A primeira lembrança que me vem à cabeça sobre Mundial de Futebol é muito estranha e sempre que menciono poucos acreditam.

Não sei dizer se foram todos os jogos, mas com certeza a final da Copa, disputada entre Suécia e Brasil, na Suécia, em 1958, foi transmitida para as pessoas que estavam na praia, através de auto-falantes, instalados nos Postos de Salvamento da Praia de Copacabana. Eu morava no Lido e ia à praia em frente à praça onde era, e depois de renovado, é até hoje o Posto 2.

Imagem...nem pensar. Meses depois vimos alguma imagens no cinema.

Hoje temos notícias de tudo a cada segundo nos mais diversos meios de comunicação – não consigo mencionar todos, pois algum está sendo criado agora e vai entrar em funcionamento antes da Copa acabar.

Apesar da chuva de informações sobre tudo do Mundial, que recebemos, principalmente da televisão, notei que as pessoas não estão tão entusiasmadas, como em anos anteriores.

Será por causa do problema político e econômico que passa o nosso País? Pode até ser, mas já tivemos outras Copas acontecendo durante algum ano de crise, e existiam as pinturas de ruas e bandeiras expostas nas janelas. Aliás, crise é coisa que não é rara por aqui.

Será que foi a maneira dramática com que fomos eliminados na última vez, com aquela derrota inesquecível de 7 a 1 para a Alemanha, em Belo Horizonte? Derrota que pode ter sido pior que a sofrida na final de 1950, também no Brasil, mas no Maracanã.

Tenho uma outra teoria para esse fato. Vocês já viram como as nossas crianças usam camisas de time estrangeiros? Hoje em dia, todos os campeonatos do mundo são transmitidos ao vivo, quase que diariamente para cá, pela TV a cabo.

Os campeonatos europeus, que são os melhores, como a Premier League no Reino Unido, a La Liga, Espanhola, são os mais populares pela quantidade de astros que jogam nos seus times; mas temos também Alemanha, França e Portugal.

O campeonato argentino, que até aprendemos que são dois por ano, também é transmitido. Até o chinês tem sido transmitido e a MLS dos Estados Unidos.

Nossa, que incrível, até o Campeonato de Futebol, no caso dos Estados Unidos, o SOCCER, é transmitido para o Brasil.

E olha que posso ter esquecido outros mais.

E quem são os jogadores dos clubes de todos esses campeonatos? As TVs passam esses jogos porque temos interesse, mas por que temos interesse? Porque os times têm os melhores jogadores e técnicos de todos os países do MUNDO, simples assim.

Profissionalismo. Hoje os jogadores são realmente profissionais. Ao pé da letra. Jogam pelo clube que lhes paga e trocam pelo que lhes faz uma oferta melhor sem mais nem menos, muitas vezes ainda adolescentes em formação.

Esse profissionalismo fez com que os jogadores trocassem de time e de País e isso deve ter tirado em parte o espírito que existia no passado.

Lógico que a mídia nos trás de volta para o sonho. O sonho do Brasil campeão do Mundo, mas onde jogam esses jogadores?

Lembro de quando discutia, quando pequeno, que meu time tinha mais jogadores na seleção que do meu amigo. Ficávamos super excitados para saber a lista de convocados para aquele torneio ou aquela copa.

E hoje, isso existe? Sabem quantos jogadores do Manchester City, o campeão Inglês dessa última temporada 2017/18, vão disputar o Mundial da Rússia? Impressionantes 17 jogadores.

Ué, mais em um time não há 11 em campo? Sim, o City tem no seu elenco entre titulares e reservas 17 jogadores que vão disputar a Copa por diversos países diferentes. Só para seleção brasileira vieram quatro jogadores.

E quantos atletas jogam em times no Brasil? Muito poucos e apenas por sorte ou coincidência, como os dois do Corinthians. O Fagner só está lá porque o Daniel Alves se contundiu às vésperas da Copa e o Cássio, como também o Fagner, no caso, porque o Tite os conhece e confia, quando da sua passagem pelo clube pouco tempo atrás.

Na Copa de 70, os cinco do meio para frente eram os maiores ídolos dos seus respectivos times, todos jogando no Brasil. Jair, Gerson, Tostão, Pelé e Rivelino.

Apenas Gerson já havia trocado de time, e duas vezes: do Flamengo para o Botafogo e deste para o São Paulo, onde estava desde 69. Os demais começaram jogando e em 70 ainda estavam nos clubes que os revelaram, a saber: Botafogo, Cruzeiro, Santos e Corinthians.

Mesmo em 2002, o último mundial que vencemos, apesar de termos jogadores atuando no exterior, ainda existia cerca de metade do time atuando por aqui, como o Marcão e Roque Júnior do Palmeiras.

Agora não existe nenhuma relação. Alguém lembra de onde veio o Marcelo?

É preciso ser muito entendido, ou tricolor fanático, para saber que ele jogou algumas partidas pelo time titular do Fluminense.

O nosso segundo goleiro, Éderson: onde ele jogou no Brasil? E o Firmino?

Posso ainda enumerar algumas outras teorias, mas vou ficar por aqui, e resumindo: as possíveis razões para a falta de entusiasmo de hoje com o Mundial de Futebol pode estar atrelada à crise no Pais, à falta de identidade dos seus jogadores com os clubes brasileiros e ainda à decepção com a nossa última participação, quando a Copa foi disputada aqui no nosso País pela segunda vez.

Mas vamos falar um pouco de futebol agora. Afinal, desta vez vamos vencer?

Vamos ser afina campeão pela sexta vez?

Me recuso a dizer Hexa. Aprendi ainda criança que bi, tri, tetra e penta eram títulos seguidos.  Esse erro começou quando fomos campeões no México,  inventaram que fomos Tri. Apenas marketing que começava a entrar no futebol.

O único DECA Campeão estadual brasileiro é o América Mineiro, apesar de todos os grandes clubes brasileiros tenham mais de dez títulos estaduais.

Voltando, será que agora vai dar? Temos time para isso? Temos um técnico capaz? Neymar vai afinal mostrar, que pode vir a ser o melhor jogador do Mundial?

Vamos dar outra volta no tempo para responder essa pergunta. Nem sempre o melhor time vence o campeonato. Apesar de começar com uma fase de grupos, onde os quatro disputam duas vagas, jogando todos contra todos, a Copa do Mundo é basicamente um torneio eliminatório. Depois desta primeira fase, todos os jogos são os famosos mata-mata, ou seja perdeu está fora.

O Futebol é um dos poucos esportes em que nem sempre o melhor vence. Existem diversas possibilidades de um time melhor sofrer uma derrota.

E no caso desse tipo de disputa, não existe a revanche, ou uma segunda chance.

Eu me arriscaria a dizer que o Brasil dificilmente perderia um campeonato de pontos corridos entre seleções, mas esse campeonato não acontecerá nunca.

Diversos exemplos aconteceram através dos tempos, alguns mais famosos que outros, mas todos lembrados de alguma maneira. O Brasil em 1950, a Hungria em 1954, a Holanda de 1974 e o Brasil de 1982 foram alguns desses. Eu incluiria a França em 1958 apesar de Pelé e Garrincha, mas não temos tantas imagens de jogos que possam documentar isso.

Com certeza passaremos da primeira fase de grupos, assim com a grande maioria dos favoritos. A Copa começa de verdade nas oitavas e então conversaremos novamente e desta vez sobre 2018.

Bem-vindos ao Mundial de Futebol da Rússia 2018.

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