A taxa Selic vem caindo neste segundo semestre, chegando ao menor nível da história, com 5%. E não para por aí. A perspectiva dos economistas é de que ela termine o ano em 4,5% e chegue a 4% em 2020. Os efeitos já podem ser sentidos no dia a dia. Para investir melhor neste momento – sem perder a segurança –, vale entender como ela funciona e também como impacta em outros dois grandes pilares para uma longevidade financeira: o consumo e o crédito.
Como funciona a taxa Selic
A Selic é a taxa básica de juros da economia, com influência sobre todas as demais taxas de juros. Na prática, isso significa que as instituições financeiras se baseiam nela para definir as taxas de juros dos empréstimos. É ela também que impacta os rendimentos de várias aplicações financeiras.
Como já deu para notar, não é à toa que a Selic é o principal instrumento do Banco Central (BC) para controlar a inflação. Quando esta precisa ser freada para se aproximar da atual meta de 4,25%, aumenta-se a Selic, o que inevitavelmente encarece a tomada de crédito e desacelera o consumo. Já, para aquecê-lo, acontece o movimento oposto, com redução da Selic, acesso facilitado a financiamentos e empréstimos e incentivo à produção.
Dia a dia: onde a queda da taxa Selic é sentida
A redução da Selic provoca a subida da inflação, com ligeiro aumento nos preços dos produtos que você consome no dia a dia. Ou seja, as oscilações da taxa básica de juros mexem diretamente com o seu bolso.
Como os sucessivos cortes da taxa Selic afetam seu dinheiro
Com a queda da taxa básica de juros, cai também o rendimento das aplicações financeiras atreladas à Selic ou ao CDI, que acompanha os movimentos dela. É o caso da poupança, do Tesouro Selic, de fundos e outros investimentos em renda fixa – todos eles considerados conservadores.
“Quem estava acostumado a investir só em renda fixa, cujo retorno era bom enquanto a Selic estava alta, passa agora a considerar outras possibilidades e formas de aumentar o rendimento”, afirma Luiz Crivelenti, gerente de investimentos do Sicredi (instituição financeira cooperativa).
Uma delas é ficar de olho nas taxas de administração dos fundos. “Não devem passar de 1%. Do contrário, se a Selic chegar a 4%, ficará inviável rentabilizar o investimento – sob risco de este ser menor que a própria inflação”, alerta o economista Luiz Calado, que também é diretor da rede de franquias Magraas.
Outra opção é diversificar a carteira de investimento. Nesse caso, fazer um bom planejamento financeiro é fundamental. “Aqueles que se dispõem a correr riscos em troca de um melhor rendimento devem, antes de nada, definir o percentual que podem destinar a aplicações mais arrojadas – como fundos multimercado e de ações”, recomenda Crivelenti.
Estabeleça também um prazo para deixar o dinheiro aplicado, lembrando que os retornos tendem a ser mais razoáveis no médio e no longo prazo.
Como escolher o melhor investimento com a taxa Selic em baixa
As aplicações mais arrojadas são recomendas para quem tem valores altos para investir – pelo menos, 25 vezes superior à renda atual. E a razão é simples: investimentos pouco conservadores estão mais sujeitos a oscilações e inclusive à perda de parte do capital. “O risco e a menor liquidez desses papeis precisam ser levados em conta, especialmente por quem está em um momento da vida no qual a renda também tende a decair”, orienta Calado.
Nesse caso, vale considerar os fundos de renda fixa atrelados ao CDI e o Tesouro Selic. “Apesar de não renderem tanto no momento, o investidor nunca terá prejuízo”, comenta Crivelenti. Outra opção que ele não descarta é a poupança, mas só para investimentos de curto prazo e feitos por quem pode precisar daquele dinheiro a qualquer momento.
Simulação: quanto renderiam R$ 1.000 em 12 meses
A resposta depende de onde você aplicaria o dinheiro. Compare as opções, a partir dos cálculos e análises feitos pelo Sicredi, com exclusividade para o portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon. Os dados se baseiam no acumulado dos últimos 12 meses.
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Poupança
Rendimento: 4,5% a.a. (equivalente a 70% da Selic + TR)
= R$ 1.000 + 4,5% = R$ 1.045
Retorno líquido: R$ 45
Vantajosa para o prazo de até um ano. Permite retirar parte dos recursos sempre que necessário e manter o restante, sem movimentação, até atingir as menores alíquotas de imposto de renda.
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Tesouro Selic
Rendimento: 4,88% a.a., já descontados a alíquota de 17,5% de imposto de renda sobre o ganho e os custos de 0,25% sobre o valor total do título (cobrados pela corretora)
= R$ 1.000 + 4,88% = R$ 1.088,00
Retorno líquido: R$ 88
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Fundo ou Renda fixa com rendimento de 95% do CDI
Rendimento: 4,86% a.a., já descontada a alíquota de 17,5 % de imposto de renda sobre o ganho
= R$ 1.000 + 4,86% = R$ 1.086,00
Retorno líquido: R$ 86
A aplicação em renda fixa se torna melhor opção que o Tesouro Selic se ela tiver rendimento de 100% do CDI. Entre as vantagens, está o fato de não ter custos de corretagem e ser mais prática na hora de investir e resgatar.
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Renda variável
Exemplo: fundo de ações do Sicredi Bovespa.
Rendimento: 26,6 % a.a., já descontada a alíquota de 17,5% de imposto de renda sobre o ganho de capital e a taxa de administração
= R$ 1.000 + 26,6% = R$ 1.266
Retorno líquido: R$ 266
Mas vale lembrar que nenhum investimento possui risco zero. No entanto, poupança e renda fixa (CDBs, LCIs, LCAs e LCs) são 100% garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos até o valor de R$ 250 mil.
O que muda na hora de tomar empréstimos ou fazer financiamentos?
As taxas de juros que incidem sobre as operações de crédito também tendem a cair. “Pode ser um bom momento para investir na casa própria – com um crédito imobiliário – ou financiar um veículo”, diz Crivelenti.
Mas o sonho pode virar um pesadelo se você não avaliar bem a sua situação financeira. Afinal, o crédito mais barato não significa que ele não tenha um custo expressivo sobre o preço final.
Por isso, calcule o orçamento da família (quanto ganha e quanto gasta) e trace um planejamento para os próximos anos – ou pelo prazo do empréstimo – para garantir que as parcelas caberão no bolso.
E como fica para quem já tem dívidas?
Com o crédito mais acessível, abrem-se também oportunidades para fazer a portabilidade da dívida. Trata-se de migrá-la para outra instituição que pratique juros mais baixos. “Isso pode ser interessante para quem assumiu um crédito imobiliário há três anos, quando a taxa de juros girava em torno de 11%. Hoje há ofertas de 8%”, comenta Crivelenti. Além de reduzir os juros, a portabilidade favorece a redução do prazo de pagamento ou da parcela.