As contas do casal de vendedores André e Lara de Oliveira, ambos de 49 anos, não estavam fechando desde que ela perdeu o emprego, no início deste ano. Mudaram para um apartamento menor, matricularam a filha de 15 anos em uma escola pública e optaram por um plano de saúde mais básico. Mas foi só quando decidiram vender o carro que o orçamento da família saiu do vermelho.

“Nunca tínhamos colocado o custo dele na ponta do lápis”, confessa André. “E nos assustamos com os R$ 1.800 mensais. Achamos, então, que era melhor trocar o sonho do carro próprio pelo da aposentadoria tranquila e resolvemos iniciar uma previdência privada. Se as coisas melhorarem, podemos rever. Mas, como tudo na vida, a gente se adapta. Hoje não sei se o carro é tão imprescindível.”

Para a especialista em desenvolvimento humano Rebeca Toyama, eles estão no caminho certo. “Sempre aconselho a pessoa a se visualizar aos 60, 70 e 80 anos e se perguntar em qual situação ela quer estar vivendo naquele momento. Em seguida, analisar se a decisão que está tomando agora vem beneficiando ou comprometendo isso.”


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Ela é enfática ao dizer que “a qualidade de sua maturidade dependerá do que você fizer no presente: quanto antes você planejar seu futuro, mais fácil será transformá-lo em resultado”.

Rafael Immediato, educador financeiro, complementa: “A hora de vender o carro é quando os gastos com financiamento estão atrapalhando os gastos essenciais, quando existe uma crescente quantia de endividamento mensal ou quando ele deixou de ser uma necessidade e virou um status social”.

Isso porque, ensina ele, “é preciso planejar todos os custos que o carro vai trazer a curto, médio e longo prazos”.

Quanto custa manter um carro*

IPVA: R$ 1.600,00/ano
Seguro furto/roubo/colisão: R$ 2.800,00/ano
Licenciamento + DPVAT (seguro obrigatório): R$ 146,92/ano
Manutenção: R$ 1.189,91/ano
Multas: R$ 976,15

Combustível (média de 210 km/semana): R$ 3.360,00/ano
Estacionamento/pedágio: R$ 1.680,00/ano
Lavagem: R$ 360/ano
Total: R$ 12.112,98/ano ou R$ 1.009,00/mês

*Preços médios de um carro no valor de R$ 40 mil, quitado; para cotações, foi usado o modelo VW Polo 1.0 2018, na cidade de São Paulo; multas são variáveis, mas foram consideradas 5; manutenção inclui trocas de óleo e 3 revisões anuais em concessionária, e lavagem, uma por mês; fonte: Rafael Immediato

O custo anual de R$ 12.113 é um cálculo conservador, lembra o educador financeiro, pois “não considera a depreciação do carro, de 12% a 15% ao ano, e também uma eventual colisão e pagamento da franquia de seguro, por exemplo”. Se a família tiver renda de R$ 5.000 líquidos, esse gasto representaria 20%. “Mas, se o carro for financiado, chegam a impressionantes 40%” – caso dos Oliveira.

“Essa, como qualquer outra despesa que represente risco à saúde financeira da família, deve ser repensada. Quando colocamos no papel os custos, às vezes descobrimos que é o mesmo valor da realização de um sonho, como conhecer um país ou fazer um curso que vai impulsionar a carreira”, pontua a planejadora financeira.

Vender o carro e usar app de transporte

Mas os dois especialistas são categóricos: não se deve pensar em vender o carro para se locomover, diariamente, só por meio de aplicativos de transporte.

“O ideal para deslocamentos dentro da cidade é sempre utilizar o transporte público”, afirma Rebeca. “Se uma pessoa vai e volta todos os dias em um trajeto de 20 km, gastará R$ 1.400 por mês ou mais, considerando as taxas dinâmicas que encarecem em horários de maior demanda.”

Neste caso, diz ela, o carro próprio torna-se uma melhor opção. “O ideal é usar transporte público e combiná-lo com o serviço de carro por aplicativo”, sugere. Rafael complementa: “O valor da venda do carro pode ser investido, e a rentabilidade suprir parte dos pagamentos com o uso de transportes”.

Na hora de viajar, a alternativa pode ser alugar um carro. “Mas, além do custo da diária, há uma série de taxas adicionais que precisam ser analisadas e comparadas entre as locadoras”, lembra Rebeca. “Se há necessidade de viagem semanal, por exemplo, pode ser o caso de repensar vender o carro.”

Não quer vender o carro? Veja como economizar

Combustível

Pesquise postos que fornecem preços mais econômicos e analise ofertas dos clubes de vantagens, como os da Ipiranga, da Petrobras e da Shell.

vender o carro

Foto: Pavel Kubarkov/Shutterstock 

Manutenção

Efetuar as manutenções seguindo as normas da montadora ajuda a manter o veículo em excelente conservação e também auxilia na hora da venda.

Troca

Ao vender o carro, troque por um com melhor desempenho econômico de combustível e baixo risco de furto/roubo. Com isso, as despesas mensais diminuirão.

Deixe na garagem

Faça pequenos trajetos a pé ou de transporte público. Lembre-se: exercitar-se é uma boa opção tanto para a sua saúde como para o seu bolso.

Carona 

Dê carona e divida despesas. “Toda forma legal de economizar é bem-vinda. Podem te chamar de pão-duro, mas é apenas um uso consciente”, finaliza Rafael.


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