A origem exata do futebol de botão, em relação à data e ao país criador, é muito controversa e não há um consenso sobre a questão. No Brasil, o primeiro registro que se tem conhecimento data de 1917, sendo praticado no América Futebol Clube, do Rio de Janeiro. Alguns dizem que é um esporte genuinamente brasileiro, outros que foi criado na Espanha, em 1900, por um jovem chamado José Quintero, e ainda existem registros que dariam a origem à Hungria, também em 1900, em uma versão do jogo chamada “Gombfoci” (“futebol de botão” em húngaro). Outra teoria é que os marinheiros europeus disputavam o jogo como passatempo em suas longas viagens, e assim ele teria chegado às cidades portuárias do Brasil.

Controvérsias à parte, o que todos concordam é que o brasileiro Geraldo Cardoso Décourt, baluarte do esporte, foi quem oficializou a prática em 1930, quando escreveu um livro de regras para a modalidade. E que no ano de 1988, o jogo de botão ganhou status de esporte no Brasil, através do CND - Conselho Nacional de Desportos.

O fato é que nas décadas de 80 e 90, o esporte se popularizou de tal forma que o jogo de botão esteve presente em quase todas as casas brasileiras. Isso quer dizer que as pessoas atendidas pelo Serviço de Envelhecimento da APAE de São Paulo, que hoje têm entre 40 e 65 anos, passaram a infância e a adolescência se relacionando com o jogo e com seus familiares e amigos que jogavam botão.

Dessa forma, não foi nenhuma surpresa, quando em uma entrevista que fizemos durante o início da oficina de botão, 90% dos atendidos já terem tido contato com o esporte no passado. Com o avanço tecnológico e o surgimento dos videogames, computadores, internet e os celulares de última geração, o jogo de botão caiu no esquecimento.

E por que ele ressurgiu agora e na APAE de São Paulo? Além dos benefícios que o esporte promove, destacamos aqui a manutenção e o desenvolvimento da coordenação motora, o equilíbrio, a postura, o raciocínio lógico, a orientação espacial e a psicomotricidade. O jogo de botão oferece o que muitas atividades da era avançada deixaram para trás. Estamos falando do encontro entre as pessoas, das relações sociais, da integração e da convivência. Atualmente, surgiram locais em São Paulo com o propósito de reviver o jogo de botão e promover tais encontros: o Museu do Futebol, a Arquibancada Botões Clássicos e o Clube Círculo Militar são alguns desses exemplos.

E não é só isso! Há ainda um resgate importante de memória por meio de histórias que vão surgindo no decorrer das partidas com as pessoas com deficiência intelectual, como “eu jogava no quintal de casa com meus primos”; “meu pai me ensinou a jogar botão”; “eu costumava ficar com meu irmão disputando campeonatos de botão”.

Com isso, quem sabe então, esse novo contato com o futebol de botão, por intermédio da oficina ministrada no Serviço de Envelhecimento da APAE de São Paulo, não possa capacitar as pessoas com deficiência intelectual a transmitir o esporte, tão sumido, para as novas gerações? É viver para ver!

Por Ricardo Valverde
Educador físico da área de Envelhecimento da APAE DE SÃO PAULO, onde ministra oficinas de jogos, hidroginástica, artes marciais e experimentação circense.

REFERÊNCIAS:

http://www.cbfm.com.br/
http://www.futmesa.com.br/index

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