College Internacional, num curso de seis semanas, com três horas de aula por dia, de segunda a sexta. “Mas estamos fazendo semanas alternadas, assim podemos viajar e explorar melhor a região. É pertinho de cidades como Marselha e Mônaco e a menos de 100 quilômetros da Itália.”
Em sala, conta que as idades variam de 16 a 25 anos. “Mas sou um cara bastante moleque e acabei ditando o ritmo das aulas, fazendo brincadeiras com colegas e professores, que sentiram em mim uma forte estabilidade para as turmas, pois havia respeito deles comigo, embora nossa relação fosse sempre muito informal.”
O casal José Eduardo e Olívia, em Bordeaux, na França; crédito: Arquivo Pessoal
O casal Luis Antônio e Priscila, em Sovizzo, na Itália; crédito: Arquivo Pessoal
Para vivenciarem mais a cultura, alugaram um quarto perto da escola via Airbnb. “Acabamos construindo forte amizade e sequer pagamos as duas últimas semanas.” No orçamento total, investiram R$ 57 mil. “Acabamos gastando demais nas viagens também porque minha filha mais nova se juntou a nós nas últimas semanas”, diz.
José Eduardo calcula que, se tivesse ido fazer apenas as seis semanas de aula, o investimento teria sido “significativamente menor: uns R$ 11 mil das aulas, R$ 8 mil das passagens e do seguro, R$ 4 mil de hospedagem e mais R$ 3 mil de alimentação; mas não voltaria com tanta história pra contar e fotos pra compartilhar”.
A vantagem principal do intercâmbio sênior, avalia, é não depender de ninguém, além da dispensa do trabalho. “Podemos planejar e replanejar tudo a qualquer tempo, conforme nossos desejos e capacidades, principalmente a financeira. Desvantagem? Nenhuma! Se você vem disposto a aprender, aprenderá. Se quer viajar, viajará. Se quer se divertir, vai se divertir. Só depende de você!”
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Os destinos preferidos para intercâmbio sênior
ESPANHOL
Málaga, na Espanha
1.060 euros, na Fuja dos Brasileiros
Inclui: duas semanas de curso de espanhol 50+ e acomodação em casa de família com meia-pensão
INGLÊS
Chester, na Inglaterra
1.174 libras, na Fuja dos Brasileiros
Inclui: duas semanas de curso de inglês 50+ e acomodação em casa de família com meia-pensão
Toronto, no Canadá
1.570 dólares canadenses, na CI Intercâmbio e Viagem
Inclui: duas semanas de curso de inglês 30+ e acomodação em residência estudantil individual sem refeição
Valeta, em Malta
1.405 euros, na CI Intercâmbio e Viagem
Inclui: duas semanas de curso de inglês 50+ e acomodação em apartamento standard duplo sem refeição
Vancouver, no Canadá
R$ 6.008,50, na IE
Inclui: quatro semanas de curso de inglês, acomodação em casa de família em quatro individual e duas refeições por dia
ITALIANO
Perugia
1.905 euros, na Fuja dos Brasileiros
Inclui: duas semanas de curso de italiano 50+ e acomodação em casa de família com meia-pensão
Roma
1.280 euros, na CI Intercâmbio e Viagem
Inclui: duas semanas de curso de italiano 50+ e acomodação em apartamento standard duplo sem refeição
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