No Brasil, 388 pessoas morrem por dia por hipertensão arterial, segundo o Ministério da Saúde, sendo a doença responsável por 80% dos derrames, 40% dos infartos e 25% dos casos de insuficiência renal. Ela atinge 25% da população do país e 600 milhões no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que projeta um crescimento de 60% dos casos até 2025.
Considera-se hipertensa a pessoa que, medindo a pressão arterial em repouso, apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9 de uma forma constante por um longo período.
A popularmente chamada pressão alta está relacionada com a força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular pelo corpo. O estreitamento das artérias aumenta a necessidade de o coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta. Como consequência, a hipertensão dilata o coração e danifica as artérias.
Mas há muitos mitos e verdades envolvendo essa doença. Para esclarecê-los, o portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon entrevistou o cardiologista Paulo Chaccur, que tem em seu currículo mais de 40 anos de consultório e 24 mil cirurgias cardíacas realizadas. Confira:
10 mitos e verdades sobre a hipertensão
1. Hipertensão é assintomática.
Verdade. A maioria das pessoas não apresenta sintomas, que, geralmente, são dor de cabeça ou na nuca e, às vezes, tontura.
2. Hipertensão é uma doença hereditária.
Verdade. Se os pais têm hipertensão, há 60% de possibilidade que os filhos adquiram a doença ao longo da vida. Caso apenas um dos pais apresente a doença, esse índice cai para 25%.
Outros fatores que podem contribuir para o aumento da pressão arterial são: diabetes; doença renal; excesso de sal na dieta; sedentarismo e tabagismo.
3. A hipertensão é mais comum em mulheres.
Mito. Gênero não é um fator de risco para hipertensão. Estimativas globais sugerem taxas mais elevadas para homens até os 50 anos e para mulheres a partir dos 60 anos. Ainda não estão totalmente esclarecidos os mecanismos responsáveis pelas diferenças na regulação da pressão arterial, mas podem estar envolvidos com os efeitos dos hormônios sexuais na manipulação de sódio pelo sistema renal. Nas mulheres, a pressão arterial pode ser influenciada por vários fatores: gestação; menopausa e reposição hormonal; síndrome do ovário policístico; uso de contraceptivo.
4. A incidência de hipertensão aumenta com a idade.
Verdade. A idade é, sim, um fator para aparecimento da hipertensão. Com o passar dos anos, ocorre uma diminuição da elasticidade do tecido conjuntivo que, somada à aterosclerose (doença degenerativa da artéria), determina um aumento da resistência vascular periférica e da impedância da aorta. Existe forte correlação entre o envelhecimento normal e a diminuição da complacência das artérias, através de vários parâmetros de medição. Idosos com maior nível de condicionamento físico, no entanto, possuem menor intensidade de enrijecimento das artérias.
5. Negros apresentam mais hipertensão.
Verdade. Várias publicações epidemiológicas demonstram níveis mais elevados da pressão arterial para as pessoas negras, assim como necessidade maior de medicamentos para normalização da pressão arterial. Uma explicação para essa situação pode estar no fator genético. Entretanto, outras possíveis variáveis, como as condições socioeconômicas dos afrodescendentes, também devem ser consideradas.
6. Estresse aumenta a pressão arterial.
Verdade. Embora o conceito de estresse seja difícil de definir ou medir, esse é um fenômeno associado a um número crescente de fatores relacionados à condição de saúde, incluindo hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares e diminuição da competência imunológica. Em situações de estresse repentino, a defesa do organismo faz com que hormônios, como a adrenalina e a noradrenalina, sejam liberados, causando redução do calibre dos vasos sanguíneos, espasmos das artérias coronárias, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. São os chamados hormônios do estresse. Essas situações de estresse constante em pessoas com fatores de risco como diabetes, histórico de doenças cardiovasculares, fumo, hipertensão, má alimentação e sedentarismo aumentam o risco para desenvolvimento de doença arterial coronária e infarto do miocárdio.
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7. Basta retirar o sal da comida para a pressão arterial se normalizar.
Mito. O excesso de sal na dieta acarreta no aumento da pressão arterial, mas retirá-lo ou diminuir não necessariamente reverte um quadro de hipertensão – clique aqui e veja como substitui-lo.
8. O consumo de bebidas alcoólicas dificulta o controle da pressão arterial?
Verdade. O consumo de álcool e a hipertensão estão entre os cinco principais fatores de risco responsáveis pelo crescimento mundial das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e são pontos-chave da OMS para reduzir a mortalidade decorrente delas até 2025.
9. Hipertensão não tem cura.
Verdade. Pressão alta não tem cura e precisa ser controlada durante a vida. O tratamento se inicia com um ajuste na dieta, a recomendação para atividade física e interrupção do tabagismo. Caso não seja normalizada, será preciso recorrer a medicações.
O SUS oferece gratuitamente medicamentos para hipertensão nos postos de saúde ou com valores acessíveis no Programa Farmácia Popular.
10. Hipertensão é um fator de risco importante para outras doenças.
Verdade. A hipertensão é responsável, primordialmente, pela doença cérebro vascular, responsável pelo AVC (derrame), mas também por doença arterial coronária com o risco de infarto, insuficiência cardíaca, arritmia e dilatação da aorta, levando ao aparecimento de aneurismas, além de doença renal.