O queijo pode causar dependência. E mais: provocar reações no organismo semelhantes às da cocaína, revela um estudo realizado pela Universidade de Michigan, nos EUA.

Os pesquisadores identificaram que, além de ser rico em gorduras, um dos elementos que viciam, o derivado do leite também possui caseína, uma substância capaz de causar dependência. É ela que faz com que o queijo se assemelhe a drogas proibidas.


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O experimento, que tinha como objetivo mapear alimentos potencialmente viciantes, contou com 504 participantes, que responderam questionários sobre seus hábitos alimentares.

Depois, os cientistas aplicaram a Escala de Vícios Alimentares, elaborada pela Universidade Yale, para encontrar quais elementos causavam comportamento compulsivo. Para isso, caracterizaram o vício alimentar como a “perda do controle sobre o consumo, mesmo sabendo dos malefícios". Foi constatado que o queijo era o ingrediente mais viciante da pizza, prato que ficou em primeiro lugar na escala feita pelos pesquisadores.

Quanto queijo você come?

O consumo do queijo vem aumentando no Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq). Entre 1990 e 2013, o número de vendas cresceu 5 vezes, saltando de 205,5 milhões toneladas por ano para 1.032 milhões de toneladas.

Atualmente, cada brasileiro ingere, em média, 5,1 kg de queijo por ano. A estimativa da Abiq é que até 2030 o número chegue a 11 kg por habitante.

Apesar de expressivo, o aumento ainda não foi capaz de equiparar as vendas brasileiras às de países como França e Itália, onde a culinária utiliza constantemente o ingrediente. Nesses locais, o consumo pode chegar a 25 kg por habitante.

Para fazer trocas inteligentes

Especialistas afirmam que não é necessário tirar o laticínio da mesa. "É aquele clichê: o segredo de uma dieta balanceada é o equilíbrio, sempre. Assim como a maioria dos alimentos, o queijo também faz mal se consumido em excesso. Por ser bem concentrado em gorduras saturadas, ele pode causar doenças vasculares e até pressão alta, devido ao índice de sódio", explica Flavia Salvitti, nutricionista do centro hospitalar HSANP.

Cheddar, cream cheese e gorgonzola são as versões mais calóricas. Cada uma contém entre 70% e 80% de gordura em sua composição total. No estudo da Universidade de Michigan, os alimentos com maior teor de gordura foram frequentemente associados a comportamentos alimentares compulsivos. Explica-se: ela libera dopamina, um neurotransmissor que intensifica o desejo pelo alimento.

Aos que desejam consumir opções mais saudáveis, Salvitti sugere ricota, cottage e queijo minas frescal, que possuem um nível calórico menor, em comparação aos demais. Como a caseína é uma proteína derivada do leite, ela está presente até mesmo nas versões mais light de queijo. A nutricionista também indica a ingestão de outros laticínios, para garantir a quantidade mínima necessária de 1.000 mg cálcio por dia no organismo.

Leite, iogurte e derivados devem estar presentes na alimentação cotidiana. Eles auxiliam a manter a saúde dos ossos e dos dentes, prevenindo doenças como a osteoporose.

Para aqueles que querem cortar de vez o alimento viciante, Glaucia Justo, nutricionista da Policlínica Granato, aponta substituições saudáveis. Uma delas é o tofu, feito à base de soja, rico em proteína e pobre em gorduras totais. Para tornar o sabor mais agradável, a especialista aconselha prepará-lo com ervas, azeite ou condimentos. Iogurte de inhame, geleias naturais e pastas de castanha também podem ser utilizados para compor lanches mais benéficos.

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