“Eu era totalmente sedentário, trabalhava 12 horas por dia, tinha dois empregos e fumava dois maços de cigarro. Era obeso e, aos 50 anos, desenvolvi diabetes. Comecei a caminhar, parei de fumar. No ano passado, entrei para um grupo de corrida, aprendi a nadar e disputei minha primeira São Silvestre. Quebrei a resistência que eu tinha, minha saúde está ótima.”

O depoimento, do biólogo aposentado Antonio Mario Rodrigues de Almeida, 63 anos, comprova o discurso de médicos e professores de educação física: a capacidade de adaptação do corpo humano a novas rotinas é real e, para deixar o sedentarismo de lado, basta tomar coragem e dar o primeiro passo.

“Quem tem mais de 50 anos tem o benefício da paciência, da experiência e da persistência. Ao mudar de vida, é preciso buscar uma avaliação médica e um acompanhamento anual. Se estiver liberado, fazer uma evolução gradual, de caminhada para trote e de trote para corrida”, afirma Érico Caperuto, professor do programa de pós-graduação em ciência do envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu e professor dos cursos de fisioterapia, nutrição e educação física da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Como estamos no início do ano, é possível se programar para bater uma meta audaciosa: seguir os passos de Antonio e correr a São Silvestre neste 31 de dezembro.

“Há tempo suficiente, mas completar a prova é uma coisa e disputá-la de olho na performance é outra. Para fazer parte do segundo grupo, tudo depende do estilo de vida, se é alguém que é ativo, faz caminhadas frequentes”, diz o professor.

E emenda: “A primeira coisa a fazer é determinar as metas para o ano. Procurar um grupo de corrida ajuda, mas o básico é fazer um treinamento que comece com corridas de 5 km, depois 10 km e por fim 15 km, que é a distância da prova. A São Silvestre tem o diferencial da subida da [avenida] Brigadeiro [Luiz Antônio], o que exige treinamento específico”.

A psicóloga Patrícia Souto de Oliveira, 56 anos, que começou a correr há dois anos, está se preparando para enfrentar a Brigadeiro com a amiga Eliege Borges Caldas, 51 anos, administradora de empresas que entrou para o time dos atletas amadores em agosto.

“Temos uma planilha de treinos elaborada para o nosso perfil pelo nosso treinador. Vamos participar de uma série de provas, uma por mês, e fechar com a São Silvestre. A preparação é contínua”, diz Patrícia, que completa os treinos com pilates em dias alternados. Eliege avalia que é um novo desafio a cada treino. “A São Silvestre será o maior deles, pelo percurso ser difícil, mas também é uma grande festa e eu adoro festas.”

Uma vez que as corridas começaram, as mudanças positivas no organismo (aumento de capacidade respiratória, flexibilidade e resistência, por exemplo, além de perda de peso) começam a ser percebidas rapidamente. Em dois meses, o novo atleta já começa a correr de 7 km a 10 km, se bem orientado.

“Antes de iniciar os treinamentos, eu tomava remédios para controle da hipertensão. Após alguns meses, meu médico suspendeu os medicamentos”, conta Patrícia.

O técnico de corrida Vitor Carmona, da Enjoy Running, lembra de uma questão importante quando o tema é atividade física: o risco de lesões. “Em corridas de curtas distâncias, o atleta está menos suscetível a elas. Mas sempre é preciso fazer alongamentos e ter em mente que, com mais de 50 anos, a recuperação é mais lenta. A transição entre distâncias também deve ser natural, observando seus limites.”

Essa também é a dica do agora experiente Antonio, que, depois da São Silvestre, se prepara para sua primeira meia maratona, no meio do ano: “Não fique constrangido, não faça nenhum esforço exagerado. Tenha a consciência de que você está começando e curta as provas. Sempre vai ter alguém te estimulando. Correr cansa, mas é muito feliz”.


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