Por Ricardo Valverde*
São muitos os benefícios do circo, arte que possui uma história ampla, rica e antiga. Há pelo menos mil anos, quase todas as civilizações do mundo já praticavam algum tipo de arte circense. Porém, o circo como se conhece hoje só começou a tomar forma durante o Império Romano.
O mais famoso foi o Circus Maximus, que teria sido inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 mil pessoas. De lá para cá, muita coisa mudou, principalmente na maneira como suas modalidades têm sido ofertadas à população.
O que antes era algo bem distante – praticado nas áreas menos povoadas das cidades grandes ou do interior, quase sempre por jovens que se lançavam no picadeiro em busca de uma nova profissão -, tornou-se uma atividade popular e completa. A prática circense passou então a ser oferecida em incontáveis espaços comunitários, para todas as idades, e com a proposta de unificar uma vida longe do sedentarismo à alegria, autonomia e bem-estar dos praticantes.
“O circo deve ser encarado como um exercício regular que traz benefícios específicos para o corpo, de acordo com as modalidades praticadas. No entanto, é necessário desenvolver um condicionamento físico para realizar os treinamentos de forma eficiente”, orienta o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), Samir Salim Daher. Segundo ele, os sedentários começam a notar os benefícios da prática depois de três meses de exercícios regulares.
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Mas o que isso tem a ver com pessoas com deficiência intelectual em fase de envelhecimento? A resposta para essa pergunta é: tudo. Se, atualmente, o circo é uma arte que quase não é vista, há 30, 40 e 50 anos, o picadeiro vivia o seu auge no Brasil. Nessa época, as pessoas que, hoje, são atendidas pelo departamento de envelhecimento da APAE DE SÃO PAULO eram crianças e jovens que, provavelmente, estavam apaixonadas pela magia circense.
Por conta das particularidades das atividades circenses, as modalidades de malabarismos, jogos rítmicos e expressão corporal podem proporcionar benefícios na busca da manutenção da funcionalidade dos participantes. Além disso, elas também ajudam no resgate importante da memória (de algo que foi vivido, visto, sonhado ou contado).
Portanto, podemos destacar como principais benefícios do circo: o equilíbrio, a força, a postura, a coordenação motora, a alternância da lateralidade e a orientação espaço-temporal. Essas habilidades são envolvidas em cada uma das atividades oferecidas e primordiais na busca por um ser humano mais íntegro, independente e autônomo, que envelheça com qualidade e satisfação.
Logo, o circo proporciona uma vivência feliz, prazerosa e social, contribuindo para a manutenção da autoestima e de relações mais estreitas e saudáveis.
Respeitável público, vocês estão convencidos? Entrem no picadeiro que o show vai começar!
*Ricardo Valverde é educador físico do departamento de Envelhecimento da APAE DE SÃO PAULO, onde ministra oficinas de jogos, hidroginástica, artes marciais e experimentação circense.