Se você é uma daquelas pessoas que dizem “não tenho mais idade para isso”, chegou a hora de rever esse conceito. Uma pesquisa da Universidade Yale, nos EUA, concluiu que o exercício físico retarda o envelhecimento. Mais especificamente, entre corredores, que concorrem em eventos de 5 km e em maratonas, o declínio físico relacionado à idade é lento até os 80 anos e improvável de começar antes dos 40 anos.
O estudo foi feito com corredores e maratonistas, mas a lógica se aplica a gente como a gente. A comerciante Luciane Aparecida Tolardo Pucci, 55 anos, é prova disso.
Ela começou a se exercitar há 10 anos. Hoje, de segunda a sexta, vai à academia, onde faz musculação, spinning, pilates, natação e hidroginástica – sem falar do grupo de corrida aos domingos.
Se ela nota que o exercício físico retarda o envelhecimento? “Eu me sinto com muito mais disposição. O exercício me deu suporte para tudo o que faço hoje”, garante.
O educador físico Antônio Marcos Oliveira Nunes, 45 anos, explica que o declínio físico relacionado à idade está associado à perda de massa muscular, que começa por volta dos 40 anos. Segundo ele, a curva é mais acentuada para os inativos e sedentários.
Ele concorda com a conclusão dos pesquisadores de Yale, mas faz uma ressalva: “Não vi o estudo completo, mas, provavelmente, os corredores avaliados também praticam musculação, que é o que possibilita manter massa”.
Integrante por quase cinco anos de um grupo de pesquisa do Hospital das Clínicas de São Paulo sobre os efeitos da musculação no envelhecimento, Marcos afirma que, além de manter a musculatura ativa, o exercício melhora a qualidade do sono e a circulação sanguínea, reduz o índice glicêmico, fortalece as artérias de dentro para fora e diminui a probabilidade de hipertensão, as dores e o cansaço. “Isso tudo desacelera o declínio físico”, diz ele.
Já se convenceu de que é possível, sim, manter suas habilidades com o passar do tempo? Então, confira as dicas da comerciante e do educador físico, que também é especialista em treinamento resistido e fisiologia do exercício na saúde, na doença e no envelhecimento.
Organize a sua agenda
Cada pessoa tem uma rotina, mas é essencial encaixar a atividade física nela. Luciane, por exemplo, trabalha de segunda a sábado, mas acorda às 5h para ir à academia. Caso a sua vida seja muito corrida, saiba que 40 minutos de musculação, duas vezes na semana, já faz muita diferença, como diminuir a chance de infarto ou derrame.
Nunca é tarde
Passou dos 40 e sempre fugiu dos exercícios físicos? Isso não te impede de começar agora mesmo. “O segredo é não achar que, pela idade, você não está apto a praticar uma atividade. Vá de acordo com a sua disposição”, recomenda ela, que acrescenta à sua receita de sucesso dois ingredientes: foco e determinação.
Problema de saúde não limita, impulsiona
Marcos revela que recebe muitos alunos sedentários, acima do peso, com colesterol alto, diabetes e problemas de pressão e de coluna, entre outras patologias. E diz que nada disso impede a prática de exercícios físicos. Luciane, por exemplo, começou a praticar esportes com uma hérnia de disco na região lombar. Dez anos depois, tornou-se apaixonada por atividades físicas, que, para ela, fazem bem ao corpo e à alma.
Caminhar, correr ou fortalecer?
Caminhada e corrida ajudam em muitos aspectos. Mas, segundo Marcos, pesquisas relacionadas ao envelhecimento se referem à musculação como o principal exercício. Entenda:
- Caminhar não evita a perda nem gera ganho de massa muscular;
- Correr ajuda a manter a massa muscular apenas dos membros inferiores;
- Tanto a caminhada quanto a corrida não são indicadas para pessoas com artrose no joelho ou próteses de quadril, por exemplo. Assim como pedalar, essas atividades podem piorar esses e outros quadros;
- A musculação fortalece os amortecedores das articulações, que são os músculos, e melhora a força, a velocidade de caminhada e até atividades corriqueiras, como sentar e levantar de uma cadeira ou pegar uma criança no colo.
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