À medida que o tempo passa, nosso corpo começa a nos mostrar que estamos envelhecendo. Aos poucos, notamos a chegada dos sinais que acompanham a idade: flacidez, rugas e mudanças nos cabelos, por exemplo. São modificações evidentes. No entanto, as transformações não acontecem apenas na parte externa e visível, como a pele, mas também na perda de resistência, alterações na coordenação motora e no funcionamento do metabolismo. E os nossos órgãos, como ficam nessa história?

O caminho é o mesmo. Pulmões, rins, estômago, intestino, cérebro, fígado... todos se adaptam a esta nova fase da vida, mas nem sempre isso é perceptível a nós. Alguns sofrem a diminuição da função, como no caso de pulmões e rins. E você já pensou no que aconteceria se essa situação ocorresse também com o coração, órgão vital, cuja função principal é bombear sangue para todo o corpo?

Felizmente, nesse caso, há sim alterações e adaptações quando vamos nos aproximando da terceira idade, mas não uma disfunção progressiva de seu funcionamento.

E que mudanças são essas?

Primeiro, é preciso entender que temos que analisar as alterações cardiológicas em diferentes aspectos: musculatura, valvas, artérias coronárias, sistema elétrico do coração e dinâmica cardíaca. Quanto à musculatura, não há grandes modificações. Ocorre apenas uma leve hipertrofia (aumento do tamanho). Isso por si só não seria um problema. O risco surge, no entanto, para aqueles com esclerose valvar em virtude da idade ou que apresentam pressão arterial alta, principalmente quando não há um controle bem estabelecido.

Outra consequência é uma possível dificuldade no relaxamento da musculatura do ventrículo esquerdo, o que pode levar a diminuição no enchimento desta cavidade do coração e, em decorrência disso, a uma insuficiência cardíaca, com acúmulo de sangue nos pulmões exteriorizada pela falta de ar mesmo em repouso.

No caso das valvas cardíacas, a única modificação possível é na valva aórtica, que não apresentando doença estrutural, poderá evoluir para uma estenose, com a diminuição do orifício e o desencadeamento de tonturas, síncopes, dor torácica e insuficiência cardíaca.

Em relação às artérias coronárias, existe o risco do desenvolvimento da chamada doença arterial coronária. No entanto, é preciso destacar que ela não ocorre apenas pela idade. Pelo contrário. Fatores de risco, como genética, hipertensão arterial sistêmica, diabetes, dislipidemia, tabagismo, obesidade e sedentarismo são as principais causas dessa enfermidade.

O envelhecimento pode gerar também, como dito, alterações do sistema de condução dos estímulos elétricos do órgão. Quando isso ocorre, há um bloqueio parcial dos batimentos cardíacos e, por consequência, a ocorrência de desmaios e a necessidade do implante de um marca-passo.

Por fim, não devemos esquecer de mencionar as possíveis alterações da dinâmica cardíaca. Em repouso, o coração “mais velho” funciona quase do mesmo modo que o órgão de um jovem, porém, a frequência cardíaca (número de vezes que o coração bate em um minuto) é discretamente mais baixa. Além disso, durante exercícios físicos, a frequência cardíaca em idosos não aumenta tanto quanto em pessoas mais novas.

Envelhecer não é sinônimo de adoecer 

Mesmo com as transformações relatadas acima, não é difícil encontrar pessoas que já passaram dos 60 anos – e até por volta dos 80! – com corações em pleno funcionamento, com as válvulas em dinâmica adequada, órgão ainda no tamanho normal e artérias coronárias sem qualquer entupimento.

E não pense que estou falando de exceções! O fato é que tudo vai depender muito do histórico de cada um ao longo dos anos. Livre de fatores de risco, como pressão alta, tabagismo, diabetes, obesidade e sedentarismo, o coração será poupado, tornando possível que ele se mantenha normal por toda a vida.

Prevenção não tem idade!

Muitos dos efeitos do envelhecimento sobre o coração e os vasos sanguíneos podem ser reduzidos com hábitos saudáveis, como alimentação e a prática regular de exercícios, que ajudam a manter a capacidade cardiovascular, massa magra e a forma física conforme as pessoas envelhecem.

Além disso, manter seu check-up médico em dia é fundamental. Minha orientação para as mulheres que não apresentam fatores de risco, sintomas e histórico familiar é iniciar esse acompanhamento cardiológico entre 35 e 40 anos. Para os homens, a partir dos 35 já é indicado - isso até os 50 anos. No caso dos idosos, mesmo aqueles sem doenças, é aconselhável um acompanhamento com periodicidade menor, a cada 6 meses.

Para quem está chegando à terceira idade ou deseja saúde e qualidade de vida mesmo que essa fase ainda pareça distante, lembre-se: prevenção é a maneira mais sábia de proteger o seu coração!

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