Seja pelo calor do momento ou por influência do álcool, muitas pessoas deixam a camisinha de lado e se expõem, no Carnaval, às chamadas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Não é à toa que, nesta época do ano, o Ministério da Saúde reforça campanhas e planeja distribuir, gratuitamente, 100 milhões de preservativos masculinos e femininos.

Com o slogan “No Carnaval, use camisinha e viva essa grande festa!”, as peças publicitárias de 2017 trazem o panorama de 260 mil pessoas vivendo com HIV (sigla em inglês do Vírus da Imunodeficiência Humana, causador da Aids) e que ainda não estão em tratamento, e também de 112 mil brasileiros que têm o vírus e não sabem disso.

O foco principal da campanha é o público de 15 a 24 anos, mas “os mais velhos têm a mesma probabilidade de contrair DSTs”, destaca o ginecologista Élvio Floresti Junior. “Eles têm maior preocupação e se protegem mais, mas existe uma porcentagem considerável que, mesmo com toda a instrução, pensa que são apenas doenças de jovens e acaba não apenas se infectando como também transmitindo a doença para o parceiro”.

Os números mostram isso. Segundo dados do Ministério da Saúde, cresceu o número de pessoas com mais de 50 anos diagnosticadas com o vírus HIV: em 2000, eram 8,64%; em 2010 (até junho), a fatia chegou a 17,23%. E outras doenças também preocupam. “O HPV (abreviação de Vírus do Papiloma Humano) ainda é muito prevalente, e a gonorreia e a clamídia também são frequentes”, afirma o especialista.

Apesar de o uso do preservativo ser a melhor prevenção, “ainda existe um preconceito entre muitos homens sobre o uso”, diz Floresti Junior, explicando que muitos receiam perder a ereção. Especialistas dizem que os mais velhos tendem a ver camisinhas primeiramente como uma medida contraceptiva, e as mulheres, que já não temem uma gravidez não desejada, não insistem em seu uso.

Na pós-menopausa, afirma o ginecologista, as paredes vaginais ficam mais finas e ocorre a diminuição de sua lubrificação, podendo colocar as mulheres em um risco mais elevado para infecção ao HIV durante a relação sexual. “Pelo déficit de estrógeno - que, além da elasticidade vaginal, dá uma maior proteção na mucosa -, a vagina fica menos protegida e consequentemente está mais exposta a lesões durante as relações sexuais”, explica Floresti Junior. “E essas lesões ulceradas são mais vulneráveis às DSTs. E, quando comparamos a mulher com o homem, ela é mais vulnerável”, sinaliza.

De acordo com o Ministério da Saúde, apesar do fluxo de informações sobre as DSTs e do acesso aos métodos de proteção, o Brasil enfrenta uma epidemia de casos de HIV, com cerca de 40 mil novos infectados por ano. Além da prevenção, a campanha deste ano também faz um alerta para a necessidade de fazer testes que podem diagnosticar as doenças.

“É no Carnaval que a gente fala, sim, da utilização do preservativo e que isso siga o ano inteiro”, diz o músico Carlinhos Brown, 54 anos, que vai subir aos palcos e trios durante a folia de Salvador levando a mensagem de conscientização. “Nós, da geração Cazuza, estamos fazendo esse papel. Ele deixou esse legado, nos dizendo que nós não vamos morrer disso. Por isso, é importante se prevenir, fazer os testes e se tratar, sem ter vergonha dessa condição, caso seja confirmada.”

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