Um estudo recente revelou que a desigualdade racial tem um impacto significativo no processo de envelhecimento da população negra. O racismo estrutural se manifesta de diversas formas, como a disparidade salarial e as restrições no acesso a serviços de saúde, segurança e qualidade de vida.
Realizado no Brasil, o estudo “Envelhecimento e Desigualdades Raciais” foi feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em parceria com o Itaú. A pesquisa revelou que além da população negra sofrer com um sistema racista, ainda tem a longevidade e qualidade de vida comprometidas.
Publicado em maio de 2023, 1.462 pessoas, na faixa dos 50 anos ou mais, foram entrevistadas. A pesquisa foi feita nas capitais de São Paulo, Salvador e Porto Alegre e analisou 11 indicadores que compõem o envelhecimento ativo e adequado. Inclusão produtiva, segurança financeira, exposição à violência, acesso à saúde e inclusão digital são indicadores que se destacam. Isso porque eles estão relacionados com questões de desigualdade racial, territorial e de gênero, sendo mais evidente na vida de pessoas negras.
Desigualdade racial e estabilidade financeira
De acordo com a pesquisa, a população negra tem os piores rendimentos financeiros. Em Salvador e São Paulo, em média, mulheres negras estão em situações ainda mais precárias. Por outro lado, homens negros chegam a ganhar melhor do que mulheres brancas, em algumas faixas etárias.
O quesito segurança financeira avalia as condições de cumprir com responsabilidades financeiras mensais. Como, por exemplo, o pagamento de contas. Nesse tópico, a desigualdade racial fica ainda mais evidente. A população negra recebe menos em todas as cidades e faixas de idade analisadas. Ainda, metade das pessoas com 50 anos ou mais diz ser difícil ou muito difícil pagar as contas com sua renda mensal.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) também evidenciam a desigualdade racial. A média salarial de pessoas brancas 50+ é R$ 3000. Já a maior média da população negra de 50 anos ou mais é R$ 1.724.
Essa disparidade também se reflete no acesso à internet. É possível dizer que o acesso da população negra é menor em todas as capitais, já que é necessário investimento financeiro para se manter conectado.
Crédito: Diego Cervo/shutterstock
Violência e saúde também são afetadas pela desigualdade racial
No quesito exposição à violência, a desigualdade racial mostra um cenário extremamente preocupante. Homens negros disseram ter sido ameaçados com arma de fogo ao longo da vida (21%). O percentual foi de 13% para homens brancos. No Brasil, 70% das vítimas de assassinato são negras. Os dados são de 2017, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Para pessoas com 50 anos ou mais, o acesso à saúde é um dos fatores mais importantes para a longevidade. Porém, é um dos mais desiguais. A pesquisa identificou que homens e mulheres brancas possuem mais garantias de atendimento, assistência médica e acesso a remédios. No sistema privado, pessoas brancas continuam sendo as mais beneficiadas.
De acordo com o raio-X do Cebrap, a desigualdade no acesso à saúde provoca diversos malefícios para a sociedade. Entre eles, a maior prevalência de doenças crônicas e desfechos negativos entre a população negra brasileira.
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