Se seus pais já tinham nascido na inauguração de Brasília (1960), no início da Bossa Nova (meados da década de 1950) ou na renúncia do ex-presidente Jânio Quadros (1961) e, atualmente, moram sozinhos, é possível que você tenha pensado muito no bem-estar deles durante a quarentena. Natural, já que fazem parte do grupo de risco para o novo coronavírus e, por isso, tenham permanecido em isolamento social desde março. 

Pois saiba que, mesmo a distância, você pode colaborar. A presença – não necessariamente física – “tem imenso impacto no equilíbrio e saúde mental, frente ao momento de isolamento social, especialmente dos idosos que já têm suas dificuldades, perdas e limitações”, segundo o neuropsicogeriatra Roberto Miotto. “Mostrar-se presente é mais relevante do que por vezes estar no dia-a-dia em contato.”  

7 dicas para estar presente na quarentena 

Telefonemas e  videochamadas 

Para a psicóloga Daniela de Oliveira, muitos pais se adaptaram bem às novas tecnologias. “Poder separar um tempo para estar com eles por telefone ou videoconferência faz muita diferença”, explica. Para Miotto, seja por carta, seja por meios digitais, o importante é que se sintam “conectados e realmente ligados à família, às pessoas e ao mundo. 


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A especialista recomenda que, nas ligações, os filhos estejam atentos às emoções no tom de voz. “Nas videochamadas, ainda temos as expressões, podemos ver a pessoa e estar ainda mais conectados emocionalmente.”  

Em relação à frequência, Miotto recomenda que seja feita próximo do padrão que a família tinha antes da pandemia ou um pouco maior, para suprir parcialmente a falta da presença física. “Mas não de forma cartesiana, predefinida, pois isso não é um trabalho, não é uma reunião, é uma relação familiar que não deve ter hora nem momento para ocorrer.”  

Encontros presenciais 

Existem também maneiras de estar presente pessoalmente, respeitando o distanciamento social e o uso de máscaras, segundo a psicóloga. “Não vivemos um isolamento completo, estamos mais recolhidos. É importante fazer escolhas sábias sobre quem queremos em nosso círculo social, colocando essas pessoas no mínimo risco possível”, indica a especialista. E completa: “Se você escolheu estar presente com seus pais, talvez seja uma boa ideia evitar outras interações sociais e sempre respeitar as diretrizes da Organização Mundial de Saúde de distanciamento e uso de máscara”.  

Jogos  

Xadrez, damas, gamão e outros jogos de tabuleiro podem ter partidas disputadas a distância. Como? Por meio de videochamadas, ensina o neuropsicogeriatra. Quanto às opções on-line, ele diz que podem ser recursos válidos, desde que sejam compartilhados. E explica o motivo: há pessoas que desenvolvem vício em jogos, uma enfermidade no espectro da ansiedade. “Jogados de forma obsessiva, eles deixam a pessoa mais isolada ainda.” 

Leitura 

A literatura pode ser um ponto de união entre pais e filhos. Escolher um título e debatê-lo, conforme a leitura avança, está entre as alternativas para minimizar a distância. “Além das leituras compartilhadas, podemos fazer também momentos de contações de histórias e aproveitar a experiência de nossos pais e avós”, indica a psicóloga. 

Compras 

Há filhos que têm feito compras para os pais, deixando os produtos na porta, para preservar a saúde física dos pais e evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Daniela diz que essa é uma questão particular de cada família e que, caso os mais velhos decidam seguir fazendo mercado, que busquem horários especiais de atendimento para idosos. “Os filhos que estão fazendo as compras para os seus pais podem garantir sua autonomia de outras formas, existem várias atividades que podem ser feitas dentro de casa”, complementa. 

Tarefas bancárias e idas ao médico 

Auxiliar nas tarefas bancárias, especialmente se os mais velhos não têm aplicativo ou acesso pelo computador, pode ser útil. Vale também verificar se você pode colaborar nas visitas médicas ou nas teleconsultas. 

Respeitar o espaço 

Você quer colaborar, e isso é legítimo. Mas vale se perguntar se, em algum ponto, esse auxílio está se tornando prejudicial aos pais. Mioto esclarece: “É uma questão crítica, que vejo acontecer com frequência. No intuito de ajudar, muitos filhos passam do ponto e acabam tomando muitas frentes e se pondo num status em que colocam a utilidade a relevância dos protegidos em xeque”.  

“Os filhos que intervêm dessa forma tentam preservar a vida de seus pais e qualquer um faria de tudo para isso, assim como os pais fariam de tudo para proteger a vida de seus filhos”, pondera a psicóloga. O problema é que, dentro de dinâmicas familiares, esse comportamento de superproteção provocado pela pandemia “acelera um momento que talvez ocorresse no futuro, o processo de perda de autonomia”, segundo o neuropsicogeriatra 

É fundamental que os filhos estejam presentes, segundo ele. “Mas é preciso confortá-los sem subjulgá-los. Muitas vezes, o limite é tênue”, diz o especialista. E não há receita para entender essa fronteira. “É muito individualizado e personalizado, depende também de cada estrutura familiar”, finaliza. 

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