Você sabia que a Fundação Getulio Vargas (FGV) mede quais são os preços que mais pesam no bolso das pessoas com mais de 60 anos?

O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) é mensurado há dez anos devido à relevância desse grupo específico dentro da população brasileira, hoje 14,3%, ou 23,5 milhões de habitantes, segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2016 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Não há uma grande diferença entre a inflação geral (IPC) e o IPC-3i, até porque a composição dos grupos familiares é muito diversa, assim como o perfil do idoso hoje no Brasil. Para se ter uma ideia, o IPC-3i subiu 1,38% no primeiro trimestre, na comparação com o último trimestre do ano passado (0,93%). No mesmo período, o IPC subiu 1,48%.

Mas, segundo Salomão Quadros, coordenador de projetos da FGV, no segundo trimestre o indicador voltado para o idoso deve ficar acima da média nacional.

“Existem fatores sazonais que impactam os grupos inflacionários medidos. No primeiro trimestre, há grande influência no índice geral decorrente do aumento dos preços de mensalidade escolar e reajuste nos transportes públicos. Esses dois itens não afetam os idosos, mas as famílias de uma forma geral, sim. Já no segundo trimestre, quando o governo libera o reajuste anual de medicamentos, este será com certeza um elemento de alta expressivo para o grupo”, explica.

“As pessoas da terceira idade têm investido seu tempo em aprender novas coisas e no lazer”

Olhando item por item, é possível perceber quais preços têm maior influência na vida dos 60+. Das 8 classes de despesas verificadas, apenas 3 registraram alta: Habitação (que passou de -0,16%, no último trimestre de 2016, para 2,02%, no primeiro deste ano), Alimentação (de 0,31% para 1,12%) e Educação, Leitura e Recreação (2,66% para 2,95%).

As classes cujos preços não subiram, portanto, influenciaram pouco: Transportes (que recuou de 2,37% para 0,39%), Saúde e Cuidados Pessoais (1,82% para 1,74%), Comunicação (1,03% para -1,07%), Vestuário (0,75% para -0,19%) e Despesas Diversas (1,54% para 1,51%).

Assim, a inflação medida pelo IPC-3i nada mais é do que o retrato do comportamento do consumidor da terceira idade. “Perceba que a classe Educação, Leitura e Recreação está em alta e isso é meio constante, pois demonstra como as pessoas da terceira idade têm investido seu tempo em aprender novas coisas e no lazer”, exemplifica.

PARA NÃO ESTOURAR O ORÇAMENTO 

“É claro que essa faixa da população é muito diversa. Tem quem aproveita a aposentadoria para ficar em casa e ter a vida bem tranquila, mas tem também quem viaje aproveitando descontos e gratuidade das passagens”, completa.

Para se ter uma ideia da importância desse grupo de consumo, 20% das vendas da operadora de viagens CVC vêm da terceira idade”, destaca Tânia Zahar Miné, professora de pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e pesquisadora de consumo na terceira idade.

Segundo Quadros, a mensuração de preços para a terceira idade será a área de cálculo de inflação na qual a FGV mais investirá nos próximos anos devido a sua relevância na população. “Vamos estudar o tipo de despesas e estrutura orçamentária dessas pessoas, divididos em subgrupos, como os mais idosos, os de maior renda. Faz parte do nosso planejamento estratégico ampliar os instrumentos de visualização do comportamento da terceira idade.”

O conselho para fugir da alta de preços é sempre buscar uma alternativa de consumo. No caso do idoso, algumas gratuidades previstas pelo Estatuto do Idoso, como transporte público, meia-entrada em programas de lazer como cinema, teatro, museus, que ajudam a tirar a pressão.

Mas vale aqui a velha dica: pesquisa de preços e substituição. Para os produtos de consumo como alimentos que estão mais caros numa época, podem-se buscar equivalentes para a compra ficar mais barata. Os medicamentos podem ser substituídos por genéricos. Não importa a fase da vida, buscar alternativa, seja de preços ou programas, ajuda muito a não estourar o orçamento.

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