O aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo deu origem a uma nova gama de consumidores. Se antes eram invisíveis ao mercado, hoje pessoas com 70, 80 e até 90 anos de idade são vistas como um novo nicho a ser conquistado de novos clientes, novos leitores, novos hóspedes e (por que não?) novos investidores em busca dos melhores investimentos.

“Investir não tem a ver com idade”, garante a especialista em finanças pessoais Anelise Almeida. De acordo com ela, um investimento tem como objetivo obter rendimentos futuros ou um retorno acima do valor aplicado. Já o dinheiro parado no banco implicará perda de valor a longo prazo devido à inflação, que é o aumento no nível de preços de bens de serviços.

“Já foi possível comprar um lanche Big Mac por menos de R$ 20, porém o lanche já sofreu ajustes no preço ao longo dos anos. Logo, o dinheiro parado perde valor à medida que o tempo passa. Assim não é possível comprar os mesmos bens e serviços que seriam comprados anteriormente”, explica a especialista. “Além disso, o investimento visa também obter ganhos acima da inflação, seja como forma de rendimentos ou aumento do patrimônio do investidor”.

Também especialista em finanças pessoais, Hirbis Girolli trabalha na MAG Investimentos. Ele lamenta que muitos setores da economia ainda enxergam esses consumidores com certa surpresa e espanto, visão que precisa ser mudada por empresas que pretendem continuar a crescer nos próximos anos. 

“Outro dia eu estava acompanhando um encontro entre profissionais quando um deles pediu a palavra e disse ‘estou muito feliz porque agora tenho um cliente com 95 anos’. Não podemos nos esquecer que o Brasil terá, em breve, a quarta maior população 60+ do mundo”, adverte.

Mas existem os melhores investimentos para quem passou dos 60 anos? “Sim!”, garante Girolli. “Existem várias opções. Investir é, antes de tudo, uma decisão sobre objetivos de vida. Então, você precisa pensar sobre o que você quer fazer com cada montante que está sendo investido porque quando você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve. E isso, em investimentos, pode significar desperdiçar dinheiro”, alerta.

melhores investimentos

"Quando você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve. E isso, em investimentos, pode significar desperdiçar dinheiro” (Hirbis Girolli). Crédito: Olivier Le Moal / Shutterstock

Para Anelise, a escolha dos melhores investimentos para pessoas acima de 60 anos deve receber uma atenção maior. “Investimentos muito arriscados exigem uma maior aceitação de perda substancial do dinheiro aplicado e o investidor tem menos tempo para recuperar o dinheiro perdido. Considerando a idade, a possibilidade de repor o dinheiro é menor, se comparado a uma pessoa mais jovem. Pessoas ativas profissionalmente podem recuperar o dinheiro perdido através do próprio trabalho. Aposentados não possuem essa chance”.

Desta forma, quanto maior a idade, mais aconselhável é a diminuição dos riscos nos investimentos. “À medida que o patrimônio do investidor for maior que o necessário para as despesas mensais e houver uma reserva para emergências, essa preocupação pode diminuir”, esclarece Anelise.

Portanto, a dica é: para pessoas acima de 60 anos, vale pensar em investimentos com menores riscos.

Melhores investimentos para os 60+

Girolli explica que há grandes objetivos genéricos que vão atender aos objetivos de cada investidor.

  • Curto prazo: posso precisar desse dinheiro em até 2 anos;
  • Médio prazo: posso precisar entre 2 e 5 anos;
  • Longo prazo: posso precisar depois de 5 anos.

Depois de definir objetivos, a segunda coisa importante a ser feita é diversificar o investimento.

“Cada um desses objetivos deve contar com investimentos que não coloquem todos os ovos na mesma cesta”, indica Girolli. “E isso é ainda mais importante para quem já passou dos 60 e tem um apetite por ganhos mais elevados”.

A boa notícia é que não precisa ter muito dinheiro para diversificar, pelo menos hoje em dia. A partir de mil reais para cada prazo já é possível montar uma "carteira" diversificada em uma plataforma de investimentos digital, ensina o especialista da MAG Investimentos.

O investidor então poderá considerar ter em cada uma de suas carteiras um pouco de investimentos da seguinte forma:

  • Curto prazo: adicionar uma pequena parcela em fundos de renda fixa IPCA, que te protegem dos riscos de elevação da inflação (esse talvez seja o maior risco para os 60+);
  • Médio prazo: além de fundos IPCA, adicionar um pouquinho em um fundo de investimento em ações, para que você possa ser sócio de algumas empresas na bolsa, porém com todo o auxílio de um investidor profissional;
  • Longo prazo: você pode aumentar um pouco o percentual investido nos papéis acima e talvez acrescentar um pouco de fundos imobiliários, que é uma forma de você receber aluguéis de imóveis, sem ter a preocupação com inquilinos ou com a depreciação do imóvel.

Conheça abaixo mais um pouco sobre cada um desses investimentos.

Fundos imobiliários

Caracteriza-se por uma sociedade entre investidores, administrada por um gestor, com foco em obter renda a partir de um empreendimento comercial, que pode ser um shopping, um galpão logístico ou até mesmo um hospital.

Estes fundos são obrigados a repassar aos cotistas 95% dos rendimentos. São investimentos mais arriscados pois o valor da cota do fundo oscila diariamente conforme a marcação do mercado.

melhores investimentos

De acordo com Anelise, a valorização e a desvalorização dos ativos imobiliários também é um fator que contribui para oscilação do valor aplicado. Crédito: sommart sombutwanitkul / Shutterstock

“O aumento da taxa de juros básica brasileira (Selic) é um fator que contribui para a desvalorização do valor investido, visto que o retorno nominal tende a ser mais constante e logo o retorno percentual passa a competir com investimentos de renda fixa”, explica a especialista. “O inverso também ocorre quando uma menor taxa de juros contribui para uma valorização dos fundos imobiliários”.

Outras análises são importantes, tais como o tipo de ativos imobiliários em que o fundo aplica o dinheiro, por exemplo: shopping center, galpões industriais etc. De acordo com Anelise, a valorização e a desvalorização dos ativos imobiliários também é um fator que contribui para oscilação do valor aplicado.

Ações

As ações são os ativos clássicos negociados na bolsa de valores. A aquisição desses papéis pode resultar em dividendos periódicos ao investidor. A escolha da empresa é a maior preocupação.

“Empresas sólidas no mercado são mais recomendadas de forma a evitar queda brusca no valor das ações, além de apresentarem maior transparência de suas atividades e resultados”, pontua Anelise.

Tesouro IGPM+ com juros semestrais e Tesouro IPCA+ com juros semestrais

São títulos emitidos pelo Tesouro Direto (governo) que pagam semestralmente uma taxa pré-fixada, mais a variação do IGPM ou IPCA. O investimento se torna mais arriscado quando se compra títulos com maior vencimento, visto que qualquer oscilação na taxa de juros tem um impacto maior no valor do título, caso o investidor queira vender antecipadamente.

“Visualizando um retorno maior, é um investimento apropriado quando a taxa de juros básico brasileira, Selic, está alta devido ao rendimento semestral, além de ser possível vender o título com uma boa rentabilidade diante de qualquer queda na taxa de juros”, esclarece.

Leve isso sempre em conta

Girolli ensina duas regras consideradas importantíssimas que devem ser respeitadas na hora de montar a sua carteira diversificada. São elas:

“Rentabilidade passada não necessariamente implicará rentabilidade futura e, da mesma maneira que, para cuidar da sua saúde física você deve consultar um médico, para sua saúde financeira é importante consultar um planejador financeiro”, lembra o especialista. “É um serviço que, felizmente na atualidade, está se tornando bem democrático”.


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