Tintas, pinceis e lápis podem ser mais do que ferramentas para um desenho bonito. Podem se transformar também em instrumentos que revelam o que há de mais íntimo em uma pessoa – seus sentimentos, seus medos e suas angústias. Tudo por meio da arteterapia.
Essa combinação de arte e psicologia, que usa expressões artísticas com finalidade terapêutica, surgiu no século passado. Agora ganha espaço no Brasil – e começa a despertar a atenção de quem tem mais de 50 anos de idade.
“O homem sempre fez arte. É uma maneira de se expressar”, destaca a arteterapeuta Cristiane Pomeranz. “Quando você coloca o conteúdo interno para fora, tem mais facilmente a chance de elaborar o que está acontecendo.”
Segundo Cristiane, as pessoas procuram a arteterapia quando buscam autoconhecimento ou querem resolver alguma questão. “Ela dá condições para que a pessoa consiga se perceber com mais clareza.”
“Muitas vezes, é difícil falar da gente. Com a arte no meio, parece que não estou falando de mim”, conta ela, acrescentando que há quem, depois da experiência, relate que não pensava “se expor desse jeito”. “A pessoa consegue colocar as questões de uma maneira mais tranquila, sem tanta dor, sem tanta angústia.”
“É um potente meio de intervenção no caminho do autoconhecimento, da autoestima e da ressignificação de experiências”
Cocriadora do projeto Faça Memórias – um curso de arte e de estímulo de memória, desenvolvido para pessoas com Alzheimer ou com problemas de esquecimento, ministrado no MuBE (Museu Brasileiro da Escultura), em São Paulo (clique aqui para saber mais) –, Cristiane explica que a arteterapia traz mais do que bem-estar. É um “potente meio de intervenção” no caminho do autoconhecimento, da autoestima e da ressignificação de experiências.
Mestre em gerontologia, ela sinaliza que a velhice traz consigo algumas questões que devem ser trabalhadas. “A aposentadoria é um momento crucial, quando perde a atividade que costumava fazer. A viuvez também, quando perde a parceria de muitos anos.”
Nesse processo, não é preciso ter dom artístico. “É surpreendente ver como muitas senhoras chegam e, depois de um tempo, dizem: ‘olha o que eu consigo fazer’.” Também não são usados apenas tintas, colagens, recortes. Na arteterapia, valem música, literatura e qualquer outra expressão artística.
Quem quiser pode buscar arteterapia no SUS, que passou a oferecer tratamentos alternativos no início do ano (clique aqui para saber mais). Ou, indica Cristiane, buscar um profissional em uma das associações estaduais, como a AATESP (http://aatesp.com.br/), em São Paulo, e a AARJ (http://aarj.com.br/site/), no Rio.