Já foi pior, mas o preconceito ainda existe. Há homens que continuam a se esquivar do exame de próstata. “Eles morrem de medo de fazer [toque retal]. Há um tabu imenso”, destaca o especialista em andrologia Carlos Augusto Araujo, diretor-presidente do Instituto Paulista. “Existe certo receio, sim”, corrobora o urologista Wagner Raiter, membro da Sociedade Brasileira de Urologia.

Segundo Raiter, outro fator impede os homens de procurarem o médico: o temor de alguma alteração na glândula, como um câncer. “Adiar não é a melhor medida. Você não esconde a doença de si mesmo. Se, de fato, houver um tumor, o homem vai continuar a sofrer tudo, de maneira até pior [já que a doença pode se propagar].”

Conheça, a seguir, as dez principais dúvidas de homens em relação ao câncer de próstata – de exames, passando por diagnóstico até tratamentos. E, por que não, aproveitar o Novembro Azul, mês de conscientização da doença, para agendar o exame anual?

A partir de que idade é indicado começar a fazer os exames?

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens com 50 anos de idade ou mais procurem um profissional especializado. Pessoas com histórico familiar de câncer de próstata devem começar aos 45 anos, segundo a instituição.

Como é a primeira consulta com o médico especialista?

Em geral, ele faz a anamnese, coletando dados como histórico familiar e pregresso do paciente. Há quem peça primeiro os exames de sangue – que podem incluir colesterol e glicemia – e ultrassom para, no retorno, fazer o exame de toque retal.

O exame de toque retal dói?

“Não. É usado anestésico local para diminuir o desconforto”, destaca Araujo. “Tem mais: ele não interfere na masculinidade.”

O que é o Teste PSA?

É um exame, feito a partir do sangue, que tem a capacidade de identificar alterações na próstata. O PSA é uma proteína produzida pela glândula, responsável pela liquefação do sêmen. “Doenças benignas e tumores malignos da próstata podem provocar o aumento dessa proteína no sangue. Contudo, os níveis de PSA tendem a aumentar com o avançar da idade”, informa o INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva).

Raiter acrescenta que um PSA baixo não significa ausência de câncer, assim como um alto não necessariamente é sinal da doença.

Pode-se abrir mão do exame de toque retal e fazer apenas o PSA e o ultrassom para identificar um tumor?

Não. O exame de toque permite verificar a consistência, o endurecimento e a presença de nódulos na próstata. Essa é uma das ferramentas importantes que os médicos dispõem para diagnosticar o câncer.

Quais são os sintomas de câncer de próstata?

No início, a doença não dá sinais – é por isso que os médicos insistem na necessidade de acompanhamento periódico. Com o tempo, podem surgir sintomas como diminuição do jato urinário, gotejamento após a micção, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga e micção em dois tempos. Podem ainda surgir aumento da frequência urinária, urgência de urinar e incontinência urinária.

Num estágio mais avançado, o homem pode sentir dor pélvica, ter inchaço escrotal, apresentar sangue na urina e sentir dor lombar e inchaço nas pernas.

Quais são os tratamentos disponíveis?

Cirurgia, radioterapia, observação vigilante (na qual a doença é somente monitorada) e terapia hormonal.

Os tratamentos podem causar impotência e incontinência urinária?

Podem, mas há diversos tratamentos para elas – vão desde medicamentos orais e injetáveis até próteses e dispositivos. Há ainda possibilidade de intervenção cirúrgica.

O câncer de próstata é comum?

O INCA estima 61.200 novos casos da doença neste ano. É o mais incidente entre os homens, após os tumores de pele não melanoma, em todas as regiões do país.

Qual é a influência da genética nos casos da doença?

Segundo o INCA, “pai ou irmão com câncer próstata antes dos 60 anos pode aumentar o risco de se ter a doença de 3 a 10 vezes comparado à população em geral, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias”.

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