Conscientes da nossa finitude, não há como encararmos a vida da mesma maneira. É o que nos ensina os cidadãos do Butão, país vizinho do Nepal e da Índia, e consideradas uma das nações mais felizes do mundo. No Brasil, o assunto ainda é tabu, mas está passando por uma grande revolução protagonizada pelos maduros acima de 50 anos.
Nossa única certeza na vida: a morte é considerada o maior tabu da atualidade. Mesmo sendo tema frequentemente discutido nas religiões e nas artes, o desafio é grande quando a conversa sobre a morte passa para a mesa de jantar. Na maioria das famílias brasileiras e dentro das empresas, é assunto a ser evitado. Porém, colocar o tema debaixo do tapete não está nos ajudando: todos os anos, inúmeros brasileiros sofrem com a burocracia do luto – momentos após a morte de alguém querido, é preciso lidar com os documentos, papelada e diversas decisões práticas que tiram o seu direito ao que é mais importante naquele momento: viver a despedida e o luto.
Refletir sobre a morte têm benefícios comprovados: no Butão, país vizinho do Nepal e da Índia, um ditado famoso por lá diz que para você ser uma pessoa realmente feliz, você precisa refletir sobre a finitude pelo menos cinco vezes por dia. Longe de ser algo macabro ou triste, a ideia por trás desse ensinamento é que pensar sobre o fim da vida faz com que a gente viva o hoje com mais presença, senso de prioridade e pensamentos alegres. E não são só eles – inspirados pelo estilo de vida butanês, um estudo de 2007 da Universidade de Kentucky confirmou que somos mais felizes ao trazermos a morte para o nosso dia a dia e o app americano WeCroak garante que a gente não esqueça disso, mandando 5 mensagens por dia com as reflexões sobre finitude.
E no Brasil?
Na Janno, startup que fundei ao lado do Uri Levin em novembro do ano passado, nossa missão é ajudar os maduros a viverem bem planejando seu legado com tranquilidade e leveza. Para entender como os maduros se planejam para o futuro, falamos com quase 1.100 brasileiros acima de 45 anos no estudo Plano de Vida & Legado e compartilho aqui nossas principais descobertas e aprendizados:
Ainda é difícil falar sobre a morte, mas vai ficando cada vez mais fácil
Apesar de 87% dos brasileiros não se sentirem preparados para lidar com a própria morte, conforme a idade passa, fica cada vez mais fácil falar sobre a morte: 3 em cada 10 brasileiros acima de 65 anos não acham difícil falar sobre o tema.
Sua herança também contempla valores e conselhos
Já parou pra pensar qual lembrança as pessoas que te amam terão de você quando não estiver mais por perto? Depois de conversar com mais de 3.000 americanos sobre como pensam e lidam com o legado, Kevin Henfman, Diretor do Bank of America, descobriu que 7 em cada 10 entrevistados querem ser lembrados pelas memórias e momentos compartilhados com quem amam. Organizar suas memórias, conselhos e aprendizados é um presente e tanto para quem fica.
Planejar seu legado é um ato de amor
7 em cada 10 brasileiros acima de 45 anos acreditam ser importante fazer o planejamento de fim de vida, porém, apenas 3 de fato começaram a organizá-lo. Longe de ser um assunto mórbido ou estranho, definir como você quer ser cuidado no futuro, o que fazer com suas finanças e objetos pessoais é manter sua autonomia, independência e protagonismo até o fim, além de dar mais tranquilidade para sua família.
A morte está sendo ressignificada e os maduros lideram essa revolução. Para iniciar a conversa, vale usar técnicas de filmes a jogos: o importante é não deixar o assunto para depois!