Anton Karl Biedermann, aos 99 anos, quebrou mais um recorde mundial de natação. Com o feito, ele se consolida como um dos maiores exemplos de longevidade e saúde. Sua recente conquista, nos 50 metros costas na categoria 100+, foi alcançada no Campeonato Estadual Master de Inverno, na piscina olímpica do Recreio da Juventude, em Caxias do Sul.

Essa marca é apenas mais uma na extensa carreira de Anton Karl. O atleta dedica sua vida ao esporte e à superação. Ele também destaca a importância de uma rotina saudável e equilibrada para manter o corpo e a mente ativos ao longo dos anos.

Anton Karl se torna a inspiração de gerações

Nascido em Rio Grande (RS), Anton Karl Biedermann sempre foi inspirado pelas figuras heroicas de sua infância. Admirador dos filmes de Tarzan, especialmente o interpretado por Johnny Weissmuller, Anton decidiu aprender a nadar aos 12 anos, quando sua família se mudou para Guaratinguetá (SP). Desde então, nunca mais parou. Hoje, o centenário atleta do Grêmio Náutico União, que começou a competir aos 17 anos, é uma inspiração para muitos.

Sua trajetória é recheada de conquistas e memórias. Ele lembra que aprendeu a nadar em três dias, inspirado pelo Rei das Selvas. Ao longo da vida, Anton acumulou medalhas, mas sempre praticou o esporte como um hobby. Apesar de seu sucesso nas piscinas, ele seguiu carreira como empresário, após formar-se em Ciências Contábeis e Economia pela PUC-RS.

Anton Karl não foi apenas um nadador dedicado, mas também um exemplo de determinação para seus filhos e netos. Ao lado de sua mãe, Alice, que nadou até os 94 anos, ele inspirou gerações a manterem-se fisicamente ativas. Sua filha Rosane foi campeã brasileira de ginástica olímpica, e seu filho Carlos, aos 71 anos, já correu 19 maratonas. O legado de Anton Karl continua vivo através de seus filhos, netos e bisnetos, que seguem os passos do patriarca no esporte.

Em outubro, Anton participará, ao lado de sua família, do Campeonato Sul-Americano Masters de Natação, em Buenos Aires. Rosane e Carlos estarão com ele na equipe de revezamento 4x50m medley misto, junto com sua neta Paula. Para Anton, o esporte é muito mais que uma atividade física; é uma filosofia de vida que ele passa adiante para seus descendentes.

Anton Karl e seu legado de longevidade

Anton Karl é um dos poucos brasileiros a alcançar os 100 anos com tanta vitalidade. No Brasil, segundo o Censo de 2022, apenas 37,8 mil pessoas chegam a essa idade. Além de sua rotina diária de exercícios, Anton compartilha os segredos de sua longevidade. Ele pratica natação seis vezes por semana, por uma hora e meia por dia. Além  disso, segue uma rotina de sono rigorosa e uma alimentação equilibrada. Dormir cedo, acordar antes do sol nascer e alongar-se ainda na cama são alguns dos hábitos que o atleta segue religiosamente.

Mas a longevidade de Anton Karl não se deve apenas a essas práticas. Ele enfrentou sérias complicações de saúde ao longo dos anos, incluindo uma cirurgia de emergência na vesícula nos anos 1980 e a colocação de pontes de safena e mamária após um cateterismo. Desde os 60 anos, convive com o diabetes, mas o controle da doença, segundo ele, foi facilitado pela prática contínua da natação.

“Até hoje, quando tenho algum problema, sabe o que eu faço? Pulo na piscina”, comenta com bom humor. Ele acredita que o esporte não apenas mantém seu corpo em movimento, mas também sua mente, ajudando-o a lidar com os desafios da vida.

Rosane, filha de Anton Karl, ajudando o pai a vestir o roupão à borda da piscina do Grêmio Náutico União Foto: João Mattos/Divulgação Crédito: João Mattos/Divulgação

Os desafios da natação brasileira

Mesmo com sua longa história na natação, Anton Karl lamenta a falta de incentivo para o esporte no Brasil. Ele relembra que o país não conseguiu conquistar medalhas na natação durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, com o melhor resultado sendo o quinto lugar de Guilherme Costa nos 400 metros livre masculino. Anton acredita que a falta de escolinhas e de incentivo ao esporte nas primeiras idades é um dos grandes problemas que o país enfrenta.

O Brasil, que já conquistou 15 medalhas olímpicas na natação, tem como principal referência o ouro de César Cielo nos 50 metros livre em Pequim 2008. Para Anton, essa falta de investimento nas categorias de base prejudica o desenvolvimento de novos talentos. Ele reforça a importância de incentivar as crianças a nadar desde cedo. “Não estamos incentivando nossas crianças a nadar. Há poucas escolinhas no Brasil”, alerta.

O legado de Anton Karl no livro “50 metros a mais...”

A trajetória de Anton Karl foi contada no livro “50 Metros a Mais...”, escrito pela jornalista Suzana Naiditch. Publicado em 2018, o livro narra as aventuras e desventuras de Anton dentro e fora das piscinas, incluindo uma lição que ele aprendeu durante uma competição em 1942. Ao disputar os 1.500 metros, Anton diminuiu o ritmo e permitiu que seu oponente, Lauro Meyer, vencesse. Depois da prova, Lauro admitiu que teria desistido se Anton tivesse continuado por mais 50 metros. Essa experiência marcou Anton, que a usou como uma lição de vida: nunca desistir.

Até hoje, Anton leva essa lição a sério. Ele acredita que o segredo da vida é nunca desistir, especialmente nos momentos difíceis. Essa mentalidade o guiou por quase um século e continua a inspirar pessoas ao redor do mundo, tanto no esporte quanto fora dele.

Mesmo prestes a completar 100 anos, Anton Karl não pensa em parar. Para ele, a vida é um constante aprendizado. O esporte é uma ferramenta para alcançar a paz interior e a saúde física. Ele segue treinando diariamente, cercado pelo carinho da família e amigos, que o veem como uma referência de vitalidade e perseverança.


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