Mulheres já podem começar a pensar em abandonar o uso da pílula anticoncepcional e da tabelinha. O primeiro medicamento anticoncepcional masculino está prestes a ser lançado no mercado. Desenvolvido por uma equipe de cientistas indianos, o RISUG (Inibição Reversível do Esperma Sob Controle) será apresentado em formato injetável e terá duração de 13 anos. Ele vai possibilitar a reversão a qualquer momento.
A técnica já foi testada em mais de 300 voluntários. Os resultados foram enviados ao Controlador Geral de Remédios Indianos, departamento governamental responsável pela aprovação de medicamentos naquele país. A estimativa é que ainda demore entre seis e sete meses para que o produto receba todas as licenças necessárias à sua fabricação.
Para o urologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo Daher Chade, o produto é bastante promissor por ser o primeiro com alguma eficácia comprovada fora dos métodos hormonais conhecidos. Estes, segundo ele, são muito eficazes, mas apresentam uma série de efeitos colaterais e não conseguem atingir, nem de perto, os resultados dos métodos habituais de udo de preservativos ou a vasectomia.
"É um método promissor, mas ainda requer uma avaliação de fase 3, que é aquela fase final de estudo clínico", explica o urologista. "É nessa fase que se avalia a eficácia num grupo maior de pacientes".
Na opinião de Daher, o grande problema nessa área de atuação é que o risco de o medicamento em teste não se mostrar eficiente é muito grande. "Até o momento, esse método [RISUG] tem atingido próximo de 97% de eficácia. Isso é considerado relativamente baixo ainda em relação aos outros métodos contraceptivos, mas muito superior ao que se existia como pílulas contraceptivas para os homens", comenta.
O que é o RISUG?
Trata-se de um polímero que é aplicado uma única vez dentro do duto deferente (canal que sai do testículo e por onde passam os espermatozoides) com o objetivo de bloquear a espermatogênese por um período longo, estimado em 13 anos.
Para Daher, existem dois pontos positivos no novo método. O primeiro é que ele é reversível, podendo ser desfeito a qualquer momento. Outro motivo é não ser invasivo como a vasectomia, que exige um pequeno procedimento cirúrgico. Embora também seja invasivo, por precisar de uma anestesia local para aplicação desse polímero dentro do canal do testículo, o RISUG é um procedimento menor. Ele não exige nenhum corte na pele.
Mesmo se o método não se mostrar eficaz, poderá servir como precursor de outros produtos que virão no futuro e que não se utilizarão de hormônios, de acordo com o especialista.
"Atualmente, o que a gente tem a oferecer aos homens continua sendo a vasectomia ou o uso de preservativo", avalia. Aliás, por falar em preservativo, Daher adverte que, mesmo com a descoberta de um anticoncepcional masculino, o uso do preservativo deve ser mantido. Isto porque é a melhor prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis, as DSTs.
Tentativas de desenvolver um anticoncepcional masculino
Cientistas norte-americanos também trabalham no desenvolvimento de um anticoncepcional masculino em forma de pílula. Porém, ainda está em fase de testes. Feita para ser tomada uma vez ao dia, a pílula contém testosterona modificada. Ela combina as ações do androgênio (hormônio masculino) com a progesterona. O objetivo é impedir a produção de espermatozoides.
"Estão em estudo algumas drogas não hormonais que podem chegar no mercado nos próximos anos e essas são mais promissoras do que as que têm sido atualmente estudadas, que são essas hormonais", comenta o especialista. Daher explica que todas as tentativas de contracepção masculina com o uso de medicações baseadas em hormônio, normalmente associação de um hormônio feminino com anti-andrógenos (medicações que bloqueiam a ação da produção de hormônios e de espermatozoides), têm uma eficácia inferior aos métodos atuais de contracepção e com muitos efeitos colaterais a longo prazo.
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