Acabou a discussão! Está comprovado cientificamente que o segundo filho é mais arteiro que o primeiro. A pesquisa, chamada de Birth Order and Delinquency (Ordem de nascimento e a Delinquência, em tradução livre) foi realizada em 2017 com mais de 2 milhões de crianças americanas e dinamarquesas.
Responsáveis pela pesquisa, Sanni Breining, Joseph Doyle, David N. Figlio, Krzysztof Karbownik e Jeffrey Roth tentaram entender como a ordem de nascimento pode influenciar o surgimento de problemas disciplinares das crianças na escola, a delinquência juvenil e se tem reflexos na idade adulta, levando a um comportamento criminoso.
De acordo com os cinco pesquisadores, a tendência à rebeldia não é tão sentida quando o segundo filho é do sexo feminino. Mas se for um menino, é bom se preparar, porque a probabilidade de se tornar um “rebelde sem causa” é grande.
O segundo filho é mais arteiro. Entenda o porquê
O estudo não identificou evidências de que o segundo filho seja menos saudável que os demais, nem que os pais ou provedores financeiros invistam menos na educação do caçula. Contudo, o tempo que os pais dedicam ao primogênito costuma ser bem maior que o dispensado aos demais. E aí surge a rebeldia. “Consideramos as diferenças na atenção dos pais como um fator potencial de contribuição para as lacunas na delinquência”, declararam os responsáveis pela pesquisa.
“Lidar com o novo sempre causa medo”
Na opinião da psicóloga e Gestalt-terapeuta Valéria Daumas, não se trata de uma menor atenção, mas uma atenção ajustada. “Com o primeiro filho, é tudo novo, diferente, difícil, cansativo e, por que não, assustador?”, comenta Valéria. “Lidar com o novo sempre causa medo”.
Ela pontua que é comum os pais dispensarem toda energia possível e todo amor ao primeiro filho. Existe o compromisso e a responsabilidade de amá-lo. “O próprio relacionamento original muitas vezes fica desassistido e todo o amor é direcionado para uma ‘blindagem ao novo membro’. Essa blindagem pode fazer com que esse filho se torne menos expressivo, menos crítico e menos atencioso, até mesmo com os próprios genitores, pois nada lhe falta, tudo é oferecido antes mesmo dele sequer desejar, como se fosse uma comunicação por telepatia”, explica. “O filho não se manifesta, só aceita, acata. Como ser mais comunicativo? Nem ele mesmo sabe o que é melhor pra ele, não sabe o que quer”.
Mas quando o segundo filho chega, todo aquele excesso vai por água abaixo. “Nesse momento, cria-se alguém que pede, que deseja, que se manifesta. Com isso, ele se comunica muito melhor, se expressa mais e se torno mais visível”. Para a terapeuta, o segundo filho cresce bem diferente do primeiro com toda sua blindagem e suposta imaginação de saber tudo, o que pode levar à formação de uma personalidade machista.
Já com relação ao fato de a estatística não se aplicar ao segundo filho do sexo feminino, Valéria entende que, sendo uma menina, novas expectativas vão surgir em relação ao novo, ao diferente. E, por precaução, cuida-se outra vez com todos os exageros e mimos pra lá de necessários. O problema, na opinião da especialista, é que isso pode gerar uma família desconectada da realidade.