Ao acordar pela manhã, a contadora Vicenza Gonçalves, 51 anos, levou um susto no espelho. “Meus cílios estavam grudados pelo excesso de remela”, conta. Nos outros dias, novos problemas foram aparecendo: “Um ardor, uma coceira e uma sensação de areia nos olhos, muito vermelhos, me levaram a buscar ajuda médica”. Diagnóstico: síndrome do olho seco.
“Quem passa muitas horas diante de um computador está mais vulnerável”, explica Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, de São Paulo. Nos quadros mais graves, além dos sintomas apresentados por Vicenza, “também há intolerância à luz, dificuldade de movimentar as pálpebras e maior produção de muco, resultando em remela”.
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Segundo o especialista, a baixa umidade relativa do ar – quadro atual de muitas cidades brasileiras –, os altos índices de poluição, o vento e o ar-condicionado também podem agravar o quadro de olho seco. O excesso de remela nos olhos também pode ser resultante de uma conjuntivite, “condição altamente contagiosa causada por alergia, bactéria ou vírus”.
A partir dos 50 anos de idade, ressalta, “algumas pessoas notam acentuada diminuição de produção de lágrimas, quer seja pelo próprio envelhecimento, quer seja por fatores externos ou internos – como consequência de alguns medicamentos de uso contínuo”. “Mas a produção acentuada de muco pode acontecer em qualquer idade, a rigor.”
Por Elena Yakusheva/Shutterstock
O que é remela?
Remela nada mais é do que sobra de lágrima que se cristalizou durante o período em que a pessoa permaneceu de olhos fechados. A rigor, o filme lacrimal é formado por água, sais minerais, proteínas e gordura, com a função de lubrificar, limpar e proteger o olho.
Podemos ainda desmembrá-la em três partes:
- uma camada líquida, carregada de sal, proteínas e outros componentes;
- uma camada de muco, geralmente carregada de partículas de poeira;
- uma camada gordurosa, mais externa, que ajuda a prevenir a evaporação da lágrima na superfície do olho.
A produção de lágrima é constante. Mas vale a pena ressaltar que, assim como acontece com a saliva, com o passar do tempo as pessoas podem notar uma diminuição na produção de lágrimas. Já a remela – que nem todo mundo produz o tempo todo – é mais notada pela manhã ou depois de longos períodos de descanso com os olhos fechados, justamente por se tratar de um excedente de lágrimas que se cristalizou, explica o oftalmologista.
Como limpar o excesso de remela nos olhos?
A melhor forma de limpar é lavando com água corrente, abundantemente. Em caso de produção excessiva de remela, o paciente poderá fazer uso de uma gotinha de xampu neutro ou soro fisiológico. “Sempre com as mãos limpas. Caso contrário, o olho poderá ser contaminado e agravar o quadro”, alerta Neves.
Caso a pessoa sinta-se mais segura fazendo uso de uma gaze ou um pad de algodão, deve reservar um para cada olho. “Jamais deve-se usar o mesmo acessório nos dois olhos. Isso evita que o olho bom seja contaminado – já que os problemas oculares nem sempre atingem os dois olhos de uma só vez.”
Como tratar?
Ao primeiro sintoma de que algo não vai bem com sua visão, agende uma consulta com o oftalmologista. “O principal problema da automedicação é o agravamento de um quadro que a pessoa não tem condições de diagnosticar por conta própria. O uso de colírios sem prescrição médica, por exemplo, leva muitos pacientes às clínicas oftalmológicas por causa de problemas que poderiam ter sido evitados. Com olho não se brinca!”, finaliza o especialista.
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