Quando comecei minha startup, senti uma grande dificuldade com tecnologia. Na minha cabeça passavam várias dúvidas: Como criar um site? Quais canais são mais indicados para eu me comunicar com o público? Como eu crio métricas que me auxiliem a gerenciar essas ferramentas digitais?

Enfim, esse artigo não é para eu contar sobre as minhas angústias tecnológicas, mas sim sobre a experiência que surgiu no curso “Mulheres 50+ em Rede”. Foi a partir desse insight que pensei: Bom, deve haver outras pessoas como eu, sem formação em tecnologia, com um orçamento apertado para contratar alguém da área e, é claro, que se tornaram melhores amigas do Google.

Então revolvi unir essa demanda tecnológica com gerontologia. O resultado foi a criação de um curso de capacitação digital para empreendedoras a partir de 50 anos de idade, chamado “Mulheres 50+ em Rede”.

Sim, foi um curso exclusivamente para mulheres. Se a gente for olhar os dados, de modo geral, os idosos no Brasil têm um baixo acesso à internet, em torno de 10%. Contudo, como apontada na pesquisa anual do Fórum Econômico Mundial de 2016, a previsão é de que o Brasil leve 95 anos para atingir a igualdade de gênero (é muito tempo!!). Então, pelo menos por enquanto, são importantes ações específicas, como, por exemplo, as que contribuam para maior participação das mulheres na tecnologia e, por consequência, no mercado de trabalho.

Mas não se iluda com a percepção de que essa seja uma geração de sexo frágil. Não duvide de mulheres que passaram por guerra mundial, que lutaram no Brasil pelo seu direito ao voto em 1932 ou que em algumas décadas tiveram a coragem de sair do ambiente doméstico e conquistar espaço no mercado de trabalho. Já que elas são tão poderosas assim, o que falta? Mais oportunidade.

Por exemplo, no curso que ofereci, o período de inscrição foi inferior a um mês, ocorreu apenas em ambiente digital e houve a candidatura de 177 mulheres empreendedoras maduras. Um número que pode nos dizer que há uma demanda já existente. Além disso, várias participantes não frequentavam algum tipo de capacitação há muito tempo, o que indica a falta de iniciativas nessa área.

Ao oferecer um curso de capacitação em tecnologia, você não garante apenas o acesso aos meios digitais, mas também a possibilidade de empoderamento no uso desses recursos. Com isso, essas empreendedoras ganham maior autonomia para buscar mais informações do seu interesse. Começa a construir-se um mundo de informações, que podem até mesmo possibilitar o estabelecimento ou expansão do próprio negócio.

Além dessa imersão em tecnologia, gostaria de compartilhar com vocês questões quem transcenderam o curso de capacitação digital. Ou seja, o “Mulheres 50+ em Rede” conseguiu, por meio da educação em tecnologia, estimular em diferentes níveis a autoestima das participantes; a criar de vínculos entre elas; e também a motivar a participação em novas iniciativas, como eventos, cursos, palestras, grupos.

Acredito que o real sentido de promover ações educativas seja empoderar as participantes para que elas se sintam confiantes em seguir seus próprios passos, objetivos e sonhos. Para complementar, trago o relato de uma das participantes em uma das avaliações sobre o curso: "Queridas companheiras, estou ainda no ritmo da última aula, sonhando e idealizando meu projeto. Agradeço à todas pela riqueza de conteúdos e experiências".

O que podemos concluir com tudo isso? Quando fomentamos a participação de empreendedoras maduras na tecnologia, vemos como é possível a construção de uma rede mais diversificada, colaborativa e experiente.

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