Em 2013, fui ao meu primeiro show do Paul McCartney com meu pai e meu irmão. Na época, morria de inveja de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, pois Goiânia era um lugar pouco provável para abrigar um show do ex-Beatle, apesar da quantidade estrondosa de fãs na capital goiana.
(Já deixo aqui meu recado aos desavisados de plantão: Goiânia pode até ser conhecida como a capital do sertanejo, mas é também lar de muitos roqueiros raiz.)
Bem, cansei de acompanhar a passagem de McCartney (e outros músicos) aqui no Brasil pela TV, longe de qualquer possibilidade de assistir a um dos meus ídolos tão de perto.
Ainda bem que Goiânia logo se tornou rota para o músico.
Paul McCartney canta em show em SP em 2019 (última passagem pelo Brasil) — Foto: Fábio Tito/G1
Acho que nunca vou esquecer o que senti ao esperar na fila para entrar no estádio Serra Dourada. Era algo como uma euforia surreal, ainda sem acreditar que estava prestes a cantar junto a milhares de pessoas músicas que eu sabia de cor desde criança.
Pois sou fã de Paul McCartney e dos Beatles desde que me entendo por gente.
Se eu pensar em uma das várias coisas que herdei dos meus pais, uma coisa me vem logo à mente: o amor pela música.
Tanto meu pai quanto minha mãe são fãs indiscutíveis do famoso quarteto de Liverpool. Tanto é que meu primeiro show do McCartney foi ao lado do meu pai. Espero que a próxima vinda dele ao Brasil eu possa aproveitar ao lado de minha mãe.
Então, o show de 2013 não foi apenas um sonho de criança sendo realizado. Foi a celebração de uma vida toda; um momento que uniu famílias, amigos e gerações tão diversas ao coro arrepiante de Hey Jude sob uma chuva de gafanhotos e a liderança de um homem cujo maior desejo é fazer (e continuar fazendo) música.
Música que inspira, que une e que transforma pessoas.
Vídeo registrando a invasão de gafanhotos no show do Paul McCartney em Goiânia, ao som de The Long and Winding Road
Paul McCartney: amor à música e amor à vida
“Não estou velho nem me aposentando”, disse Paul McCartney em uma entrevista concedida à BBC de Londres no ano passado.
Sorte a nossa!
Aos 80 anos, McCartney está longe de se cansar dos palcos ou de parar de criar e produzir. Seu disco mais recente (McCartney III) foi lançado em 2020. Em 2021, ele lançou um livro chamado Paul McCarney: As Letras e lançou um documentário ao lado de Rick Rubin intitulado McCartney 3, 2, 1.
Ou seja, ele não está nem próximo de querer que isso tudo acabe.
E repito: sorte a nossa.
Com tudo que já conquistou em sua carreira (e em sua vida), McCartney parece saber que ainda tem muita coisa a realizar. Se parasse hoje, ainda seria um dos roqueiros mais ricos do mundo (senão o mais rico).
Mas o que o move vai além do dinheiro: é paixão e muito amor pelo que faz.
Após tanto tempo na estrada, ainda se diverte muito quando sobe aos palcos, como se realmente fosse a primeira vez que fizesse isso. Como se não estivesse fazendo a mesma coisa por incontáveis anos, dia após dia.
Em 2013, me surpreendi com sua energia no palco. Foram três horas de show e, diga-se de passagem, três horas incansáveis. Em 2014, fui com meu marido (na época, namorado) assisti-lo no Rio de Janeiro e, de novo: aquela energia imparável ao se apresentar.
Aos poucos, Paul McCartney se transformou diante dos meus olhos. Minha admiração por ele nasceu pelos Beatles, quando ainda era apenas sobre música.
No entanto, assim como ele, me redescobri e me reinventei, e hoje tento seguir seus passos. Não como cantora (apesar do meu nome, não queiram estar no mesmo ambiente que eu quando tento cantar), mas em relação a como enxergo a vida e no amor por aquilo que me move todos os dias.
Paul McCartney no estúdio de gravação durante sessão do álbum 'Egypt Station' — Foto: Divulgação
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