Já pensou em escrever um livro e eternizar sua história? Para muitas pessoas, a maturidade traz uma bagagem de experiências e reflexões que merece ser registrada. E foi justamente essa paixão por contar histórias que motivou a jornalista Gabriela Gasparin a fundar a Vidaria Livros, uma editora e consultoria especializada em transformar memórias e trajetórias em obras literárias.

“A escrita tem um poder imenso de organizar ideias e dar novos significados à nossa própria história. Criar narrativas é algo essencialmente humano, uma forma de dar sentido à vida e construir um legado. Registrar essas memórias é também uma maneira de conectar gerações, permitindo que filhos, netos e bisnetos conheçam a história familiar e, consequentemente, aprendam mais sobre si mesmos", explica. Gabriela conta que o primeiro projeto da Vidaria Livros foi, inclusive, a biografia de uma grande matriarca, que serviu de inspiração para toda a família.

“Colocar memórias para fora é um processo curativo, quase como uma terapia. Ao revisitar o passado, podemos ressignificar experiências e encontrar novas perspectivas”, ressalta Gabriela.

Além disso, a jornalista conta que muitos autores desejam compartilhar suas trajetórias para inspirar outras pessoas. "Histórias de superação, como empresários que enfrentaram falências e deram a volta por cima, ou pessoas que lidaram com luto e doenças, têm um valor imensurável. Outros, ainda, escrevem pensando nas futuras gerações, com o desejo de deixar um legado. Geralmente são filhos e netos que querem ter a historia guardada", explica.

E é claro que escrever sobre a própria vida também traz desafios. Relembrar situações difíceis exige coragem, e tornar essa história pública demanda ainda mais disposição. “É preciso estar preparado para revisitar dores, mas também para se orgulhar das conquistas e reconhecer a sabedoria adquirida ao longo dos anos”, destaca Gabriela.

Gabriela Gasparin auxilia quem deseja escrever um livro na terceira idadeCrédito: Gabriela Gasparin/Divulgação

Inspirações para quem quer escrever um livro na maturidade

Entre os muitos exemplos inspiradores da Vidaria Livros, há o caso de Fábio Audi, um dentista aposentado que usava conceitos de psicanálise no atendimento aos pacientes e, após os 60 anos, decidiu escrever sua história. Agora, o livro está sendo traduzido para o inglês e seguirá para os Estados Unidos. Outro exemplo é o de Lélio Gomes, empresário com mais de 70 anos responsável por levar as tradicionais casinhas alemãs para Campos do Jordão, que escreveu sua biografia para registrar essa contribuição cultural.

E para quem pensa em escrever um livro, mas não tem experiência, Gabriela recomenda começar pela leitura de biografias e histórias de vida. Outra prática essencial é a escrita livre e despretensiosa, já que escrever diariamente, sem julgamentos, ajuda a encontrar sua própria voz narrativa. A autora Julia Cameron, em seu livro "O Caminho do Artista", sugere as chamadas "páginas matinais", ou seja, escrever três páginas todos os dias, logo pela manhã, sobre qualquer pensamento ou sentimento.

“A escrita é como um treino. Assim como um músico precisa ensaiar para tocar bem, o escritor precisa praticar para aprimorar sua habilidade”, compara Gabriela.

Ela também ressalta a importância de manter o prazer pelo processo, sem se preocupar excessivamente com a qualidade ou o julgamento alheio. “Se há um desejo de compartilhar sua história, não deixe que o medo ou a autocrítica impeçam você. Comece devagar, estabeleça metas e aproveite essa jornada de autoconhecimento", orienta a fundadora da Vidaria Livros.

Escrever um livro ajudou a eternizar as historias desses autoresCrédito: Capas dos livros "O dentista do Dr. Freud", de Fabio Audi; e "Transformando Campos do Jordão", de Lélio Gomes.

Confira a entrevista com Gabriela Gasparin e coloque sua história no papel

Por que escrever um livro na maturidade é tão transformador?

Porque a escrita permite ressignificar a própria história. Ao colocar memórias no papel, conseguimos enxergar nossa trajetória de um novo ângulo, entendendo como cada experiência contribuiu para nos tornarmos quem somos hoje. Esse processo traz uma sensação de potência, libertação e empoderamento.

Quais são os principais desafios de quem decide contar sua história?

O primeiro desafio é a coragem de olhar para a própria vida, revisitando tanto as alegrias quanto as dores. Depois, há o medo da exposição e do julgamento alheio. Também é comum a dificuldade de manter a disciplina e a constância na escrita.

Como transformar memórias em uma narrativa envolvente?

Uma técnica eficiente é criar uma linha do tempo, organizando os acontecimentos de forma cronológica. Também é importante trazer cenas, diálogos e descrições que ajudem a construir uma narrativa vívida e autêntica. Cada história é como uma colcha de retalhos, e cabe ao autor costurar esses fragmentos de forma harmoniosa.

Quais os benefícios emocionais e psicológicos da escrita?

Escrever é terapêutico. Ajuda a passar a limpo o passado, criar novas narrativas sobre o que vivemos e enxergar nossa história com mais clareza e leveza. Também promove o autoconhecimento, a autoestima e a criatividade, além de ser uma forma prazerosa de ocupar o tempo.

Por onde começar para escrever um livro?

Ler bastante, especialmente biografias, para se inspirar. Depois, praticar a escrita livre, sem se preocupar com a qualidade ou a edição, apenas para soltar a criatividade. Recomendo também o livro "O Caminho do Artista", de Julia Cameron, que traz dicas preciosas para quem quer desenvolver o hábito da escrita.

Qual conselho você daria para quem está hesitando em começar?

Se há um desejo de contar sua história, não deixe que o medo ou a autocrítica o impeçam. Comece devagar, estabeleça pequenas metas e aproveite o processo. Escreva por prazer e, aos poucos, vá reconhecendo sua voz e sua autenticidade. A sua história é única e merece ser contada!


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