Uma nova campanha de vacinação começa na próxima segunda-feira (6) e se estende até o dia 31 de agosto. Com a ambiciosa meta de vacinar 95% das crianças de todo o país com o apoio de mais de 36 mil postos de atendimento, o Ministério da Saúde espera diminuir a possibilidade de retorno da poliomielite e a reemergência do sarampo, doenças já eliminadas no Brasil.

Durante a coletiva de imprensa para lançamento da campanha, realizada às 10h30 desta terça-feira (31), o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, lembrou que saúde é responsabilidade de todos e que é preciso um cuidado contínuo. “Às vezes enfrentamos uma situação como essa, que nos traz um alerta, porque temos uma falsa impressão de que a doença foi eliminada do país. Mas é a cobertura vacinal elevada que faz a doença desaparecer. E é por isso que devemos continuar vacinando nossos filhos, para manter essas doenças longe do Brasil”, ressaltou o ministro.

Ao todo, 28,3 milhões de doses das vacinas foram adquiridas para atender a esse público, que é mais suscetível às doenças e suas complicações. De acordo com informações do Ministério, todos os estados brasileiros já estão abastecidos com um total de 871,3 mil doses da Vacina Inativada Poliomielite (VIP), 14 milhões da Vacina Oral Poliomielite (VOP) e 13,4 milhões da Tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba.

Alguns estados que registraram surtos de sarampo tiveram o início da campanha de vacinação antecipado como medida de bloqueio para interromper a circulação do vírus. Em Roraima, a campanha foi iniciada em março e vacinou pessoas de 6 meses a 49 anos. Já em Manaus (AM), aconteceu em abril e o público vacinado foi de 6 meses a 29 anos de idade. A vacinação está em andamento em Rondônia para crianças de 6 meses a menores de cinco anos. Durante a mobilização nacional, esses estados devem convocar novamente as crianças, na mesma faixa etária, de um ano a menores de cinco anos.

QUEDA NA VACINAÇÃO

Não é de hoje que a desinformação e a ignorância são grandes inimigos das campanhas de vacinação conduzidas pelo governo. Em 1904, a cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal, estava infestada de casos de tuberculose, peste bubônica, febre amarela, varíola, malária, tifo e cólera. Sob o comando do presidente Rodrigues Alves, o médico sanitarista Oswaldo Cruz deu início a uma campanha de vacinação obrigatória a toda a população, na tentativa de controlar as epidemias. O povo, que já andava insatisfeito com o governo de Rodrigues Alves, toma as ruas da capital e, no dia 10 de agosto daquele ano, dá início a um motim. Uma série de manifestações e depredações acontecem na cidade até o dia 16 de novembro. Até mesmo Rui Barbosa, considerado à época uma das pessoas mais inteligentes do país, se mostrou contrário à campanha de Oswaldo Cruz ao declarar que ninguém tinha o direito de contaminar o próprio sangue com um vírus.

Na última semana, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo divulgou uma queda de 14% em 2017 na cobertura da vacinação contra doenças como poliomielite e meningite, com relação a 2015. Só que desta vez, a desinformação e o medo ganharam um importante aliado: a escassez de vacinas. Segundo dados da própria Secretaria, foram entregues somente 16% do lote de doses solicitadas para todo o mês de julho. A previsão é que essa situação se resolva somente em agosto.

O Ministério da Saúde enviou aos estados um informativo alertando para a situação crítica no abastecimento da vacina meningocócica, usada em bebês para prevenção da meningite C. De acordo com o Ministério, o problema teve início em abril devido a um atraso na produção da Fundação Ezequiel Dias, empresa responsável. Naquele mês, os estados receberam apenas 58% do total de vacinas que deveriam receber. Em maio, o carregamento foi de 10% somente, subindo para 15% no mês seguinte e para 36% em julho.

No Rio Grande do Sul, a Secretaria de Saúde recebeu uma quantidade capaz de vacinar apenas uma a cada três crianças. Em Pernambuco, os postos de vacinação receberam 36% das doses necessárias para todo o mês. Minas Gerais e Paraná enfrentam a mesma situação, que se agravou em Palmas, no Tocantins, onde não há mais vacinas nos postos de saúde.

Com isso, pais têm realizado uma verdadeira peregrinação por postos de atendimento atrás de doses de vacinas para prevenir seus filhos. Em nota, o laboratório informou que o atraso foi devido a problemas atípicos na cadeia produtiva e a questões logística, sem explicar mais detalhes.

O alerta do Ministério também chamava a atenção para a situação das vacinas contra o sarampo. Entre as principais causas, pode-se apontar o próprio sucesso do Programa Nacional de Imunizações, que conseguiu altas coberturas vacinais durante os seus 44 anos de existência. Outros fatores são: desconhecimento individual de doenças já eliminadas; horários de funcionamento das unidades de saúde incompatíveis com as novas rotinas da população; circulação de notícias falsas na internet e Whats App causando dúvidas sobre a segurança e eficácia das vacinas; bem como a inadequada alimentação dos sistemas de informação.

Para os estados que estão abaixo da meta de vacinação, o Ministério solicitou que gestores locais organizem suas redes, se possível readequando os horários de atendimento e firmando parcerias com creches e escolas.

A convite do Ministério, a eterna rainha dos baixinhos Xuxa Meneguel é a estrela da campanha de vacinação deste ano.

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