Já pensou em retardar a menopausa e ter, aproximadamente, 20 anos a mais para curtir a vida sem aqueles indesejáveis sintomas que essa fase costuma trazer? Pois essa tem sido a promessa da ProFam, uma clínica localizada no Reino Unido especializada em fertilidade feminina.
De acordo com Simon Fishel, um dos fundadores da clínica e pioneiro da técnica de fertilização in vitro, a técnica consiste em remover e congelar uma parte do tecido ovariano para que seja reimplantado quando a mulher está prestes a entrar na menopausa. Com isso, o organismo é estimulado a continuar produzindo estrogênio e progesterona, hormônios que são interrompidos na menopausa, e as mulheres continuam a ovular e a ter períodos férteis.
Menopausa e fertilidade
O médico especialista em reprodução humana Igor Dutra, da Clínica Origen Rio, explica que a menopausa é caracterizada pela última menstruação da mulher e marca o fim da sua idade reprodutiva. “A partir desse momento, não haverá mais a menstruação, como acontecia antes dos 45 ou 50 anos, mais ou menos”.
A técnica usada pelo ProFam consiste em remover, por meio de uma cirurgia que dura, em média, meia hora, aproximadamente um terço do córtex do ovário, região rica em folículos que dão origem aos óvulos. O tecido é dividido em "tiras" e congelado para ser reimplantado no futuro. Cada tira, ao ser reimplantada, pode retardar a chegada da menopausa em até sete anos.
Dutra conta que a técnica já é usada há tempos com o objetivo de preservar a fertilidade em mulheres que passam por tratamentos oncológicos. “Os médicos retiram uma parte do córtex do ovário, que é onde ficam os folículos primordiais que vão dar origem a óvulos, e congelam. Isso vai fazer com que essas células fiquem preservadas no decorrer do tempo. Depois, esse tecido é reimplantado nessa mulher para que, através de um estímulo hormonal, ela produza óvulos e esses óvulos sejam captados com intuito de viabilizar uma gravidez por técnica de reprodução assistida”, comenta o especialista.
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O objetivo da ProFam é fazer com que a mulher que está prestes a entrar na menopausa não tenha a necessidade de usar hormônios sintéticos para se manter com os níveis hormonais de uma mulher em idade reprodutiva, evitando as repercussões características da menopausa, como baixos níveis de estrogênio, ressecamento de pele e ressecamento vaginal, ondas de calor, entre outras.
“Não é um tratamento inovador”, destaca Dutra. “A criopreservação de tecido ovariano nada mais é do que tentar fazer com que essa mulher postergue a menopausa, reimplantando esse tecido ovariano e que ele comece a produzir os hormônios de forma natural, endógena”.
Ainda em fase de testes
Dutra destaca que essa técnica ainda é considerada experimental, pela ausência de uma comprovação científica robusta, e que oferece riscos.
“Essa mulher será submetida a dois procedimentos cirúrgicos, um para fazer a coleta do tecido ovariano, normalmente por videolaparoscopia, e outro para o reimplante”, aponta o especialista. “A cirurgia, em si, tem seus riscos, anestésicos e cirúrgicos”.
Contudo, o congelamento continua sendo uma técnica considerada segura pelos médicos. “Dificilmente esse tecido se perderá após o descongelamento”, garante Dutra.
Crédito: Jomwaschara Komvorn / Shutterstock
Ele ainda alerta que a retirada de um pedaço de tecido ovariano poderia levar à redução da fertilidade da mulher, por provocar uma perda da reserva ovariana. Mas não anteciparia a menopausa, pela existência de um segundo ovário.
“O que, na verdade, acontece é a diminuição do potencial de fertilidade dessa mulher, por causa da retirada desse tecido ovariano”, explica o especialista.
Técnica deve chegar ao Brasil em 2020
Fishel conta que a ProFam planeja abrir uma filial no Brasil já em 2020.
A cirurgia custa aproximadamente 7 mil libras esterlinas (35 mil reais), mais os custos do implante, que ficam em torno de 4 mil libras (20 mil reais) e os custos de conservação de tecidos, de pelo menos 100 libras por ano (quase 500 reais).