Autoestima elevada. Extinção do sentimento existencial de solidão. Completude emocional e sexual. Eis apenas alguns benefícios, segundo a psicóloga e especialista em relacionamentos Tina Muniz, que fazem valer a pena encontrar um novo amor depois dos 50 anos. “É uma oportunidade de ser realmente amado, já que a idade proporciona maturidade afetiva, o que pode não ter ocorrido em outros relacionamentos”, complementa.
Porém, para viver um romance maduro, duas convicções devem ser abandonadas: 1) A teoria de que quanto mais idade, mais difícil será se relacionar; 2) Aquela verdade absoluta que se torna crença de tanto ser afirmada: para as mulheres, homens mais velhos só querem as jovens; para os homens, as mulheres escolhem muito e, por terem conquistado independência econômica, buscam parceiros mais bem estruturados financeiramente.
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"Várias questões podem atrapalhar alguém de encontrar um novo amor após os 50 anos. Tudo depende da história de vida de cada um e de como essa pessoa percebeu e internalizou os relacionamentos que foram modelos em sua vida”, explica a especialista. Mas, afinal, qual o caminho das pedras para facilitar a busca por um romance? “Querer um relacionamento e estar aberto a ele”, sentencia.
Sueli Aparecida Freitas, 57, e Ronaldo Sobledi Rohdt, 54, que foram apresentados pela ex-esposa dele; crédito: Arquivo Pessoal
"Eu só desejei [encontrar um novo amor] e fiquei aberta. E ele veio”
E foi com esse pensamento que Sueli Aparecida Freitas, 57, encontrou o namorado, Ronaldo Sobledi Rohdt, 54. "Eu só desejei e fiquei aberta para que o amor surgisse. E ele veio”, conta.
A professora e o técnico em mecânica foram apresentados pela ex-esposa dele e se encontravam casualmente no mesmo centro espírita. Apenas anos depois de se conhecerem, com Sueli separada do primeiro marido após 28 anos de casamento e Ronaldo sem compromisso, que a paquera começou.
"Duas amigas diziam que ele estava apaixonado e eu deveria namorá-lo. De tanto insistirem, comecei a observar. Aí, ele me convidou para fazer uma trilha e tudo começou”, revela a professora.
O espírito aventureiro de Ronaldo, aliás, uniu o casal. Apaixonado por motos, convenceu a amada, que morria de medo de estar sob duas rodas, a andar em sua garupa. "Aos poucos, ele me mostrou que não era perigoso. Começamos viajando por lugares próximos, mas já fomos para Machu Picchu (Peru) e diversos lugares da América do Sul, Brasil e Europa”, diz ela.
Para Sueli, quando chegam aos 50 anos, todos precisam estar disponíveis para novas descobertas e aprendizados. “Claro, dá medo, mas precisamos arriscar. As pessoas não se dão a oportunidade de experimentar novidades e por isso não vivem. A vida não acaba aos 50, recomeça”, defende.
Há um ano, ela e Ronaldo vivem um romance à distância. Ele conseguiu um emprego na Suíça depois que começaram a namorar. Em abril, o casal, que nunca dividiu o mesmo teto, vai subir ao altar e ela se mudará de país.
Márcia Barreto, 54 anos, conheceu Luiz Antônio de Oliveira Cardoso, 64, em uma viagem a Portugal, onde ele mora. Crédito: Arquivo Pessoal
“O melhor de encontrar um amor após os 50 é ter a consciência das próprias escolhas”
Da Europa também veio o novo amor da terapeuta energética Márcia Barreto, 54. Ela esteve em Portugal e percebeu no local potencial na área holística. Interessada em apresentar seu trabalho por lá, fez contatos até chegar ao fitoterapeuta Luiz Antônio de Oliveira Cardoso, 64, em 2015.
“Nossa história começou de modo virtual e os primeiros momentos não foram fáceis. Afinal, tínhamos culturas e estruturas diferentes. Além disso, os dois estavam acostumados a gerenciar as próprias vidas”, conta Márcia, que nunca se casou nem teve filhos. Ele, viúvo, esteve por 30 anos em uma união e também não teve herdeiros.
A terapeuta garante que, antes desse encontro, já nem pensava mais em se comprometer com alguém. "Parecia algo difícil de se realizar, pois não estava disposta a abrir mão da minha vida nem ele da dele”, explica.
Mas a maturidade dos 50 anos, segundo ela, fez toda a diferença. "O que encontramos um no outro foi companheirismo, amor, estabilidade. E esse relacionamento se consolidou, fortaleceu, prosperou, principalmente ao levarmos em conta que vivemos cada um na sua casa, no seu país, indo e voltando quando possível”, diz ela.
Questionada sobre como encontrou um amor nesse momento, Márcia diz que apenas permitiu receber e transmitir os melhores sentimentos cultivados durante a vida, nos relacionamentos anteriores, nas amizades e na família. Como definem a relação hoje? "No Brasil, ele é o meu namorido. Em Portugal, nos apresentarmos como esposa e marido”, explica, denunciando as diferenças culturais.
Márcia garante que não se sentia solitária antes de conhecer Luiz, mas assume a alegria de dividir e compartilhar projetos, planos e sonhos com alguém. "O melhor de encontrar um amor após os 50 é efetivamente ter a consciência das minhas próprias escolhas. Posso escolher ser feliz e viver com facilidade, como também posso escolher viver com ciúme, incerteza, cobranças. Nós escolhemos amizade, companheirismo, palavras amorosas, união”, filosofa.
5 dicas para encontrar um novo amor
1 - Fique de olho. Um romance pode surgir em qualquer lugar: na igreja, no clube, na padaria, na casa dos amigos, na faculdade… As possibilidades são infinitas.
2 - Aprenda sobre o amor, saiba por que quer um relacionamento e, principalmente, qual o papel do outro em sua vida e o seu papel na vida dele. "Sem isso, poderá trazer qualquer pessoa para preencher lacunas e necessidades afetivas, correndo o risco de uma relação fracassada, pois ninguém preenche aquilo que você ainda não fortaleceu em si próprio”, explica a psicóloga Tina Muniz.
3 - Não se baseie em romances anteriores para determinar se a próxima relação será boa ou não. Ressignifique as experiências passadas, o que reflete as partes positivas e negativas, perdoar, abençoar e estar livre, leve e solto para uma nova experiência.
4 - Seja confiante. Em cada idade você tem um entendimento diferente do que precisa na vida, do que dá conta e do que espera do outro. Se repetir antigos padrões ainda não se curou de suas antigas relações. Fazer terapia pode ajudar.
5 - Caso algum familiar se oponha à relação, imponha limites. "Existe a crença de que os mais velhos não podem se relacionar. Isso acontece com familiares controladores e manipuladores que querem o afeto do pai, da mãe e até mesmo dos avós só para si”, analisa. Nesses casos, Tina aconselha a dizer aos possessivos de plantão: eu já vivi muito para vocês, tenho todo o direito de escolher viver a minha vida da forma que quiser.