A morte de idosos por Covid-19 pode reduzir a renda média das famílias brasileiras em 20%. É o que aponta estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa aponta também que em 18,1% de domicílios no Brasil a única fonte de renda vem dos idosos. Com isso, no caso da morte desses provedores, cerca de 5 milhões de pessoas ficariam sem nenhuma renda.
Segundo dados da pesquisa, cerca de 75% das mortes por Covid-19 são de pessoas com mais de 60 anos. Delas, 58% são homens. “O objetivo deste trabalho é mostrar o impacto da morte precoce de idosos, em especial dos que são responsáveis financeiros por famílias, na renda dos demais familiares. Considera-se como precoce, porque o óbito ocorre em uma idade onde a expectativa de vida é positiva e diferente de zero”, explica a pesquisa.
O estudo levou em conta as condições de saúde de 2018. Naquele ano, um indivíduo com 70 anos poderia esperar viver mais 12,8 anos e trabalhar por mais dois anos. São dados que mostram a importância da população idosa para a longevidade financeira de suas famílias em todo o Brasil.
Como a morte de idosos por Covid-19 impacta renda familiar?
Em 2018, dos 71,3 milhões de domicílios brasileiros, 33,9% tinham ao menos um idoso residindo. Nestes lares, moravam 62,5 milhões de pessoas, em média 2,6 pessoas por domicílio, das quais 30,1 milhões eram não idosas. Dentre os não idosos, 16,6 milhões não trabalhavam. O idoso contribuía com 69,8% da renda destes domicílios e 56,3% de sua renda vinha de pensões ou aposentadoria.
“Se morrem todos os idosos, cerca de 30 milhões de pessoas não idosas terão a sua renda mensal per capita reduzida de R$1.380,60 para R$1.097,80, desde que não haja perda na renda do trabalho dos não idosos”, estima o Ipea.
Em 20,6% das casas brasileiras, pelo menos 50% da renda total de 20,6% das casas brasileiras depende de idosos. A renda mensal per capita desses domicílios era de R$ 1.621,8. Se esses idosos morressem, o rendimento médio per capita cairia para R$ 425,5.
O estudo ressalta que tal perda teria reflexo em uma parcela da população que já é mais vulnerável: a de menores de 16 anos, que não podem trabalhar. “O impacto seria muito grande, uma redução de quase 75% que afetaria cerca de 11,6 milhões de pessoas, sendo 2,1 milhões com menos de 15 anos”, diz.
Além do impacto com a morte dos idosos, o estudo avaliou a queda na renda das famílias em razão do desemprego dos idosos. Conforme mostra a pesquisa, mais de 1,3 milhão de idosos deixaram de trabalhar ou de procurar um emprego. O dado se refere ao primeiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período em 2019.
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