Os dados da Organização Mundial da Saúde são um alerta: 900 milhões de pessoas em todo o mundo poderão vir a ter deficiência auditiva até 2050, quase o dobro dos atuais 466 milhões. A explicação estaria no envelhecimento da população, mas esbarra também no descuido com a prevenção. Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia, entre 15% e 20% dos brasileiros têm zumbido, sintoma que indica perda auditiva. Destes, apenas 15% procuram ajuda médica.
Você sabia que a perda auditiva pode acentuar ainda mais o risco de quedas em idosos? Mais especificamente, a cada dez decibéis a menos ouvidos, aumentam as chances de um idoso cair em 1,4 vezes. Não dê bobeira! Clique aqui e veja como se prevenir.
A audição, segundo o otorrinolaringologista Fernando Cezar Cardoso Maia Filho, é o sentido que envelhece mais precocemente, pois é mais sensível a muitas variáveis durante a vida, que a afetam de forma cumulativa. Entre elas estão, além da exposição a sons altos, o uso de antibióticos; o tabagismo; e as doenças como caxumba, meningite, rubéola e sarampo e crônicas como colesterol elevado, diabetes e pressão alta. “Todas vão levando à perda auditiva ao longo dos anos.”
A deficiência auditiva afeta as pessoas de várias maneiras e tem um grande impacto na comunicação. Podem não só gerar situações constrangedoras no dia a dia, mas também interferir nas capacidades sociais, de aprendizagem e de trabalho e, consequentemente, levarem ao isolamento e à sensação de solidão.
A boa notícia é que, “se diagnosticada cedo e a depender da causa, existem vários tratamentos” para perda da audição, segundo o otorrinolaringologista Jamal Sobhi Azzam. “Mesmo que não se consiga curar, pode-se amenizar ou compensar a perda natural”, diz o especialista, afirmando que novas tecnologias ajudam muito nesse processo, entre elas os aparelhos de amplificação sonora individual, cada vez mais discretos e com mais tecnologia embarcada.
O fato é que, parcial ou total, de nascença ou por consequência, ninguém está imune ao risco de uma possível deficiência auditiva. Várias celebridades, cada uma com sua realidade, confirmam isso. Ator, músico, modelo, jornalista e até presidente da República convivem com o distúrbio, sem permitir que a questão limite suas vidas, suas carreiras e suas conquistas.
Histórias de 10 famosos com deficiência auditiva e como lidam com ela
1 - Robert Redford
Com mais de 75 filmes no currículo, Robert Redford, 82 anos, brilhou nas telonas em inúmeros romances, dramas, comédias e… ações. E foi justamente na filmagem de um longa de aventuras que o ator comprometeu 60% da audição. Para as cenas mais arriscadas de “Até o Fim”, lançado no Brasil em 2014, ele dispensou dublês e encarou as tomadas em que seu personagem precisava ficar submerso, além de enfrentar máquinas de ondas, vento, chuva e uma mangueira que despejava água em sua cabeça constantemente. A consequência: uma infecção no ouvido esquerdo que o obriga a usar aparelho auditivo até hoje. O problema não o afastou da profissão. No entanto, em 2018, ao lançar “The Old Mand & The Gun”, anunciou a aposentadoria. Em entrevistas seguintes, se negou a falar sobre o fim da carreira.
2 - Halle Berry
Créditos: Joe Seer / shutterstock
Para fortalecer a luta da contra a violência doméstica, Halle Berry expôs o drama que viveu com um ex-companheiro no início da década de 90. Ele a agrediu com vários golpes no ouvido direito, comprometendo 80% de sua audição. Os traumas físicos e psicológicos não impediram a intérprete da personagem Tempestade da saga X-Men de seguir com sua carreira. Mesmo com a deficiência auditiva unilateral, a atriz, hoje com 52 anos, se tornou a primeira mulher negra a faturar o Oscar de melhor atriz, em 2001, pela participação em “A Última Ceia”.
3 - Jodie Foster
Sempre discreta, Jodie Foster, 56 anos, surpreendeu em 2007 quando assumiu ser homossexual. Durante o lançamento do filme “The Brave One”, em Roma, já em 2010, os paparazzi entregaram outra característica desconhecida pelo público: o aparelho no ouvido esquerdo. Mãe de dois filhos, ela não esconde o acessório, mas nunca falou sobre o grau de sua perda auditiva. Seu último trabalho foi no ano passado, “Hotel Artemis”.
4 - Paul Stanley
Na biografia “Uma Vida Sem Máscaras”, lançada em 2014, Paul Stanley, vocalista da banda Kiss, detalhou algo que havia antecipado em uma entrevista à CNN anos antes: era surdo do ouvido direito. O músico de 67 anos nasceu com microtia, uma deformidade congênita. Ele tinha apenas um pedaço da cartilagem do ouvido sem canal auditivo. Já adulto, fez diversas cirurgias reconstrutoras e há dez anos implantou um aparelho auditivo interno. "Muitas pessoas importantes se tornaram bem-sucedidas de formas monumentais mesmo sem ter uma audição normal ou até sem ter qualquer audição”, disse ao canal de jornalismo.
5 - Bill Clinton
Ao notar certa dificuldade para ouvir em ambientes barulhentos, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton procurou um médico. O diagnóstico de deficiência auditiva aos 51 anos não chegou a surpreendê-lo. Para resolver a questão, adotou aparelhos auditivos digitais de alta tecnologia. Embora não se possa definir com certeza as causas do problema do político de 72 anos, acredita-se que atuar como saxofonista de uma banda na adolescência e utilizar rifles de caça podem ter comprometido sua audição.
6 - Vanessa Lima
Crédito: Reprodução/facebook.com/vanessa.l.vidal
Primeira candidata surda a concorrer ao título de Miss Brasil, Vanessa Lima levou o segundo lugar na edição 2008 do concurso e se garantiu como Miss Brasil Beleza Internacional. A partir daí, seguiu a carreira de modelo. A surdez da beldade foi descoberta pela mãe quando a menina tinha dois anos. Atualmente, ela luta pela inclusão e direitos da pessoa surda. Embora oralizada, se comunica por Libras, língua brasileira de sinais. Em 2012, trouxe para o país o concurso Miss Surda Brasil. Hoje, aos 35 anos, é graduada em Letras Libras pela Universidade Federal do Ceará, faz doutorado em Letras e Linguística e é professora no Departamento de Letras-Libras e Estudos Surdos da UFC.
7 - Brenda Costa
Crédito: Reprodução/instagram.com/belle_du_silence
A modelo Brenda Costa, de 37 anos, fala, mas não ouve. Ela nasceu com surdez profunda e frequentou escolas tradicionais, além de aulas de terapia da fala. Embora saiba a linguagem de sinais, prefere ler lábios. E faz isso em português, francês, inglês e italiano. Casada com o fotógrafo Karim Al-Fayed (irmão de Dodi Al-Fayed, ex-namorado de Lady Di), possui dois filhos. O marido, herdeiro de uma das maiores fortunas do planeta, teve meningite aos 6 anos e também não ouve. “Ser surda nunca me impediu de realizar tudo o que quis: desde me comunicar até trabalhar, pagar minhas contas, morar fora…”, disse ela à revista “Glamour”. Disposta a mostrar que todos podem ter uma vida normal, lançou o canal no Youtube Belle du Silence. Nos vídeos, revela um pouco da própria história.
8 - Pedro Bial
Crédito: Globo/Divulgação
Em 2017, no lançamento do talk show “Conversa com Bial”, Pedro Bial revelou que seu ouvido direito tem problemas para ouvir sons graves e agudos desde 1994. A deficiência foi causada durante a cobertura jornalística da guerra de Sarajevo: uma bomba explodiu próximo à equipe de reportagem. Por isso, diferentemente de todos os programas de entrevistas em que o convidado se senta ao lado esquerdo e o anfitrião, ao direto, na atração da Rede Globo, o cenário foi invertido para o apresentador, de 61 anos, ouvir melhor os entrevistados.
9 - Rogério Flausino
Não é incomum um músico sofrer perda auditiva por se submeter a sons superaltos em apresentações e gravações. Rogério Flausino, de 46 anos, vocalista da banda Jota Quest, não escapou ao risco da profissão: perdeu 30% da audição do ouvido direito. A descoberta aconteceu após consultar um especialista para entender o zumbido que ouvia constantemente. Segundo conta, o “earfone”, aparelho que os músicos usam durante o show para ouvir o som que o público está recebendo, foi o responsável pelo problema.
10 - Phil Collins
Grande hitmaker dos anos 80 e com mais de 100 milhões de discos vendidos, Phil Collins, hoje com 68 anos, sofreu de surdez súbita em 2000. O problema surgiu após um longo dia em um estúdio de gravação. Sua audição voltou parcialmente, mas, a partir daí, começou a lidar com a perda auditiva até anunciar a aposentadoria, em 2011. No entanto, ele não conseguiu ficar longe dos palcos por muito tempo em voltou a se apresentar em 2016. Em 2018, esteve no Brasil pela primeira vez, em apresentação solo.
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