Em 2011 ou 2012, não me lembro ao certo, fui com a minha mãe à Marcha das Vadias em Goiânia. Eu, no final da faculdade de Jornalismo, e ela, com muitos anos de luta pelos direitos das mulheres sobre os ombros.
Para quem não sabe, a Marcha das Vadias é um protesto que ocorre em vários lugares do mundo (antes da pandemia, que fique registrado) desde o começo de 2011. Em toda marcha, mulheres (cis e trans) de todas as idades e de diferentes orientações sexuais se encontram para fazer com que suas vozes ecoem pela cidade.
“Queremos respeito”, gritam. “Queremos viver”.
Pois bem, em 2011 ou 2012, quando participei da minha primeira Marcha das Vadias, eu não era a única acompanhada da mãe. Na verdade, o que mais se via eram mulheres de diferentes gerações ali, abraçando o mesmo desejo.
Algumas crianças seguiam os passos das mães, incertas ainda, mas começando a aprender o que a luta contra o machismo significa. Muitas mulheres no começo dos 20 anos, assim como eu naquela época, e que, assim como eu, já haviam vivenciado alguma forma de preconceito ou discriminação em função do gênero.
E muitas mulheres com 40, 50 e 60 anos, ou até mais que isso. Todas de lilás, caminhando à nossa frente com faixas na mão e os rostos pintados. Levavam no semblante anos de história e a experiência de quem já está acostumada a percorrer esse caminho.
Quando falamos sobre longevidade feminina, precisamos pensar em tudo que corrobora para a qualidade de vida das mulheres, como: educação, saúde, trabalho e segurança, assim como direitos civis, sociais, reprodutivos e sexuais.
Ao longo de sua vida, minha mãe sempre se mesclou às vozes de tantas e tantas mulheres que clamam por suas vidas. E tenho muito orgulho em dizer que esse foi um dos maiores aprendizados que ganhei dela: lutar por mim e por aquilo em que acredito.
Se tenho alguma confiança na pessoa que me tornei, então foi porque me espelhei no caminho que ela trilhou antes de mim. E acho isso bonito. São as gerações que, mesmo separadas pelo tempo, buscam se unir e dar as mãos para alcançar aquilo que é desejo de todas.
Pois o Dia da Mulher representa isso – também. É a nossa união em prol da nossa longevidade. É o abraço coletivo que nos levanta diariamente, nos impulsiona para o alto, pois uma conquista de uma é também a conquista de todas.
Minha mãe, assim como as outras mulheres que estiveram conosco durante a Marcha das Vadias, abriu o caminho para mim. Me ensinou e me mostrou o que era justo e os motivos pelos quais vale a pena me posicionar. E, agora aos trinta e poucos anos, espero também continuar ampliando esse caminho, construindo uma estrada cada vez mais robusta e segura para as mulheres que virão.
E o que eu desejo, não apenas no Dia da Mulher, mas em todos os dias do ano, é que relembremos, sempre, de todas aquelas que vieram antes de nós. É a nossa história e a nossa luta, e sempre será.