É fato: com o avançar da idade, o organismo registra modificações no trato genitourinário (também conhecido como urogenital) que afetam a vida sexual, uma vez que dificultam a ereção, a penetração ou a ejaculação.
A secura vaginal, por exemplo, muito associada à redução dos níveis de estrogênio na menopausa, é um dos cenários, assim como a disfunção erétil, que pode ser consequência de enfermidades prévias, tabagismo e até problemas conjugais.
Entretanto, um outro fator, muitas vezes ignorado, pode estar por trás dos problemas sexuais: sãos as doenças e os remédios que não parecem ter qualquer relação com o assunto, mas que se revelam responsáveis por tais transtornos.
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Pesquisa recente publicada na revista científica PLOS One (confira aqui, em inglês) revela que um em cada quatro homens e uma em cada seis mulheres entre 55 e 74 anos têm um problema de saúde que afeta a sua vida sexual.
Para saber quais são alguns desses "vilões", o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon conversou com Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista; e o geriatra Natan Chehter.
8 medicações que mexem com a vida sexual
Antidepressivo
A depressão é uma das doenças que mais levam à baixa da libido. Como a pessoa tende a não sentir vontade de viver, consequentemente afasta-se dos relacionamentos. No corpo, acontecem alterações bioquímicas cerebrais e tal desequilíbrio leva a uma alteração de humor e baixa da serotonina, que é o hormônio do prazer e do bem-estar.
No tratamento, o remédio usado aumenta a serotonina. O problema é que, quando o organismo fica repleto dessa substância, a pessoa não precisa mais buscá-la por meios tradicionais – que incluem o sexo. Por isso, quem toma antidepressivos pode ter a libido prejudicada pelo excesso de serotonina circulante.
Para solucionar, é preciso "desmamar" o paciente o mais depressa possível do medicamento, adotando-se também uma vida mais saudável, com prática de atividade física, alimentação balanceada e outros mecanismos que combatam a depressão.
Nesse quadro, é indicada avaliação médica para definir se é possível trocar a medicação.
Anticoncepcional
Pode aumentar a enzima que carrega a testosterona. Ela, por sua vez, "rouba" a testosterona circulante. Como esse é o hormônio que acende o desejo sexual, quem usa anticoncepcional precisa estar atento aos níveis adequados do hormônio no organismo, para que não haja baixa da libido.
É melhor dar preferência a implantes hormonais que não atuam dessa forma, incluindo DIU de cobre e Mirena.
Crédito: areeya_ann / Shutterstock
Anticonvulsivante e neurológicos
A questão é que eles podem causar problemas por aumentar a prolactina na mulher, o que leva à baixa na testosterona.
Tais remédios, na maioria das vezes, não podem ser suspensos, o que torna o problema difícil de ser contornado.
Betabloqueadores e para insuficiência cardíaca.
Antiarrítmico e anti-hipertensivo podem contribuir para a disfunção erétil. O betabloqueador mexe não só com a musculatura cardíaca, mas de todo o corpo. Ou seja, do mesmo modo que atrasa os batimentos cardíacos, pode influenciar na sensibilidade dos vasos do pênis, afetando o estímulo.
Quando possível, é importante discutir com o médico a troca de medicação.
Diuréticos
Utilizados com anti-hipertensivos, também levam à disfunção erétil. Os tiazídicos, por exemplo, podem provocar a inibição da produção de alguns hormônios – testosterona, principalmente.
Se o problema for confirmado, deve-se conversar com o médico a possibilidade de troca da medicação.
Tratamento da próstata
São os remédios campeões de alterações na vida sexual, porque se revelam inibidores do hormônio masculino – praticamente antagonistas da testosterona.
Em caso de problemas, recomenda-se reavaliar com o especialista o tratamento.
Doenças que afetam a vida sexual
Embora as medicações que tratam o diabetes não afetem a vida sexual, a doença, no homem, pode causar problemas de ereção. O diabetes descompensado causa deficiência nos vasos sanguíneos, prejudicando a irrigação do membro sexual, o que leva à disfunção erétil. Nas mulheres, provoca infecções, como candidíase, levando-as a sentirem dor no ato e impedindo uma vida sexual normal.
Há outras situações que, apesar de não afetarem diretamente o organismo, atrapalham a vida sexual pelas limitações que impõem.
É o caso de problemas ortopédicos e reumáticos, que costumam causar dores. Neste grupo, podemos incluir artrite reumatoide, artrose de diferentes articulações, fraturas prévias, cirurgias ortopédicas etc. O sofrimento provocado pelos movimentos limita a prática do sexo. A alternativa é encontrar posições que evitem dores.
Além disso, doenças cardiovasculares, como infarto, ou que limitem esforços físicos também restringem o sexo, já que a pessoa pode sentir falta de ar e dor no peito, por exemplo. Nesses casos, é necessário concluir a reabilitação cardiovascular para conseguir aumentar o esforço, progressivamente. Medicações para dor e adaptação das posições podem ajudar a melhorar a performance no sexo.