O sexo costuma ser um tema cheio de tabus e, quando se trata de sexo entre idosos, o assunto se torna ainda mais difícil de ser falado abertamente. Porém, no livro “Mr. Loverman”, de Bernardine Evaristo, nada disso é um problema. Há uma perspectiva única e normalmente pouquíssimo tratada na obra: a vida de um homem negro, idoso e gay.

O protagonista de Mr. Loverman é Barrington Jedidiah Walker, uma figura encantadora e complexa, com um humor bastante diferenciado. Aos 74 anos, é autodidata e muito inteligente. Ele vive apaixonado, mas não é por sua mulher Carmel, que engana, mas por seu amante homossexual, Morris Courtney de la Roux.

O livro mostra que ambos já haviam tido um caso quando eram mais novos e que a história acabou crescendo ao longo da vida. A questão é que, agora na velhice, Morris deseja que Barrington viva com ele. Isso passa a ser algo complexo de se lidar, pois o divórcio também significa arriscar tudo que foi conquistado ao longo de décadas.

Foi após o casamento com Carmel, aliás, que Barrington, nascido no Caribe, migrou para Londres e fez fortuna. Formaram uma família e conquistaram muito conforto. Em Mr. Loverman, Carmel recorda o tempo todo o amor vivido precocemente com Barrington. Ela conta como se apoiaram, se amaram e sofreram de forma mútua em diversos momentos da vida.

idosa lendo romance Mr. Loverman que trata de sexo entre idososCrédito: AlexandrMusuc/Shutterstock

Mr. Loverman explora identidade, envelhecimento e sexo entre idosos de maneira sensível

A história complexa que aborda tantos sentimentos acaba explorando a realidade nada simples de muitos relacionamentos, o que traz muitas reflexões e dilemas. Trata-se de um livro que merece ser lido por uma série de questões, mas principalmente por tratar de temas delicados como o sexo entre idosos, envelhecimento e racismo. Mais que isso, a autora o faz de forma original e cativante, leve e bem humorada.

Outro ponto importante é que Mr. Loverman é uma ferramenta importante para estímulo da empatia e compreensão das diferenças. Isso é especialmente válido na terceira idade, quando os mais jovens parecem ter ainda menos entendimento dos desejos e vontades dos mais idosos.

A obra foi amplamente elogiada pela crítica e já recebeu diversos prêmios desde que foi publicada pela primeira vez, em 2014. Apenas agora, em 2024, foi traduzida para o português.

Obra Mr. Loverman dá voz para mais personagens

Algo interessante ao longo da narrativa é que a maior parte dela é feita em primeira pessoa, por Barry. Como no trecho a seguir em que ele fala sobre sua relação com Carmel. “Carmel deveria ser grata, Carmel deveria perceber que seu homem aqui é um dos bons. Porque ele vem voltando para casa, para sua cama, há mais de 50 anos. Tudo bem, tudo bem.. algumas vezes volta pela manhã, talvez à tarde.. ocasionalmente um ou dois dias podem passar”.

Mas Carmel também tem voz na história e pode contar, sob seu ponto de vista, como encara todos os sentimentos com os quais convive na fase do divórcio. Vale a pena ler Mr. Loverman para entender os diferentes pontos de vista e ganhar, provavelmente, um pouco mais de empatia pelas histórias alheias vividas ao longo da vida.


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