Aos 32 anos, a tenista russa Maria Sharapova comunicou, no último dia 26, que estava na hora de dizer adeus às quadras. Depois de 28 anos dedicados ao esporte, a atleta começou a sentir o peso das lesões acumuladas ao longo da carreira e decidiu se aposentar.
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“Tênis – estou dizendo adeus”, anunciou a jogadora em um ensaio publicado pela Vanity Fair e em sua conta no Instagram. Entre incertezas pelo que esperar do futuro e gratidão por tudo aquilo que lhe foi proporcionado pelo tênis, Sharapova se despediu do esporte com a certeza de que fez o melhor que podia e com os passos de alguém que precisa aprender a caminhar uma nova estrada.
“O tênis me mostrou o mundo – e me mostrou do que eu sou feita. Foi como eu me coloquei à prova e mensurei meu crescimento. Então, independentemente do que eu escolher como meu próximo capítulo, minha próxima montanha, continuarei insistindo. Continuarei escalando. Continuarei crescendo”.
A carreira de Maria Sharapova
Detentora de cinco Grand Slams e uma das esportistas mais bem pagas do mundo, Sharapova começou a jogar profissionalmente aos 14 anos. No entanto, se apaixonou pelo tênis ainda criança, aos 4 anos, enquanto assistia ao pai jogar.
Mesmo após o início humilde, não demorou a conquistar fãs ao derrotar Serena Williams (considerada uma das maiores atletas de todos os tempos) com apenas 17 anos. Depois disso, seguiram-se várias conquistas, como a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres.
Crédito: FRANCESCO PANUNZIO/shutterstock
Apesar do sucesso, Sharapova sofreu nos últimos anos com as limitações que seu físico começava a apresentar. Lesões no ombro, cirurgias e terapias de fortalecimento muscular passaram a fazer parte de sua rotina. Com pesar, ela percebeu que seu corpo começava a se tornar uma distração.
“Ao longo da minha carreira 'Será que vale a pena?' nunca foi uma questão que passava pela minha cabeça – no final, sempre valia”, conta. Sharapova sabe muito bem que a vida de um atleta de alto nível é repleta de sacrifícios. Apesar disso, também sabe que está na hora de recomeçar a vida.
“Enquanto isso, existem algumas coisas bem simples pelas quais estou ansiosa: um sentimento de quietude com minha família; demorar sobre uma xícara de café de manhã; viagens inesperadas nos fins de semana; exercícios da minha escolha (olá, aula de dança!)”, sonha a, agora, ex-atleta.
A aposentadoria dos atletas de alto rendimento
Para muitos, a aposentadoria de Maria Sharapova aos 32 anos pode passar a impressão de que foi antecipada. No entanto, de acordo com o profissional de Educação Física Carlos Alexandre da Silva, os atletas de alto rendimento começam a perder seu desempenho físico por volta dos 30 anos.
“Como os atletas profissionais começam a treinar desde muito cedo, quando ainda crianças, eles costumam ter um desgaste grande”. É preciso ter muita dedicação ao seguir uma vida focada no esporte. “O atleta profissional se dedica 100% à sua profissão, à carreira que está seguindo”, explica Silva.
Muitos sofrem com lesões, como Sharapova. Precisam diminuir o ritmo dos treinos e das competições, pois já não conseguem ter a mesma eficiência de antes e manter-se em evidência. Os atletas de alto nível, quando se encontram no ápice do rendimento, vivem de forma regrada, com alimentação controlada e treinamentos intensos. “Quando percebem que não conseguem mais, param. Não dá para correr ou ter a explosão de dez anos atrás”, afirma o educador físico.
O que podemos aprender com a aposentadoria de Maria Sharapova?
A aposentadoria de Maria Sharapova, assim como a de outros esportistas de alto rendimento, pode servir como exemplo. “Todo atleta precisa traçar um plano antes de se aposentar”, diz Silva. “Por isso, muitos fazem um plano de carreira, vão guardando dinheiro, vão investindo e vão administrando todo o dinheiro que ganham”.
Como sabem que a vida de atleta é curta, precisam traçar metas e definir o que fazer após a aposentadoria. Ou seja, recomeçar. Silva afirma que muitos contam com um preparo psicológico para isso e conseguir lidar com todas essas mudanças sem perder a cabeça. “Eles recebem um atendimento com todo o cuidado para que não surtem e possam entender o processo”.
Então, o que aprendemos com isso?
Primeiro, que é preciso se planejar financeiramente. Um atleta de alto rendimento sabe que não vai poder trabalhar por muitos anos e, mesmo que receba bastante dinheiro ao longo da carreira, precisa estar preparado para os anos que seguirem sua aposentadoria.
Ele pode decidir investir esse capital, seja em uma previdência privada ou algum outro tipo. Ou pode comprar bens e imóveis, com o intuito de fazer circular esse dinheiro e aumentar sua fonte de renda, que continuará ativa no futuro. Segundo Silva, muitos esportistas que já não atuam mais profissionalmente conseguem se manter bem graças aos investimentos que fizeram anteriormente.
Em segundo lugar, é preciso traçar um plano de carreira. Mesmo que você esteja passando por um momento de reinvenção pessoal e profissional, é importante traçar metas e definir objetivos para correr atrás de um novo sonho ou de uma nova carreira. Assim, você não fica estagnado ou confuso sobre quais os próximos passos seguir.
Em terceiro lugar, estar aberto para abraçar novos desafios. Quando um atleta se aposenta, precisa estar ciente de que sua vida vai mudar. Ele pode até continuar trabalhando com esporte, mas sob uma nova perspectiva. “Podem se tornar técnicos, preparadores físicos, professores, palestrantes, comentaristas ou auxiliares técnicos. Podem até virar empresários de outros atletas ou gestores nos clubes onde atuaram”, afirma Silva.
No entanto, muitos também acabam seguindo um rumo bem diferente e precisam aprender uma nova profissão, com novas regras e possibilidades. O ex-jogador de futebol Romário, por exemplo, seguiu a carreira política.
E, em quarto lugar, cuidar da saúde mental. Conforme apontado pelo educador físico, quando o processo de transição recebe um acompanhamento psicológico, a mudança vem mais fácil e com menos transtornos.
E você, já sabe com quantos anos vai se aposentar?
